Em 8 de abril, campanhas informativas chamaram a atenção para o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Como já escapei de dois, não deixo de alertar os que não passaram pela aflição. De acordo com instituições que atuam no setor, são cinco os tumores mais comuns.
No Brasil, o câncer de pele do tipo não melanoma fica na liderança. No topo do ranking de incidência aparecem ainda os tumores de mama, próstata, pulmão e intestino – os dois últimos com fatores de risco altamente evitáveis, ligados a hábitos de vida pouco saudáveis.
“Quanto mais cedo é descoberta a doença, melhor o prognóstico, com resultados positivos das terapias e maiores chances de cura”, diz o médico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Veja os cinco casos mais comuns no Brasil:
1. Pele não melanoma
O principal sinal é o surgimento de marcas ou “lesões” na pele como manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram, além de feridas que não cicatrizam em até quatro semanas. Ao notar essas alterações, é importante consultar o médico para avaliação, de preferência um dermatologista.
Indivíduos de pele clara, cabelos claros ou ruivos com sardas e olhos claros são mais propensos a desenvolver tumores de pele. A idade é um fator que deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição ao sol, maiores os sinais da exposição crônica da pele, aumentando a possibilidade de surgimento do câncer não melanoma. A regra vale para toda a população: use sempre protetor solar, proteja o couro cabeludo com chapéus e use óculos de sol com proteção contra raios UV.
O especialista poderá considerar diferentes opções de tratamento, que serão individualizadas para cada paciente. Na maioria dos casos, a cirurgia é a principal terapia recomendada. Segundo especialistas, o câncer de pele não melanoma apresenta alto percentual de cura se detectado e tratado precocemente.
2. Mama
Pode apresentar sintomas percebidos no autoexame ou nas consultas de rotina com o ginecologista ou mastologista. São eles: nódulo ou caroço fixo e geralmente indolor (presente em cerca de 90% dos casos em que o câncer é percebido pela própria pessoa); vermelhidão na pele da mama acompanhada de retração e aparência de casca de laranja; alterações no mamilo, como retrações ou inversão; pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço; e saída de líquido espontâneo e anormal dos mamilos, inclusive líquido sanguinolento.
Na maioria dos casos, os tumores começam a se desenvolver muito antes de se tornarem palpáveis ou apresentarem esses sinais. “A rotina de acompanhamento médico e exames periódicos, em especial a mamografia anual em mulheres a partir dos 40 anos, são determinantes para a descoberta do câncer de mama logo no início”, informa o oncologista Max Mano.
Podem ser recomendadas cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia de bloqueio hormonal, terapia biológica (ou terapia alvo) e imunoterapia.
3. Próstata
Na fase inicial da doença, é de difícil diagnóstico. A maioria dos pacientes apresenta indícios apenas nas fases mais avançadas.
Os primeiros sintomas podem ser semelhantes ao crescimento benigno da glândula: dificuldade para urinar seguida de dor ou ardor, gotejamento prolongado no final, frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite. Em fases mais avançadas, é possível a presença de sangue no sêmen e impotência sexual, além de sintomas decorrentes da disseminação para outros órgãos, tal como dor óssea nos casos de metástases ósseas.
“É recomendável que homens a partir de 50 anos, ou 45, para quem tem histórico da doença na família, façam anualmente o exame clínico (toque retal) e a medição do antígeno prostático específico (PSA) para rastrear possíveis alterações que indiquem aparecimento da doença”, recomenda o oncologista Denis Jardim.
“Casos de pai ou irmão com câncer de próstata, antes dos 60 anos, podem aumentar o risco em três a 10 vezes. Não se deve deixar de realizar os exames de rastreamento rotineiramente, conforme orientação médica”, alerta o especialista.
Cirurgia, radioterapia associada ou não a bloqueio hormonal e braquiterapia (radioterapia interna) podem ser realizadas com boas taxas de resposta positiva. Há situações em que podem se adotar quimioterapia, medicamentos que controlam os hormônios por via oral e nova classe de remédios radioisótopos, partículas que se ligam em locais que se encontram acometidos pela doença, emitindo doses pequenas de radiação nestes locais.
4. Colorretal
Desenvolve-se no intestino grosso: no cólon ou no reto. O principal tipo é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede interna do intestino, que se não forem identificadas e tratadas, podem se tornar câncer.
“Após os 50 anos, a chance de apresentar pólipos aumenta. Mais de 80% dos casos de câncer colorretal ocorrem a partir desta idade, que se tornou critério para início do rastreio ativo, por meio dos exames de colonoscopia, principal forma de diagnóstico e prevenção”, diz o especialista Alexandre Jácome.
Doenca silenciosa, não apresenta sintomas imediatos. Quando presentes, podem incluir alteração nos hábitos intestinais: diarreia, constipação ou estreitamento das fezes, que perdura por alguns dias; mesmo após a evacuação, não há sensação de alívio; sangramento retal (sangue bem vermelho e brilhante); presença de sangue nas fezes, tornando a coloração marrom escuro ou preta; cólica ou dor abdominal; sensação de fadiga e fraqueza; e perda de peso sem motivo aparente.
Muitos desses sintomas podem ter outras causas. Por isso, é importante buscar avaliação do médico.
Pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes dos 50.
5. Pulmão
O hábito de fumar está ligado a 90% dos casos de câncer de pulmão, indicam pesquisas. Sintomas estão ligados ao aparelho respiratório: tosse, falta de ar e dor no peito, além de perda de peso e fraqueza, escarro com sangue, dor óssea, cefaleia, rouquidão, pneumonia recorrente ou bronquite, acúmulo anormal de líquido na pleura e alteração do ritmo habitual da tosse em fumantes, com crises em horários incomuns.
Sintomas geralmente não ocorrem até que a doença atinja estágio avançado, o que reduz as chances de cura e compromete a qualidade de vida. O médico pode pedir tomografia de tórax e biópsia. Se o câncer for diagnosticado, o médico solicitará novos exames para determinar o estágio em que ele se encontra.
As terapêuticas podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e/ou imunoterapia. Com o avanço das pesquisas, podem-se identificar mutações responsáveis pelo crescimento do tumor, tornando viável a indicação de drogas-alvo moleculares.