Faço praticamente todas as compras da casa. Na única vez em que quis aproveitar a novidade e resolvi comprar pelo computador, levei o maior ferro. Os pedidos vieram todos desencontrados – como não mandei as marcas dos produtos, só recebi o que não comprava nunca. Na esperança de ganhar a freguesia, a escolha era mais do que aleatória se o total da compra fosse menor.
Os tempos foram passando e a soma das compras, sempre as mesmas, foi crescendo. Resolvi juntar algumas fichas de caixa para comparar os resultados. A partir de uma certa comparação, deixei esse problema de lado. Por exemplo: em abril de 2017, o resultado chegou a R$ 641,07. Naquele mês, um vidro de óleo de girassol custava R$ 6,75.
Em julho do mesmo ano, a soma bateu R$ 903,10. Com alguns preços menores, como, por exemplo, o óleo de milho, que tinha baixado para R$ 6,39.
Na última segunda-feira, fui fazer minha compra mensal ajudada pela nova cozinheira, que percorreu cuidadosamente a despensa e limpou da lista os itens que eu comprava aleatoriamente, pensando que talvez pudesse precisar deles.
Completei as compras do mês morrendo de cansada, com os itens normalmente comprados reduzidos, pois alguns já tinham sobrado do mês anterior. Levei o susto que se tornou habitual nestes tempos: a soma ultrapassou os R$ 1,8 mil.
Itens normais de uma cozinha caseira haviam simplesmente dobrado de custo. Vale lembrar: nestas compras não entraram o bacalhau de sempre, que está custando mais de R$ 180 o quilo, queijo parmesão, bacon, filé e enlatados.
Com a nova realidade em que vivemos, aprendi uma política que acho essencial para a boa sobrevivência. Só compro o que posso pagar, não compro nada para pagar de mais vezes. Como sou eu que faço as compras, faço também a análise. Por exemplo: se um vidro de palmito está com o preço lá no alto, para que comprar? Palmito é ótimo numa salada ou prato quente. Mas podemos ter ótima salada e prato quente excelente usando outro produto, mais barato.
Faço o mesmo quando vou comprar frutas e legumes. A avaliação fica mais fácil, porque os produtos são quase todos da estação. Se a manga ubá chega com preço muito alto, espero baixar. Não compro frutas que custam caro em determinados locais, mas são mais baratas no caminhão da esquina. O abacaxi é um bom exemplo. Na mercearia e no supermercado, custa sempre o dobro.
Outro lance que aprendi foi fazer lanche à noite em lugar do jantar tradicional. Quando meu marido era vivo, fazia questão de jantar, com carne e sobremesa. Como a idade está me levando a comer sempre menos, qualquer coisa me satisfaz.
Depois da queda que fraturou minha coluna, aprendi a tomar suco de fruta natural. Gostei bem, porque alimenta e não força o estômago. Até suco de manga é legal, alimenta bem. E o custo da fruta pode variar de um lugar para outro. Na mercearia, a manga é sempre mais em conta. Vale comprar mesmo as mais maduras, que ficam bem na geladeira.
O que atormenta muito é se prender a cardápios tradicionais. Assim como acontece com a vida, a mesa fica mais leve quando é bem administrada.