(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas ANNA MARINA

Carta que recebi recentemente me trouxe boas lembranças da Itália

Leitor comenta sobre o livro 'Coração', cujo exemplar em italiano ganhei de presente em Turim. Viajamos para lá com Pelé, ídolo muito amável com os fãs


23/06/2023 04:00 - atualizado 23/06/2023 01:48
699

Capa do livro Cuore traz ilustração de criança lendo um livro
Ilustração de Daniel Hazan para a capa de "Cuore", livro de Edmondo de Amicis editado pela Autêntica no Brasil (foto: Autêntica/reprodução)

Chego na redação do jornal e recebo uma raridade nestes tempos do computador: a carta de um senhor de 91 anos me relatando o prazer de passar adiante os livros que gosta de ler. Falava de um livro do qual também gosto muito: “Coração”, do italiano Edmondo de Amicis.

Tenho uma história curiosa a respeito desse clássico italiano, que leio desde sempre. Meu marido foi convidado pela Fiat para visitar Turim e, por delicadeza, me convidaram também. Como companhia, não para visitar fábricas. Acontece que no avião em que fomos para a Itália ia um convidado famoso: Pelé.

Por um desses casos raros, tão logo chegou à Itália, nosso avião teve de fazer uma parada. Um outro avião que vinha do Oriente parou também. Quando os passageiros viram Pelé, foi um deus nos acuda. Tomaram conta dele. Se o pessoal da companhia aérea não entra na dança, ficaríamos horas esperando para voltarmos a voar.

Chegamos a Turim e a porta do hotel estava repleta de admiradores do jogador, a notícia tinha chegado antes de nós. Foi outra confusão até alcançarmos o nosso quarto.

No dia seguinte, os convidados da Fiat deveriam seguir uma programação. Eu, fora daquela agenda, resolvi dar uma volta pela cidade. Queria chegar até a igreja onde estava exposto o santo sudário de Jesus, relíquia que, para a Igreja Católica, foi a peça que cobriu Cristo pela última vez.

Sabia mais ou menos a direção da igreja e fui andando. Passei por uma praça que tinha como atração uma grande livraria. Entrei para tentar conseguir “Coração” em sua língua original. Quando perguntei se tinham “Cuore”, foi um espanto total. Editado em 1886, funcionários não podiam acreditar que o livro de Amicis seria procurado, depois de tantos anos, por uma turista brasileira.

A curiosidade foi total. Depois de muito buscar, acharam o livro e fizeram questão de me presentear. Fiquei totalmente sensibilizada com a atenção deles, espantados com meu interesse por uma obra marcante e muito antiga da literatura italiana.

Outro dado: “Coração” era considerado livro de cabeceira tanto de Manuel Bandeira quanto do mineiro Paulo Mendes Campos.

Um pouco mais adiante da livraria ficava a igreja. Entrei. Antes dos bancos foi colocado o pedestal com o caixão de vidro. Lá dentro, bem visível, ficava o sudário. Mas tive uma surpresa: era a cópia fiel do original, que estava correndo o mundo. Para não perder a caminhada, fiquei um tempo reparando na cópia, que deve ter sido feita por algum artista muito bom.

O tecido, um linho branco e fino, copiava tão bem o original que estava gasto pelo tempo, mas as feições de Jesus estavam lá.

A viagem a convite da Fiat continuou. Fui para a conferência que teria Pelé como atração. Auditório lotado, o craque no palco, falando em português e o público atento, aplaudindo muito ao final. Achei Pelé muito simpático e amável, sem arrogância nenhuma.

A programação terminou em Roma, com um almoço na embaixada brasileira, comandada por Paulo de Tarso Flecha de Lima ao lado da embaixatriz Lúcia, ambos mineiros. Deste almoço, tenho até hoje a foto de Pelé, outro mineiro, conversando separadamente com a doméstica da embaixada.

“CUORE”

. De Edmondo de Amicis
. Tradução de Maria Valéria Rezende
. Editora Autêntica
. R$ 49,80
. R$ 34,90 (e-book)

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)