Linfoma, síndrome ASIA, além da contratura capsular, são problemas que tomaram as mídias nos últimos anos e ligaram o alerta de muitas mulheres que fizeram implante mamário. Afinal, é necessário trocar? Esses problemas com as próteses de silicone são comuns? A BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) esclarece que os casos são raros e não há motivo para pânico.
“Esse assunto ficou muito em evidência na mídia nos últimos anos. Recalls de fabricantes por conta do risco de contratura capsular e casos de linfoma (um tipo raro de câncer), associados às próteses, deixaram muitas pessoas preocupadas. Além disso, outra preocupação foi com relação à síndrome ASIA, quando o silicone pode desencadear uma reação imunológica que faz com que o organismo ataque a si mesmo. Mas não há motivo para alarme, preocupação e corrida aos consultórios para retirar as próteses. São casos muito raros”, explica o cirurgião plástico Daniel Lobo Botelho, presidente da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons).
Segundo a BAPS, estatísticas mostram que, com o passar do tempo, mesmo aumentando as chances de problemas com as próteses, como contratura capsular (endurecimento de uma cápsula que o organismo forma ao redor das próteses, deixando-as duras e, às vezes, dolorosas) ou mesmo a sua ruptura, o mais provável é que nada ocorra.
Já no caso dos tumores, dados do banco nacional de câncer dos Estados Unidos, de 2008 a 2018, mostram que o linfoma anaplásico de grandes células (ALCL), relacionado ao implante mamário, ocorreu a uma taxa de 8,1 por 100 milhões de pessoas por ano. “Nesse caso deste tipo raro de linfoma, os índices de cura são bastante altos”, diz o médico. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, os índices de cura ultrapassam 90% dos casos, e a maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.
No caso de algum sintoma ou suspeita de alterações das próteses de mamas, a paciente deverá procurar um cirurgião plástico. Confirmado o diagnóstico de contratura capsular, a prótese deve ser trocada por uma nova e podem ser feitas incisões na cápsula para deixá-la mais maleável ou mesmo retirá-la. “Se a paciente está satisfeita com o tamanho e forma das mamas, a cirurgia pode ser feita pela mesma cicatriz da primeira intervenção e, então, o implante é trocado. A cápsula é retirada ou incisada, e uma nova prótese de tamanho igual ou maior é colocada”, explica o presidente da BAPS.
Nos casos de síndrome ASIA e do linfoma, quando as doenças são desencadeadas pelas próteses de silicone, apenas a remoção do implante com sua cápsula, geralmente, já é capaz de minimizar e até eliminar os sintomas da doença.
A BAPS lembra que a cirurgia de mamas deve ser feita por cirurgião plástico. “O cirurgião plástico pode avaliar cada caso e junto ao paciente decidir qual a melhor solução. O cirurgião plástico deve fazer uma avaliação correta e detalhada da saúde do paciente antes da cirurgia, esclarecer detalhadamente todo o procedimento que será realizado e fazer um acompanhamento rigoroso no pós-operatório para minimizar qualquer risco e decepção do paciente”, finaliza Daniel Lobo Botelho.