Não é incomum que o diagnóstico de doenças femininas seja negligenciado, resultando em longo atraso para as mulheres descobrirem seu quadro. Isso é especialmente verdade no caso do lipedema, doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura no tecido adiposo, principalmente na região das pernas.
De acordo com relatório da Associação Brasileira de Lipedema, as causas são desconhecidas, mas pesquisas associam a condição à genética.
Camile Stefano, consultora de moda e imagem, foi diagnosticada há pouco mais de um ano com lipedema e, desde então, tem trabalhado para conscientizar as mulheres sobre a doença, oferecendo consultoria para pessoas que sofrem com as alterações corporais causadas por ela.
O lipedema, frequentemente confundido com obesidade, é uma condição complexa que afeta uma em cada 10 mulheres no mundo e requer tratamento específico. Além das dores, desconforto e dificuldade de mobilidade, também pode impactar negativamente a autoestima devido às alterações na aparência física.
“No meu caso, mesmo após perder peso, ainda sentia desconforto devido à desproporção do meu corpo. Foi necessário passar por um processo de aprendizado e trabalhar sobre como destacar minhas características positivas para finalmente me sentir confortável e compartilhar o conhecimento adquirido”, relata Camile.
A consultora ressalta a importância de adotar estratégias eficazes para a compreensão de cada corpo individualmente e descobrir como a moda pode ser utilizada para fortalecer a autoestima. Segundo ela, “é crucial ir além dos cinco tipos de corpos convencionais (retangular, oval, triângulo, ampulheta e triângulo invertido) e adotar trabalho humanizado, levando em consideração as características de cada pessoa”.
Camile encontrou abordagens especiais para lidar com o desconforto que suas pernas causavam, que antes a levavam a escondê-las. “Passei a optar por usar saias e vestidos com formatos diferenciados, blusas que valorizam a parte de cima do corpo e, principalmente, busco adicionar uma terceira peça para compor um visual confortável”, explica.
Apesar da importância do conforto para amenizar os sintomas, Camile ressalta que não é necessário abrir mão do hábito de se arrumar.
“Muitas vezes, nós nos esquecemos de nós mesmas e colocamos o diagnóstico à frente da nossa autoestima, mas não devemos deixar de usar roupas e acessórios a nosso favor. A moda pode ser vista como elemento importante para fortalecer a confiança e o amor próprio”, finaliza.