Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Reconstituição dos seios é fundamental no tratamento do câncer de mama

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Nova portaria do Ministério da Saúde aprova recursos de R$105 milhões para o procedimento de reconstrução mamária, por meio do SUS, destinado a mulheres mastectomizadas, ou seja, submetidas à retirada do seio para o tratamento do câncer de mama.




 
De acordo com a médica Lydia Masako Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, trata-se de iniciativa de grande impacto social, pois quem se submete a esta operação tem a qualidade de vida comprovadamente melhorada.
 
“A reconstrução mamária é fundamental para restabelecer as integridades física e emocional da paciente após o trauma. Sabemos, inclusive, que o acesso a essa cirurgia aumenta a adesão das mulheres a tratamentos contra o câncer”, informa Lydia.
 
Cerca de 20 mil brasileiras estão na fila de espera para se submeterem à reconstrução mamária na rede pública. O número é preocupante, pois a incidência desse tumor no país é crescente. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, só em 2022, foram mais 66 mil novos casos – taxa que demonstra a magnitude do problema.




 
A nova portaria explicita a preocupação com o tema. Desde 2018, a reconstrução mamária pós-mastectomia, garantida pela Lei 13.770, pode ser exigida por pacientes de mastectomia.
 
A cirurgia de reconstrução ocorre logo depois da retirada do tumor, quando há condições técnicas. Caso não seja possível realizá-la imediatamente, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantido o procedimento quando apresentar as condições clínicas necessárias.
 
O protocolo mais utilizado prevê cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia. Em alguns casos, a quimioterapia pode ser administrada antes, mas mesmo assim a cirurgia tem de ser feita, afirma o médico Alexandre Piassi, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
 
“Mesmo quando o tumor desaparece após a quimioterapia neoadjuvante, a conduta é realizar a cirurgia e retirar os tecidos da região afetada pela doença, com uma margem de segurança”, explica.




Quem não conseguir fazer a cirurgia de reconstrução imediatamente deve esperar um período. “A quimioterapia costuma durar seis meses e a radioterapia, um mês. Só após oito meses da finalização das sessões de radioterapia é indicada a cirurgia, pois durante esse período a cicatrização fica prejudicada”, completa o especialista.
 
O procedimento depende de vários fatores, entre eles o tamanho da mama, a localização e o tipo do tumor e a modalidade de operação realizada pela equipe de mastologia. A seguir, confira as cirurgias mamárias mais realizadas:
 
. Mastectomia poupadora de pele
O tumor é removido e quase todo tecido mamário também, porém a pele da mama é poupada.

. Cirurgia conservadora
Um quarto ou menos da mama é retirado, dependendo da característica do tumor.

. Mastectomia não poupadora de pele
É extraída a mama em sua totalidade, tumor, parênquima mamária (conjunto de células responsáveis pela função de determinado órgão) e uma porção grande da pele. A reconstrução da mama é realizada para restabelecer a forma estética. Restauram-se o volume e o formato e, após um período (de três a seis meses), é realizada avaliação para verificar se serão necessários reparos como um enxerto de gordura, por exemplo.




 
Para a reconstrução da mama, o volume é reconstituído com implantes de silicone ou retalhos. Para a área dos mamilos, muitas vezes se recorre à tatuagem, que traz resultados bem satisfatórios.
Mulheres de qualquer idade podem fazer a reconstrução. Só há contraindicações para casos clínicos graves, como problemas cardíacos, casos de obesidade ou doença muito avançada.
 
“Há estudos científicos que comparam a retirada da mama com a mutilação genital no homem. A reconstituição mamária ameniza essa perda, resgatando a dignidade, a autoestima e a qualidade de vida da mulher. Por isso, a cirurgia plástica é importante no tratamento global do câncer de mama”, conclui o doutor Alexandre Piassi.