Com a chegada do verão, viajar é a melhor opção para fugir do trabalho, do dia a dia e do estresse. Mas, para algumas pessoas, pegar avião, fazer longos trajetos de carro ou ônibus e até mesmo passeios de barco pode se tornar uma tortura, por causa do risco de trombose ou do desconforto do enjoo. Médicos explicam que viajar não precisa ser sinônimo de penação.
De acordo com especialistas, viagens com mais de seis horas aumentam os riscos de trombose, que é a formação de coágulo sanguíneo em uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas. Ele bloqueia o fluxo de sangue, causando inchaço e dores na região.
As tromboses têm causa multifatorial, mas alguns pacientes apresentam maior propensão para o seu desenvolvimento. Entre eles estão aqueles com mais de 65 anos, obesos, tabagistas, pacientes com doenças oncológicas, pessoas em pós-operatório, gestantes, portadores de trombofilias (tendência ao problema) e com histórico de trombose anterior.
Para tornar as longas viagens mais confortáveis, é bom seguir algumas dicas. Usar meias de compressão, manter boa hidratação e se movimentar a cada duas ou três horas (levantar-se, caminhar) são importantes formas de prevenção. Cuidados simples, mas importantes.
Quem já faz uso anticoagulantes prescritos por médicos está mais protegido em relação à ocorrência de novos eventos de trombose, mas isso não impede de seguir estas orientações.
Deve-se suspeitar de trombose em casos de dor ou inchaço nas pernas, especialmente quando for assimétrico (apenas em um dos membros) ou quando houver alteração da coloração de pele das pernas e pés. Nesse caso, deve-se procurar o médico imediatamente. O exame de ultrassom Doppler venoso auxilia na confirmação do diagnóstico.
O tratamento clássico envolve o uso de anticoagulantes por período prolongado. Em algumas situações muito específicas, pode haver indicação de aspiração do coágulo (trombectomia).
Viagens de carro, avião ou barco provocam enjoos em muitas pessoas. Isso não é normal. Enjoo é sintoma de cinetose, a doença do movimento. Especialistas explicam que a cinetose é causada por um conflito sensorial que ocorre quando a pessoa está em um carro, avião ou barco, e o labirinto (região da orelha interna ligada à audição, noção de equilíbrio e percepção de posição do corpo) sente que ela está se movimentando, mas os olhos estão vendo tudo parado, especialmente quando a atenção está voltada para algo parado dentro do veículo. O conflito de sensações gera o enjoo.
Entre os sintomas da cinetose estão a palidez, o suor frio, sensação de queda de pressão arterial e a náusea. De acordo com especialistas, eles são normais quando todos que estão na mesma viagem passam mal, mas quando apenas uma pessoa sente o desconforto, isso pode significar um problema.
A cinetose primária ocorre muito em crianças no banco de trás do carro, elas são mais sensíveis ao conflito sensorial. Mas há a secundária, quando se trata do sintoma de outro problema, como enxaqueca ou doenças do labirinto.
Deve-se procurar o médico otorrinolaringologista. Quando a causa é secundária, basta tratar a doença que originou a cinetose, e os sintomas diminuem ou até desaparecem. Quando a causa é primária, o médico vai investigar o motivo e iniciar o tratamento.
Recomenda-se, por exemplo, a reabilitação vestibular, com repetição de movimentos que “ensinam” o labirinto a sentir pequenas tonturas no dia a dia, deixando o organismo mais resistente às náuseas.
A seguir, veja dicas para minimizar os efeitos do enjoo em viagens:
Não se sente no banco de trás, porque é onde há menos oportunidade de acompanhar o trajeto, o que causa o conflito sensorial e, consequentemente, enjoo. No banco da frente, pode-se acompanhar os movimentos do veículo.
Não mexa no celular ou leia um livro. Deve-se acompanhar os movimentos com os olhos.
Não viaje com estômago cheio. Recomenda-se comer coisas leves antes da viagem.
Quando já há acompanhamento médico, a pessoa deve usar o remédio prescrito antes da viagem para prevenir o enjoo.
Se o enjoo persistir, procure o otorrinolaringologista.