Obstrução nasal, voz anasalada, problemas de crescimento na infância, ronco, apneia, cansaço diurno, agitação, irritabilidade, hiperatividade, dificuldade de concentração, desalinhamento da arcada dentária, bruxismo, tosse, otites, sinusites.
É grande a lista de consequências danosas para a saúde que a chamada hipertrofia de adenoide – a popular “carne esponjosa” – pode causar quando não tratada adequadamente, ou mesmo ignorada.
Muito comum nas crianças, essa disfunção, que ocorre na minúscula estrutura localizada atrás das cavidades nasais e acima do palato (céu da boca), pode persistir durante a adolescência e na fase adulta, trazendo uma série de problemas que comprometem, sobretudo, a qualidade de vida.
Portanto, é importante tratá-la o mais precocemente possível. De preferência, ainda na infância.
Leila Tamiso, médica otorrinolaringologista do Hospital Paulista, referência em saúde do nariz, ouvido e garganta, aconselha os pais a prestarem atenção nos filhos desde cedo.
“Crianças que dormem mal, se mexem muito à noite ou babam muito no travesseiro – esses são comportamentos bastante sintomáticos, especialmente quando acompanhados de obstrução nasal recorrente e respiração pela boca”, afirma a especialista.
O termo “carne esponjosa”, a propósito, é devido ao inchaço das adenoides ou dos cornetos nasais (estruturas da parte interna do nariz), o que dificulta a passagem do ar. Com o tempo, pode gerar consequências físicas, como o atrofiamento de ossos da face, além de problemas ortodônticos.
“Casos crônicos, quando não tratados, resultam em problemas de dentição na adolescência e na fase adulta, como desalinhamento da arcada dentária, além da alteração do crescimento dos ossos da face, principalmente dos ossos maxilares, que chamamos de maçãs do rosto”, alerta a doutora Leila.
A opção pela cirurgia, ou não, leva em conta o tamanho desse inchaço. Ou seja, até que ponto a carne esponjosa interfere nas estruturas da face.
“Se for de tamanho médio ou pequeno, é indicado o tratamento clínico com medicação, sem necessidade de cirurgia, apenas com o auxílio de sprays nasais à base de corticoides e antibióticos, quando estiver associado a infecções (adenoidites)”, explica a especialista.
Porém, nos casos mais graves, além do procedimento cirúrgico, é comum haver necessidade de fonoterapia, técnica que trabalha problemas na fala. “Geralmente, esse paciente tem hipotonia da musculatura perioral (ao redor dos lábios), como se fosse uma flacidez por ter respirado pela boca ao longo de muitos anos e não conseguir mais manter os lábios cerrados”, observa a médica.
Nos dois casos, o diagnóstico se dá, inicialmente, a partir do exame físico, observando-se a face, a boca e o nariz, acompanhado de exames auxiliares, como raio-x de cavum e nasofibrolaringoscopia.
“Esses exames trarão a visão geral sobre a qualidade da respiração e o tamanho da adenoide, o que dará todos os elementos que o médico precisa saber em relação à necessidade de cirurgia ou não”, finaliza a doutora Leila Tamizo.