“Minha vida se transformou. Foi um renascimento.” “Agora consigo trabalhar, praticar esportes e ter qualidade de vida”. “Não preciso mais tomar medicamentos contra o diabetes do tipo 2”. Essas são declarações de pacientes depois da cirurgia bariátrica. Todos tinham diagnóstico de obesidade e histórico de tratamentos sem êxito.
Leia Mais
Ação preventiva é fundamental para diagnóstico precoce de doenças femininasTemporada de calor exige atenção redobrada a inchaço em braços e pernasBrasileiras apontam privilégios masculinos no mercado de trabalhoTomar refrigerante prejudica a saúde dos ossos? Especialista respondeGrande amizade, só agradecimentoCalvície atormenta os homens. Confira verdades e mitos sobre o problemaO Brasil é um dos países com as mais altas taxas de obesidade no mundo. São mais de 41 milhões de brasileiros obesos. Além de reeducação alimentar, uso de medicamentos e mudanças de hábitos, a cirurgia bariátrica e metabólica é uma opção para obesos graves. O procedimento é indicado para pacientes com IMC (índice de massa corporal) fora do padrão ideal e quando outros tratamentos disponíveis falharem. O IMC é o peso dividido pela altura ao quadrado.
De acordo com o médico, desde que tenham doenças associadas ao excesso de peso, como o diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), pessoas com IMC de 35 também podem ser submetidas ao tratamento cirúrgico. Já os pacientes com IMC acima de 40 podem ser operados mesmo que não tenham doenças relacionadas.
Segundo o profissional, que tem mais de 20 anos de experiência na área, a cirurgia bariátrica evoluiu e é reconhecidamente segura e eficaz, levando a menores tempos de internação e riscos de complicações.
Na luta contra a obesidade, os procedimentos cirúrgicos são os mais satisfatórios, com 25% a 30% de perda de peso total a longo prazo, segundo estudo recente publicado no periódico "The Lancet" por pesquisadores brasileiros e de outros países.
Hoje, o procedimento é minimamente invasivo e realizado via videolaparoscopia, técnica que consiste na redução de estômago realizada de forma mais precisa. No procedimento, o cirurgião utiliza microcâmera para visualizar e ter acesso ao estômago do paciente. Nesta modalidade são feitas de quatro a sete incisões de 0,5 a 1,2cm cada uma, por onde são introduzidas as cânulas e a câmera de vídeo.
É feito então o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento. Também é feito um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome.
Para Berti, a cirurgia bariátrica não deve ser vista como a solução mágica que faz com que as pessoas emagreçam sem mudanças de hábitos de vida.
“Para atingir os objetivos e emagrecer, o paciente deve adotar alimentação equilibrada e incluir atividade física regular em sua rotina”, esclarece.
Apesar do cenário crítico de obesidade no país, 90% das cirurgias bariátricas acontecem na rede privada, ou seja, o SUS não consegue atender a demanda por esse tipo de tratamento. Em média, os pacientes esperam cinco anos na fila do sistema público de saúde para realizar esse tipo de intervenção.
Além da complexa jornada que começa no atendimento primário, faltam centros certificados em cirurgia bariátrica e metabólica no país que são centralizados nas capitais, dificultando o acesso da população que não vive em grandes centros, e médicos devidamente treinados na técnica.
Outro obstáculo está relacionado à pandemia. Segundo o Ministério da Saúde, o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde caiu 81,7% em 2021, se comparado com 2019. No ano retrasado, foram feitas 2.296 cirurgias bariátricas pelo SUS. Já em 2019, o número foi de 12.568.