Quem não conhece famílias inteiras brigadas por causa de herança? O montante pode ser milionário ou apenas uma aposentaria pequena. No exterior, disputas acirradas ocupam o noticiário. É o caso do clã de Pierre Cardin, que construiu um império sólido durante sua longa carreira.
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Rodrigo alega que trabalhou cerca de 25 anos ao lado do tio-avô e deseja “respeitar a vontade de Pierre Cardin, preservar seu império e defender sua imagem”. O estilista, que não teve filhos, deixou uma holding, licenças, marcas e imóveis em Paris e no Sul da França.
A grana não é pequena: os ativos do grupo somam de 750 milhões a 800 milhões de euros, informou Jean-Louis Rivière, o advogado das sobrinhas-netas. Elas acusam o primo de “resgatar todo o patrimônio individual de Pierre Cardin e do grupo com manobras duvidosas e, eventualmente, fraudulentas”, afirma o advogado Rivière.
Acontece que Pierre Cardin deixou testamento, assinado em novembro de 2016, designando Rodrigo como único herdeiro. O sobrinho-neto encontrou o documento em 2022, no prédio do estilista – descoberta “oportuna” após oferta de compra do grupo, “com a qual 85% dos herdeiros concordam”, alega Rivière.
A validade do testamento é questionada junto ao tribunal civil de Paris. A batalha dos Cardin chegou ao campo criminal depois que a promotoria de Paris abriu investigação, após a queixa apresentada em março pelas sobrinhas-netas, por abuso de fragilidade e de confiança agravada, além de fraude. Entre as demandas apresentadas, uma foi rejeitada em junho. As demais estão sendo analisadas.
Contesta-se a forma como Basilicati-Cardin assumiu o controle da holding, dias após a morte do tio-avô. “Alguns membros da família, que não aceitam que Pierre Cardin tenha me designado para sucedê-lo, intensificam seus processos e tentam mobilizar a imprensa com acusações falsas que têm como único objetivo me prejudicar e afetar o grupo”, defendeu-se Rodrigo.
Mesmo com tanta confusão, ele comanda a empresa Pierre Cardin, que voltou em março ao calendário oficial do prêt-à-porter feminino em Paris, após 25 anos de afastamento.
Enquanto isso, na família de Pablo Picasso (1881-1973), Paloma, caçula dos quatro filhos do pintor, substituiu o irmão, Claude, como administradora legal do patrimônio deixado pelo artista, informou seu advogado, Jean-Jacques Neuer.
Paloma Ruiz-Picasso, de 74 anos, é filha do pintor com a francesa François Gilot, que morreu em junho. A Sucessão Picasso pertence integralmente a Claude e a Paloma, além dos netos do artista – Marina, Bernard, Olivier, Diana e Richard. A entidade detém o monopólio dos direitos autorais e de reprodução das criações do gênio espanhol.
Entre suas atribuições está a autenticação de obras e o combate a falsificações. Nos últimos anos, conseguiu recuperar 271 desenhos em poder de um ex-eletricista de Picasso, que garantiu tê-los recebido de presente da mulher do artista. Em 2019, este homem e a esposa foram condenados a dois anos de reclusão, com direito a sursis.
Claude Ruiz-Picasso, de 76 anos, comandou os negócios familiares desde 1989. Agora decidiu se aposentar, transferindo a gestão da fortuna para a irmã.