Muitas pessoas optam por fazer cirurgia plástica no inverno. Afinal, com temperaturas menores, a recuperação tende a ser mais confortável. Em julho, mês das férias escolares, as plásticas são mais procuradas. Mas é possível realizar a intervenção e viajar em seguida?
“É cada vez mais comum o paciente viajar para realizar cirurgia plástica na cidade ou estado onde o cirurgião de sua confiança atua. Na verdade, vai depender do tipo de procedimento, mas é fundamental conversar com o médico e seguir a orientação do pós-operatório, que requer cuidados especiais”, explica Daniel Botelho, presidente da Brazilian Association of Plastic Surgeons (Baps).
Há riscos no caso de cirurgias faciais e corporais. Viajar de avião após uma rinoplastia (cirurgia no nariz) ou blefaroplastia (nas pálpebras) pode aumentar o risco de sangramento. “A pressurização da cabine e a posição do corpo favorecem esse quadro, mas não é comum”, diz o especialista.
As cirurgias corporais podem aumentar o risco de trombose. Isso ocorre quando há formação de coágulo na circulação sanguínea, que pode se desprender, causar embolia pulmonar e até mesmo matar a pessoa. “Nesses casos, viagens longas são contraindicadas”, adverte Botelho.
O mais recomendado é a viagem de volta não ocorrer no período pós-cirúrgico imediato – geralmente, no prazo de três dias após o procedimento. “Quanto mais longa a viagem, menos recomendada a volta nos primeiros dias. O mais prudente é que o paciente se recupere por até três semanas, no caso de cirurgias em grandes áreas. Só o médico pode liberá-lo, observando seu estado de saúde”, explica o profissional.
De acordo com a Baps, além de cumprir o prazo estipulado pelo médico para liberação da viagem de avião ou carro, cuidados serão necessários para garantir a melhor recuperação. O primeiro passo é garantir que algum familiar ou amigo acompanhe o paciente. O acompanhante deve evitar que o paciente carregue bagagens, por exemplo.
Utilizar roupas leves, que não comprimam o local tratado, e, se possível, optar por assentos que tenham encosto completamente inclinado ou ofereçam bastante espaço para as pernas são duas recomendações que podem ajudar.
“Seguir corretamente as orientações médicas, que variam de acordo com cada cirurgia, é fundamental. É importante esclarecer para o cirurgião se o paciente pegará avião ou enfrentará longa viagem de carro após o procedimento. Ele poderá dar orientações específicas, como, por exemplo, indicar soro fisiológico para evitar o ressecamento no nariz causado pelo ar-condicionado das aeronaves. Ou receitar colírios para melhorar a sensação de ressecamento nos olhos, comum em pessoas que passaram por blefaroplastia”, ressalta o doutor Daniel Botelho.
Durante o voo ou a viagem de carro, o paciente deve ingerir bastante água e evitar bebidas alcoólicas e refrigerantes, além de comidas salgadas, para evitar a desidratação e a retenção de líquidos. “A realização periódica de exercícios leves para movimentar as pernas é a melhor maneira de prevenir a trombose venosa profunda, doença muito comum em viajantes devido ao longo tempo em que eles ficam parados sem movimentar a panturrilha, o que diminui a velocidade do sangue dentro dos vasos”, explica.
Levantar a cada meia hora para uma breve caminhada no corredor do avião pode ajudar. “Caso você esteja de carro, o ideal é fazer paradas e sair do veículo para se alongar”, destaca. “Em alguns casos, a meia de compressão pode ser indicada também.”
Por fim, é essencial evitar a manipulação da área operada durante a viagem, manter os curativos sempre secos e bem aderidos , além de faixas e cintas compressivas no lugar correto.
“O mais importante é conversar com o médico, pois apenas ele poderá oferecer as melhores orientações para uma viagem sem complicações. Em muitos casos, não será possível voltar no dia do procedimento para a cidade de origem, pois grande parte das cirurgias demanda um tempo de recuperação. O melhor é a pessoa se programar com antecedência de modo a maximizar sua segurança e bem-estar”, finaliza o doutor Daniel Botelho.