Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Pesquisa aponta novidades sobre as causas da osteoartrite


As empresas que usam a TV para divulgar os mais variados assuntos não respeitam muito os espectadores. Séries e filmes se repetem infinitamente, é uma canseira, principalmente para quem não pode sair muito. Noite dessas, vi numa estação, cujo nome não me lembro, dois cirurgiões plásticos especializados em aumentar seios e traseiros de mulheres decididamente doidas. Elas exibiam seios que são uma aberração da natureza. Uma informava que não estava satisfeita, queria porque queria colocar mais 1kg de cada lado.





Pequenas próteses mamárias são comuns, principalmente em mulheres que têm de retirar os seios. Mas daqueles tamanhos da TV, nunca vi.

Todo cuidado é pouco. A obesidade e o sobrepeso são apontados como grandes fatores para o desgaste e a degeneração das articulações, por causarem trauma repetitivo no joelho devido à sobrecarga. Estudo recente apontou que a obesidade muda o ambiente dentro das articulações, promovendo condições pró-inflamatórias que pioram a artrite.

“Pesquisadores descobriram que células específicas no tecido de revestimento articular (sinóvia) de pacientes com osteoartrite estão sendo alteradas devido a fatores associados à obesidade”, explica Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot).





O médico observou que pesquisas anteriores mostraram que o tecido adiposo metabolicamente alterado pela obesidade libera as proteínas citocina e adipocina, conhecidas por promover a inflamação em todo o corpo.

“No entanto, esse estudo observou que em células retiradas de biópsias de articulações artríticas, a obesidade também altera o ambiente dentro da própria articulação, deixando as células na articulação vulneráveis a serem 'transformadas' naquelas que promovem a inflamação”, acrescenta o médico.

Assim, a obesidade pode promover inflamação destrutiva nas articulações que vai muito além do esperado pelo desgaste, pois isso ocorre mesmo em articulações que não suportam peso, como as mãos. 





Com essa observação, concluímos que a obesidade é duplamente lesiva aos joelhos: por conta do excesso de peso e em razão da inflamação gerada dentro da articulação”, destaca o especialista.

“A obesidade cria um ambiente no corpo que está afetando negativamente as células fibroblastos sinoviais, que são células-tronco envolvidas na regulação do fluido lubrificante das articulações. Então, como maçãs podres em um barril, eles começam a afetar toda a articulação, aumentando a secreção de substâncias químicas que degradam a articulação e aumentam a progressão da osteoartrite”, explica o ortopedista.

O peso não foi elencado como fator determinante para afetar as células das articulações, levando à maior inflamação.

A equipe de pesquisadores usou informações de biópsia de uma variedade de articulações, incluindo aquelas que suportam peso, como quadris e joelhos, bem como as mãos, para determinar se a tensão física adicional nas articulações associada à obesidade estava impulsionando citocinas pró-inflamatórias.





Descobriu-se que houve impactos independentes da obesidade nas articulações que suportam e não suportam carga. Entre 16 pacientes com IMC acima de 30, o peso sozinho não foi responsável pelas alterações moleculares nessas articulações.

“O estudo fornece mais evidências de que a osteoartrite não é apenas o inevitável 'desgaste', mas o resultado de alterações bioquímicas complexas e diversas na articulação. A pesquisa revelou que a obesidade pode levar à alteração nas células do revestimento articular para torná-las mais inflamatórias, e que essas alterações ocorrem não apenas nas articulações que suportam carga, como joelho e quadril, mas também nas articulações que não suportam carga, como a mão”, detalha o médico.

Pesquisadores acreditam que essas descobertas ampliam a compreensão sobre as causas da osteoartrite, sinalizando a descoberta de tratamentos mais eficazes no futuro. “Mas devemos lidar também com o problema metabólico, incentivando o paciente a adotar novos hábitos de vida”, finaliza o doutor Marcos Cortelazo.