Um dos meus sobrinhos mais queridos mora em Edmonton, cidade linda do Canadá. Vive lá com a mulher e duas filhas, uma delas vai se casar no próximo mês. Muito jovem, ele morou com os pais e os irmãos nos Estados Unidos, porque seu pai, da Aeronáutica, foi transferido para lá. Foi crescendo e frequentando escolas, voltou com uns 13, 14 anos, falando inglês e totalmente acostumado com a vida americana.
Como os pais se estabeleceram no Rio, ele aproveitava as férias para ficar aqui em BH com a família e outros primos. Quando fez 50 anos, fui visitá-lo no Canadá, uma canseira só. Levei dois dias para chegar a Edmonton, vizinha do Alasca. De sua casa, era possível ver as montanhas nevadas ao longe, que nunca estão sem gelo.
Ele nos levou para passar um fim de semana nos lagos azuis fora da cidade, que nunca mudam de cor e dão para as montanhas. A paisagem é incrível, há muitos bichos da região. Indígenas moram na vizinhança. Para completar, um hotel chiquérrimo, construído para ser moradia de uns ingleses nobres. Ficamos lá e valeu a pena. Apartamento enorme, cama com aquele colchão imenso que amo, banheiro elegante. No hall, restaurantes, lanchonetes, várias lojas e butiques tanto americanas quanto canadenses.
A estrada entre a cidade e os lagos já vale o passeio, é absolutamente bem tratada, com vários postos de atendimento para quem precisar de apoio imediato – coisas nunca vistas por aqui.
Foram 10 dias de passeios e muitos conhecimentos, para mim. Ele tem uma firma grande de engenharia, trabalha muito pela cidade e, pelo que dá para saber, não voltará a morar no Brasil.
No último dia 28, o sobrinho fez aniversário e aproveitei para mandar de presente um pote com geleia de jabuticaba, que ele adora. Meu pé estava repleto de frutas.
Eu já havia enviado vários pacotes com goiabada, que chegavam a Edmonton totalmente perfeitos – e respeitados. Fui ao correio perto da minha casa e fiquei lá mais de uma hora para mandar o embrulho de geleia, pelo qual paguei taxa maior para chegar mais depressa. No início da semana, meu sobrinho telefonou, achei que a geleia tinha chegado. Não tinha. A expectativa acabou na última sexta-feira, quando recebi em minha casa o pacote que deveria estar no Canadá. Pelas anotações registradas ali – todas em português –, a caixa deveria ser devolvida ao remetente. E uma surpresa: afirmavam que continha produto para cabelo.
Fiquei sabendo depois que é proibido mandar para o exterior esse tipo de produto, mas fiz questão de colocar na caixa que se tratava de geleia feita em casa. Em bom inglês, como fazia com as latas de goiabada que chegaram direitinho ao Canadá.
Parece que o presente nunca chegou a sair do Brasil. E eu ainda perdi quase R$ 300 pagos pelo transporte para o Canadá.