Quando eu pesava pouco mais de 45kg, o dono do Santa Maria me convenceu a fazer tratamento de choque com insulina para engordar. Durante um mês inteiro, ia ao hospital pela manhã, tomava a insulina e, passado o efeito, voltava para casa. Engordei uns 5kg, que foram embora em pouco tempo. Atualmente, tenho de tomar insulina diariamente para combater o diabetes. E o ponteiro da balança não tem me dado a menor alegria.
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Chego ao jornal e encontro no meu computador e-mail informando sobre a versão do Ozempic, em pílula, que combate a obesidade e pode ajudar a emagrecer até 15kg. Na verdade, o remédio é recomendado contra a obesidade, que felizmente não é meu caso, mas vem sendo utilizado por quem precisa emagrecer.
Problema global, a obesidade se tornou doença crônica de extrema relevância e uma das principais causas de câncer. Nesse cenário, a comunidade médica busca soluções eficazes para combater o excesso de peso.
O e-mail que recebi informa que a pílula do medicamento Ozempic, originalmente aprovado para o tratar diabetes tipo 2, mostrou resultados em relação à perda de peso. A semaglutida, substância ativa presente nesse remédio, tem a capacidade de agir no sistema nervoso central, inibindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade.
A farmacêutica Novo Nordisk, responsável pelo desenvolvimento do medicamento, informa que conduziu ensaio clínico com ele. A pílula experimental com alta dosagem de semaglutida, segundo a empresa, auxiliou adultos com sobrepeso ou obesos a alcançarem a perda de 15% de seu peso corporal.
A médica nutróloga Letícia Lucas diz que o uso de medicamentos para emagrecer deve ser supervisionado por um profissional de saúde. Afinal de contas, o medicamento não é aprovado especificamente para este fim, mas para diabetes.
Além disso, o remédio pode apresentar efeitos colaterais e não ser adequado para todos os pacientes. É fundamental a pessoa conversar com o médico para discutir os riscos e benefícios desse medicamento, além de avaliar outras opções de tratamento para emagrecer.
O uso indevido da semaglutida traz riscos. Pode causar hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue), náuseas, vômitos, diarreia, pancreatite e aumento do risco de câncer de tireoide.
“Portanto, é fundamental nunca utilizar a semaglutida sem prescrição médica, especialmente se o paciente possui histórico de pancreatite, câncer de tireoide, doenças renais ou hepáticas”, destaca Letícia Lucas.
A versão oral da semaglutida, comercializada sob o nome de Rybelsus, está disponível para o tratamento do diabetes tipo 2. No entanto, a dose máxima atualmente aprovada é de 14 mg. Já a nova droga experimental foi testada em dose de até 50 mg.
Com base nesses resultados, a Novo Nordisk informa que planeja solicitar a aprovação regulatória do remédio nos Estados Unidos e na Europa ainda este ano.
De acordo com a empresa, o estudo foi realizado em 667 adultos com sobrepeso ou obesidade. Após 68 semanas de tratamento, aqueles que receberam a dose de 50 mg de semaglutida, combinada com dieta e atividade física, alcançaram, em média, perda de 15,1% do seu peso corporal. Já quem recebeu placebo e seguiu o estilo de vida recomendado pelos pesquisadores teve perda de peso de apenas 2,4%.
Especialistas reiteram que a perda de peso segura e sustentável deve ser feita com acompanhamento médico e adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos. A automedicação pode acarretar efeitos colaterais graves e, em alguns casos, fatais, advertem eles.