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Estado de Minas ANNA MARINA

Inseminação artificial caseira é doidice. Coitada da criança!

Sêmen do doador não é testado, o que leva a uma série de doenças. Uso de seringas e espéculos por pessoas leigas pode causar ferimentos na mulher


30/09/2023 04:00 - atualizado 29/09/2023 23:52
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Foto de seringa
Uso inadequado de seringas é um dos principais riscos da inseminação caseira (foto: Pixabay)

Enquanto políticos e “línguas soltas” discutem o aborto, outra polêmica chama a atenção: a inseminação artificial. Com o avanço das pesquisas e da tecnologia, os tratamentos de reprodução humana, como a inseminação artificial, têm se tornado cada vez mais populares entre casais inférteis ou homoafetivos.

No entanto, parte do público passou a buscar soluções mais baratas para conquistar o sonho de ter um filho. Uma opção cada vez mais procurada é a inseminação artificial caseira.

“Geralmente realizada por pessoas leigas, a inseminação artificial caseira consiste, basicamente, na coleta de esperma de um doador para ser inserido imediatamente no útero da mulher por meio de instrumentos como seringas, durante o período fértil, para aumentar as chances de concepção”, explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

O médico adverte para os riscos da prática doméstica, sobretudo para a saúde da mulher e até mesmo do bebê. Em grande parte dos casos, o sêmen do doador não é testado, podendo transmitir uma série de doenças, incluindo HIV, sífilis e hepatites.

“Ainda que o doador passe por exames de sorologia antes da inserção do sêmen na mulher, o risco de infecções sexuais transmissíveis continua a existir, já que algumas doenças possuem janela imunológica maior para serem detectadas”, alerta o especialista.

“O uso de seringas e espéculos por pessoas leigas, que não têm conhecimento sobre a anatomia do sistema reprodutivo da mulher, pode causar ferimentos, além de infecções por fungos e bactérias devido à esterilização incorreta desses instrumentos”, ressalta.

Além disso, a inseminação artificial caseira possui implicações jurídicas, pois a prática não é regulamentada, o que pode dificultar na hora de os pais registrarem a criança, principalmente no caso de casais homoafetivos do sexo feminino.

“Existe a possibilidade de o doador de sêmen requerer futuramente a paternidade da criança, visto que o bebê possui material genético de todos que participaram do processo, sendo necessário, então, que a mulher tentante busque suporte jurídico para se prevenir dessas situações”, pondera Rodrigo Rosa.

Há grandes chances de o procedimento não ser eficaz na primeira tentativa, tornando necessário que a mulher realize o processo novamente, o que aumenta os riscos à saúde.

“Dependendo da causa da infertilidade, como em casos de endometriose avançada e mulheres com mais de 40 anos, será praticamente impossível a paciente ter sucesso com a inseminação artificial caseira e até mesmo com a convencional”, destaca o médico.

O recomendado é que casais evitem colocar a saúde em risco e busquem um especialista em reprodução assistida para verificar suas opções para engravidar.

“Apenas o profissional especializado poderá realizar uma avaliação da saúde do casal para identificar a real causa da infertilidade e, a partir disso, indicar o método de reprodução mais adequado, seja por meio de tratamento da condição causadora da infertilidade ou de procedimentos como a inseminação artificial e a fertilização in vitro”, finaliza Rodrigo Rosa.

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