Levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas Britânico em 2020 e divulgado em 2022 mostrou que, pela primeira vez na história, mais da metade das mulheres (50,1%) na Inglaterra completaram 30 anos sem ter filhos. Fato parecido vem ocorrendo no Brasil e em outros países.
No início de 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que as brasileiras vêm tendo filhos cada vez mais tarde. De 2000 para 2020, a proporção de registros de nascimento cujas mães tinham menos de 30 anos caiu de 76,1% para 62,1%. Já os registros cujas mães tinham 30 anos ou mais subiram de 24% para 37,9%.
A menor taxa de fecundidade e a tendência de gravidez tardia indicam um processo de transição demográfica no Brasil. Isso ocorre por inúmeros motivos: esperar a vida ficar mais estável, priorizar a carreira, não encontrar o parceiro ideal e por aí vai.
Mas é preciso conhecer os prós e contras para que o sonho de ser mãe não fique tão distante, como explica o corpo médico da Clínica Engravida – rede fundada em 2008, que oferece tratamentos personalizados de reprodução assistida.
Se, por um lado, engravidar mais tarde pode ser melhor por questões como maturidade, estabilidade emocional e financeira, segurança e casamento, a gestação a partir dos 35 anos já pode ser considerada tardia, pois as condições biológicas começam a não ser as mais ideais.
“Para minimizar as chances de complicações, é de extrema importância conhecer os riscos envolvidos, além dos cuidados necessários”, reforça Fabio Liberman, CEO e fundador da Engravida. A seguir, buscamos esclarecer dúvidas comuns entre as mulheres:
Quais são os riscos de engravidar depois dos 35 anos?
Com o passar dos anos, além do envelhecimento dos óvulos e da diminuição progressiva da fertilidade, que ocorre de forma diferente em cada mulher, há maior propensão para algumas doenças que podem acarretar riscos para a gestação. A diminuição da fertilidade se torna mais significativa a partir dos 37 anos, por conta da queda da viabilidade cromossômica dos óvulos.
Que problemas podem ocorrer?
Um dos mais frequentes é a hipertensão. Há também a diabetes gestacional, que atinge de 5% a 7% das gestantes no Brasil e pode se dar pelo aumento da produção do hormônio lactogênio placentário, embora não seja algo exclusivo de quem tenha mais de 35 anos. Quando uma dessas doenças ocorre, a gestante fica mais exposta ao parto prematuro, principalmente se elas não forem controladas e acompanhadas.
Que cuidados deve adotar a mulher com mais de 35 anos que decide engravidar pela primeira vez?
O ideal é realizar avaliações e consultas pré-concepcionais antes mesmo da concepção. Assim que decidir engravidar ou quando estiver chegando perto dos 35 anos, a mulher deve procurar um especialista. Os médicos podem pedir uma bateria de exames para o checape completo, além do início da suplementação de algumas vitaminas importantes para a concepção.
Se não engravidar de forma natural depois dos 35, quais são os próximos passos?
Após seis meses de tentativas regulares e durante o período fértil, é indicado fazer a avaliação complementar. Caso seja encontrada alguma alteração, pode ser que o especialista indique algum tratamento. Vale dizer que 80% dos casais engravidam em 12 meses, e 90% em 24 meses de tentativas.
Quais são os tratamentos possíveis quando a gravidez não ocorre naturalmente?
Além da fertilização in vitro (FIV), há a relação sexual programada (com estimulação ovariana controlada), inseminação intrauterina, congelamento de óvulos, sêmen e embriões. Cada tratamento deve ser recomendado por um especialista caso a caso, e não realizado indiscriminadamente, sem indicações.
Existe idade limite para realizar a fertilização in vitro?
Embora a FIV seja uma das técnicas mais bem sucedidas para a geração de embriões, as chances de sucesso diminuem de acordo com a idade. Mas não existe uma idade limite. A qualidade cromossômica dos óvulos cai progressivamente e se torna mais sensível a partir dos 40 anos, até a menopausa, que, em brasileiras, ocorre em média aos 50 anos.