Londres sempre foi considerada a capital europeia onde é possível comprar roupas jovens e, em certos endereços, até mais baratas do que em Paris. Depois que Mary Quant cortou as saias pela metade, ela se transformou na cidade da informalidade, do vestuário diferente. A última semana de lançamento mostrou, mais uma vez, que a capital inglesa continua nessa linha.
A London Fashion Week variou da elegância austera de inspiração sérvia a designs superdimensionados e divertidos. Vestidos com contornos e um toque impressionista tomaram conta das passarelas, com estilo. Do streetwear a elegantes vestidos de noite, não faltaram opções nas coleções para a primavera-verão 2024.
O convite para o desfile da grife JW Anderson foi um bloco de barro, despertando a curiosidade dos convidados. As primeiras modelos desfilaram com bermudas e moletons feitos de massinha, lembrando esculturas em movimento. Seguiram-se conjuntos coloridos de material plástico brilhante, vestidos de crochê e penas usadas como cintos e mangas.
Jonathan Anderson exibiu jaquetas bomber oversized, longas o suficiente para cobrir as coxas, e gabardinas com saias longas. “Usar jaquetas como vestidos fica muito simples”, explicou ele, que também é diretor criativo da grife espanhola Loewe. Sua apresentação foi um marco nesta London Fashion Week, atraindo celebridades como as atrizes britânicas Suki Waterhouse e Jenna Coleman, bem como o ator Ncuti Gatwa, da série “Sex education”.
A editora-chefe da Vogue, Anna Wintour, sentou-se ao lado de Edward Enninful, o editor-chefe da Vogue britânica. Enninful deixará o cargo em janeiro para assumir a função de consultor global na editora Condé Nast. Reportagens sugeriram luta pelo poder entre os dois, mas isso não transpareceu na frente das câmeras.
O designer londrino David Koma é conhecido pelos vestidos com contornos. Suas modelos desfilaram ao som de Beyoncé, cliente do estilista. A coleção foi dominada por cores escuras, principalmente o preto, mas também havia amarelo, laranja e até rosa neon. Alguns vestidos eram assimétricos, curtos na frente e longos atrás, usados com botas altas até os joelhos.
Roupas para a noite se destacaram no desfile do estilista Feben, recém-formado pela Central Saint Martins, faculdade londrina. Mostrou vestidos transparentes feitos inteiramente de miçangas, com saias longas com franjas.
A coleção do sul-coreano Eudon Choi se inspirou na obra da pintora impressionista francesa Berthe Morisot. Modelos de todas as idades desfilaram, inclusive mulheres mais velhas. Apresentada no jardim de uma igreja no Centro de Londres, a coleção era elegante e refinada.
Choi quis congelar um momento no tempo, como Morisot, artista do século 19, fez em suas pinturas. Os tons evoluíam do rosa pó suave para o cinza antracite. Com as cores, os looks passaram do uso diurno para o noturno, combinando tecidos transparentes e opacos. Choi também usou padrões florais e o contraste preto/branco.
Roksanda Ilincic, fundadora da marca Roksanda, inspirou-se nos mosteiros da Sérvia, sua terra natal. Cocares altos usados pelas modelos lembravam chapéus dos padres ortodoxos. As linhas retas e quase austeras de algumas peças foram contrabalançadas por um toque de cor vibrante ou saltos com borlas.
Vestidos e capas de seda eram complementados com grandes peças de joalheria, que se misturaram, tornando-se parte da vestimenta. As silhuetas eram ora retas e estreitas, ora fluidas e comoventes, ora imponentes e rígidas. (Com agência AFP)