Janeiro é o mês de conscientização das pessoas para a saúde mental. O início do ano é sempre marcado pelo surgimento de projetos, sonhos e anseios para uma nova estação. Simultaneamente, assomam-se as obrigações, como pagar contas, matricular os filhos na escola, refazer as metas que não foram atingidas no ano anterior, e tudo isso requer habilidades emocionais para lidar com tantas demandas e expectativas.
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Mulher de Lula chega com força totalSer mãe não é vontade geralO tamanho da sua testa incomoda? Frontoplastia pode ser a solução Brasil lidera o ranking da depressão e ansiedade na América LatinaCirurgia plástica pode ser feita no verão, mas com os devidos cuidadosBrasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial da hanseníaseObesidade está entre as causas do câncerPensando nisso, foi criada em 2014 a campanha Janeiro Branco, pioneira no país. Para Andrea Chaves, psicóloga e especialista na área de saúde mental, a campanha é dedicada a convidar as pessoas a refletirem sobre as suas particularidades, o sentido e o propósito da sua existência, a qualidade dos seus relacionamentos interpessoais e, até mesmo, o seu nível de autoconhecimento.
A partir daí, cria questionamentos e conscientização a respeito de emoções, pensamentos e formas comportamentais para lidar com cada esfera da vida de maneira saudável. O propósito é evidenciar temas da saúde mental no mundo, voltando os olhares à prevenção do adoecimento psicológico da humanidade.
Mensagens e reflexões
“Durante o Janeiro Branco, psicólogos e outros profissionais da saúde se mobilizam para levar mensagens e reflexões aos indivíduos e às instituições que possuem relacionamento direto com a sociedade. ‘Quem cuida da mente cuida da vida’, ‘quem cuida das emoções cuida da humanidade’, ‘quem cuida de si já cuida do outro’, ‘sem psicoeducação não haverá solução’, ‘autoconhecimento: isso também tem a ver com a sua saúde mental’ são alguns exemplos já divulgados para chamar a atenção de todos para que cuidem de si e dos outros, além de ressaltar a importância das lutas por políticas públicas voltadas para a saúde coletiva”, afirma Andrea.
A saúde mental tem relevância por estar entre as demandas que mais afetam a população, especialmente pessoas em idade produtiva. Cerca de 50 milhões sofrem com algum tipo de transtorno, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, relativos ao ano de 2021. Os diagnósticos são variados: depressão, transtornos de humor, déficit de atenção, ansiedade, entre outros, afetando também outras faixas etárias, incluindo crianças e idosos.
Tabus
“Outro fator relevante são os tabus, por parte da população, em procurar um psiquiatra ou um especialista em psicologia”, explica Chaves, ressaltando também que os países com investimentos em psicoeducação tiveram as suas taxas de suicídio reduzidas e lembrando, ainda, que a depressão é o maior diagnóstico associado ao comportamento suicida.
A especialista ressalta que, diferentemente do que a maioria imagina, não existe um único fator que seja a causa de crises enfrentadas pelas pessoas, mas uma série de condicionantes, como fatores biológicos, sociais, emocionais e, segundo Andrea, até mesmo, espirituais, que estão relacionados às crenças que as pessoas possuem.
Em virtude de todas essas condicionantes, a profissional chama a atenção para alguns aspectos, como a importância de não categorizar os sentimentos, não julgar se o sofrimento do outro é certo ou errado, não associar transtornos psiquiátricos à fraqueza ou à falta de fé. “O comportamento mais assertivo é incentivar as pessoas a buscarem ajuda especializada e tratamentos, acompanhando-as durante o período”, destaca. O Estado conta com vários serviços públicos e as faculdades possuem clínicas-escolas, que também oferecem auxílio à população.
Entre as medidas que os profissionais e os órgãos responsáveis aconselham, estão as relacionadas ao amparo do paciente, à família e aos amigos, essenciais para que o tratamento tenha êxito. Estar bem consigo mesmo e com qualquer outro indivíduo, entender os desafios da vida, saber lidar com todas as emoções e buscar ajuda quando necessário são outras recomendações que ajudam a manter a qualidade de vida.
“Rede de apoio familiar e de amigos, prática de atividades físicas, cultivar hobbies, ter algum tipo de fé e praticá-la. São bons condutores para qualquer pessoa cuidar das suas emoções”, diz a profissional. Portanto, é necessário que cada um se atente às suas necessidades e limitações, avaliando o que serve de apoio e o que ajuda a trazer equilíbrio e bem-estar emocional para garantir uma vida mais saudável, madura e longeva.