Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Balão emagrecedor pode ser opção para combater a obesidade


 
Quando se trata de emagrecer, não é difícil encontrar na internet dicas de influenciadores digitais sobre dietas “seca barriga”, além de métodos perigosos que desconsideram a individualidade das pessoas e as causas do sobrepeso e da obesidade.




 
Vários fatores podem desencadear a obesidade. Além da alimentação, há aspectos psicológicos, genéticos, sociais e ambientais. A perspectiva para o futuro não é das mais animadoras: segundo o panorama do Atlas da Obesidade 2023, caso não haja melhorias em apoio e tratamento viáveis, 51% da população mundial terá sobrepeso ou obesidade até 2035. Ou seja, uma em cada quatro pessoas será obesa.
 
A cirurgia bariátrica tem sido o método mais comum utilizado por obesos para perder peso. No entanto, existe uma alternativa considerada menos invasiva: o balão intragástrico. A técnica consiste na introdução do balão dentro do estômago por endoscopia. O paciente é anestesiado e o balão é inserido pela boca. Ao chegar no estômago, é injetada dentro dele uma solução com azul de metileno, inflando-o.
 
Com isso, o balão ocupa parte do estômago – cerca de 60% de seu volume –, promovendo a sensação de saciedade precoce. Isso significa que o paciente necessita de menos alimento para se sentir satisfeito. Todo o processo é realizado em ambiente hospitalar.




 
“O procedimento dura no máximo 20 minutos. Depois, o paciente ficará na sala de recuperação, recebendo alta sem necessidade de internação”, explica a médica endoscopista Tássia Denobile Serra, membro da Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade.
 
Antes do procedimento, o paciente deve passar por consultas com especialistas de equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, anestesista, psicóloga e nutricionista. Deve fazer exames para avaliar suas necessidades e se não há contra-indicações para receber o balão.
 
“Muitas pessoas buscam métodos de emagrecimento pouco ou nada eficazes, dietas até perigosas. Cada corpo é diferente. Sem acompanhamento profissional por meio da equipe multidisciplinar, o paciente pode voltar à estaca zero ou colocar a própria saúde em risco”, explica a médica endoscopista Carolinna Manna Santos.




 
O último passo é o procedimento em si, mas o tratamento não para aí. O paciente deve dar continuidade a sessões com o psicólogo e o nutricionista, além das consultas periódicas com os médicos responsáveis pelo procedimento.
 
O tratamento via balão intragástrico pode durar de seis meses a um ano, dependendo da avaliação do especialista. O retorno à rotina é rápido e sem restrição a atividades físicas.
 
“Por ser menos invasivo, semelhante à endoscopia, o procedimento envolve menos riscos. Caso o balão estoure, o azul de metileno é liberado pela urina, que se torna azulada. Assim, podemos trocar o balão o mais rápido possível, sem oferecer riscos ao paciente. É diferente da cirurgia bariátrica, que corta e costura uma parte do estômago e, portanto, é irreversível”, explica a doutora Tássia Serra.




 
De acordo com especialistas, a técnica do balão intragástrico se mostra mais efetiva do que a dieta isolada por vários fatores, mas, principalmente, porque o tratamento muda o estilo de vida do paciente. O procedimento com o balão não exige restrição alimentar rígida, mas recomenda a restrição programada.
 
“A dieta isolada, por si só, resulta em perda de peso pequena, o que desestimula a pessoa. Cerca de 40% a 50% dos pacientes que fazem essas dietas abandonam o acompanhamento clínico na primeira ou segunda consulta devido à falta de resultado”, explica Carolina Santos.
 
“Em contrapartida, quando o balão é bem indicado, o paciente perde, em média, mais que o triplo do peso comparado à dieta isolada, já no primeiro mês. Isso gera maior adesão ao acompanhamento multidisciplinar”, afirma a médica. Para isso, deve-se seguir boa orientação nutricional, praticar atividades físicas e mudar o estilo de vida, sob orientação psicológica.