Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Mostra no Met, em Nova York, destacará o poder da moda criada por mulheres



Em BH, foi criado um museu da moda com doações das grifes mineiras. Até onde dá para perceber, não vai lá muito bem e quem procura fazer uma doação pode se enganar. Amiga minha quis doar jaqueta de vison dos anos 1940, muito usada por sua tia. Sonho de muitas mulheres, a jaqueta foi recusada porque não foi produzida em Minas, apesar de representar uma peça importante do vestuário da época. É por causa disso que grifes que ainda sobrevivem ao paradeiro da moda local colecionam peças que já produziram, para terem referência na criação de outras coleções.





Enquanto isso, lá fora as criadoras são valorizadas. Agora, por exemplo, a italiana Miuccia Prada, a britânica Vivienne Westwood, a uruguaia Gabriela Hearst e a cubano-americana Isabel Toledo são algumas das estilistas escolhidas pelo Museu Metropolitano de Arte de Nova York, o Met, para protagonizar a exposição dedicada à criatividade e ao legado artístico de mulheres que marcaram a indústria da moda nas últimas décadas.

Organizada pelo The Costume Institute, o espaço de moda do Met, a mostra “Women dressing women” reunirá cerca de 80 trabalhos de cerca de 70 estilistas que traçaram a linhagem de casas de moda influentes dirigidas por mulheres desde o início do século 20.

Também estarão presentes Madeleine Vionnet, Rei Kawakubo (da marca Comme des Garçons), Claire McCardell, Pia Davis e Autumn Randolph (No Sesso). Será apresentado o trabalho de estilistas menos reconhecidas, como Ann Lowe, que desenhou o vestido de noiva de Jacqueline Bouvier para seu casamento com John F. Kennedy, em 1953.





Peças icônicas de Sarah Burton, Gabrielle Chanel, Ann Demeulemeester, Elizabeth Hawes e Jeanne Lanvin completam a exposição, que será inaugurada em 7 de dezembro e ficará em cartaz até 3 de março de 2024.

“Women dressing women” pretende oferecer nova interpretação da história da moda, afirmam os organizadores. Vai examinar como essa indústria serviu de veículo poderoso para a autonomia social, financeira e criativa das mulheres.

Também serão destacados conceitos inclusivos como feminilidade, práticas colaborativas e mentalidade sustentável, além da pluralidade que passou a definir o espírito da moda atual.
 
Quatro conceitos – anonimato, visibilidade, agência e ausência/omissão – nortearão as informações sobre identidades e conexões entre as estilistas ao longo da história, com o propósito de oferecer “novas perspectivas e melhor compreensão de seu trabalho”, de acordo com a organização da mostra.

“Serão amplificadas vozes subestimadas historicamente e celebrado o trabalho daquelas criadoras que se tornaram conhecidas”, ressaltou o diretor do museu, Max Hollein.

A exposição é assinada por Mellissa Huber, curadora associada do The Costume Institute, em parceria com Karen Van Godtsenhoven, curadora convidada.