Duas amigas desejavam montar um negócio juntas. Até aí, a história de Cynthia Jaber e Anna Paula Pim não é muito diferente da de outras sociedades no mundo fashion. O que chamou a atenção, reverberou e deu consistência à marca que elas criaram foi o propósito de inclusão e diversidade.
A Pim Estilo, que desfila sua nova coleção cápsula nesta quinta-feira (31/8), no evento O Proação, surgiu no final de 2020, em plena pandemia, com uma coleção cuja maior atração era o trabalho do artista Augusto Corrêa, um jovem de 23 anos com Síndrome de Down. Augusto espalha geometria sequencial e colorida em superfícies, seja nas telas ou tecidos, com incrível diversidade. Suas variações e ideias em torno do tema lembram a japonesa Yayoi Kusama.
Foi Anna Paula, amiga dos pais de Augusto, o casal Jack Corrêa e Tatiana Mares Guia, vinculada à área educacional e adepta da causa da inclusão e diversidade, que atentou para a possibilidade de transportar arte do rapaz para o têxtil. O que ficou mais fácil devido à expertise de Cynthia com tecidos, pois é ligada a importantes indústrias têxteis brasileiras e internacionais há cerca de 30 anos.
A primeira coleção chegou com ar de resort, oferecendo peças atemporais e fáceis de usar: caftãs, chemises, panneaux estampados e superversáteis para serem amarrados no corpo de várias formas e estilos, de acordo com a criatividade de cada pessoa, com a intenção de transitar entre praia e piscina.
Os prints criados por Augusto, digitalizados sobre linha, seda mista e viscose, aportaram nas araras da CJMares, foram adotados por influencers e formadores de opinião e estão disponíveis na Pop Up Galeria, no Diamond Mall.
De lá para cá, o trabalho evoluiu em termos de estética, shapes e opções. As coleções passaram a ter espectro mais abrangente, centrado na moda urbana, na possibilidade de levar a roupa da rua para ocasiões mais relevantes. Surgiram vestidos, saias, calças, jaquetas, blusas, jaquetas – enfim, peças que conversam com o público que se identifica com a mensagem e histórias que a marca deseja contar usando a plataforma fashion. Atemporalidade, consumo consciente, slow fashion são alguns dos conceitos que norteiam o negócio.
O guarda-chuva da inclusão e da arte se ampliou com a chegada de outro artista com perfil semelhante: Bernardo Tochilovski se manifesta por meio de pinceladas largas e traços fluidos, coloridos, vibrantes. O autismo o fez diferente, ele saiu dos padrões para criar a sua própria linguagem com identidade marcante.
Após dois anos de marca e com horizontes cada vez mais promissores, a Pim está passando por um processo de branding e modelagem de negócios comandado por dois experts na área: Silvinha Fernandes, da Lebô MKT Studio, e Rodrigo Cezário, da Cezário ESG.
O que se verá no desfile já é fruto dessa parceria. A cápsula proposta por Cezário para o alto verão remete à brasilidade: continuam em voga os itens que oferecem praticidade e conforto – caftãs, quimonos, camisões, biquínis, maiôs, pantalonas, shorts, tops, regatas, vestidos longos e curtos.
Tudo é leve e fresco; as matérias-primas se ampliam: os shapes valorizam ainda mais as obras dos artistas e suas expressões artísticas, já que a Pim continua fiel a seu objetivo de dar voz a estas manifestações estéticas.