Mulher nenhuma merece passar por uma crise aguda de endometriose. A dor é imensa e pode ser diagnosticada até como apendicite, em alguns casos, mesmo este órgão ficando longe da região dolorida. Um profissional que acertava o diagnóstico na mosca, nos tempos em que clinicava, era José Salvador. Ele agora está descansando um pouco da época em que atuava bravamente – começou operando no Hospital Vera Cruz, antes de se integrar totalmente, com a mulher, Norma, e parte da família, ao grupo Mater Dei, que é referência nacional.
A endometriose pode se manifestar de várias formas: dor durante a relação sexual, desconforto e/ou sangramentos intestinais e urinários durante a menstruação, cólicas menstruais constantes e progressivas, além da dificuldade de engravidar. Esses indícios devem ser investigados pelo médico, afirma Aline Vales Whately, coordenadora de ginecologia do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, no Rio de Janeiro.
De maneira geral, pode-se dizer que há três tipos de endometriose: superficial, ovariana ou profunda. “Essa classificação diz respeito à complexidade de acometimento de tecidos e sintomas associados à doença, sendo a última a mais grave”, explica a doutora Aline.
A endometriose superficial ocorre quando as lesões são iniciais e se restringem ao útero e seus ligamentos. Nesta fase, essas lesões são pouco sintomáticas e, geralmente, controladas com tratamento conservador, por meio do bloqueio hormonal.
A endometriose ovariana aparece como cistos na região dos ovários, que podem ser uni ou bilaterais, variando de tamanho e grau de sintomatologia. O tratamento pode ser conservador ou até cirúrgico, dependendo da lesão.
Por sua vez, a endometriose profunda é diagnosticada quando as lesões são mais complexas e acometem múltiplos tecidos e órgãos, por contiguidade ou à distância, podendo afetar conjuntamente bexiga, vagina, apêndice, intestino e até mesmo os pulmões.
Para identificar esta doença inflamatória, o exame clínico é o primeiro passo. Exames laboratoriais e de imagem são muito importantes para confirmar o diagnóstico.
“O ultrassom transvaginal e a ressonância magnética permitem visualizar com mais clareza as alterações para que o especialista possa avaliar a localização e o estágio da doença”, afirma Melissa Kuriki, diretora da área médica da Fujifilm.
A endometriose não tem cura definitiva, mas o tratamento medicamentoso, por meio de analgésicos e anti-inflamatórios, e a cirurgia podem reduzir os sintomas. Há casos em que é indicado o bloqueio hormonal.
Se a doença não receber a devida atenção, pode levar à infertilidade e ao aumento do risco de câncer de ovário ou adenocarcinoma. Os cuidados devem incluir tanto um plano para o controle da dor quanto o estilo de vida saudável, com boa nutrição e exercícios.