Na semana passada, saí da minha reclusão e fui com Isabela Teixeira da Costa visitar a loja de decoração floral de Denise Magalhães, que conheço há anos, desde que ela veio de Caxambu abrir uma boutique de flores na capital.
Enfrentou os preconceitos logo de saída: montou seu projeto numa garagem desocupada na Rua Antônio de Albuquerque e só trabalhava com flores desidratadas.
Eu tinha ido à Elle et Lui, aquela casa fantástica que veio do Rio (e fechou aqui primeiro, depois lá), quando passei a pé por aquela garagem. É claro que não resisti, entrei para bisbilhotar e meu queixo caiu com o que vi. Na loja, estava tudo que o bom gosto consegue fazer como novidade e sem exibicionismo.
Fiquei maravilhada. Como no mês seguinte era aniversário do meu marido, encomendei logo vários arranjos e potes de cerâmica. Assim foi feito. Uma das convidadas do jantar, Latife Pereira, mulher do governador Francelino Pereira, apaixonou-se pelo trabalho da então florista desconhecida. Quis logo entrar em contato com ela, planejava usar arranjos de Denise nos dois palácios que provisoriamente ocupava.
Adorei a ideia, que acabou murchando: as leis palacianas não permitiam tanta liberdade. Mas a partir de muitos comentários, o bom gosto da florista só fez crescer, contratada para várias recepções e festas, sempre usando flores naturais. Sua fama foi correndo a cidade, ela se mudou da Savassi, passou por alguns endereços e atualmente ocupa uma grande loja em Lourdes.
A Verde que te quero Verde – vejam o bom gosto do nome, poesia famosa de García Lorca – levou esta artista a ocupar um espaço profissional vago na cidade, em outras cidades, capitais e até fora do país.
A fama de Denise estava tão consolidada como artista floral que ela tirava de letra um dos principais problemas da profissão: criar o belo sem se ligar à escolha da cliente. Montava suas belezas e quando o cliente recebia cumprimentos pela decoração, não tinha nada mais a fazer do que concordar com ela.
O sucesso que a levou a abrir a nova Verde na Rio de Janeiro está fazendo com que se mude para loja própria, um prédio de três andares em final de construção no Belvedere, onde ela vai ampliar tudo com o que trabalha: além da decoração floral, peças lindamente escolhidas para casas de todos os estilos. Terá também um café para que os visitantes se alimentem com gosto.
Ganhei a tarde em ir à sua loja. O tema da páscoa está em todos os andares, figuras de coelho em todas as situações e em todas as companhias, ovos dourados ou coloridos em arranjos fantásticos e coroas e mais coroas daquelas usadas no Natal, que vão completar a data da ressurreição de Cristo desde a entrada das casas.
Outro lance é a cúpula de vidro, onde está colocada a figura de coelho de uns 30cm, que parece um bolo ou biscoito muito bem-feito, glaçado de “açúcar”.
As figuras variam, mas cada coelho-bolo é uma graça pascoal. Para apreciar toda a variedade de propostas, é preciso ficar um tempo na Verde. Vale a pena.