Jornal Estado de Minas

ANNA MARINA

Diagnósticos de câncer de mama no país aumentam 11% em relação a 2022

O crescimento do número de casos de câncer de mama no Brasil tem chamado a atenção de especialistas, que buscaram intensificar a campanha Outubro Rosa. Em 2023, os diagnósticos aumentaram 11,05% em comparação ao ano anterior. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 70 mil mulheres serão identificadas com tumor na mama no país.




 
Rafael José Fábio Pelorca, mastologista do Grupo São Lucas, enumera os fatores de risco: idade (acima de 50 anos), nuliparidade (mulher que nunca gestou), gravidez tardia (acima dos 35 anos), não amamentar, menopausa tardia, obesidade, ingestão de bebidas alcoólicas, inatividade física, terapia de reposição hormonal, radiografia torácica prévia (menor de 30 anos) e alta densidade mamográfica, além de condições genéticas e hereditárias, que correspondem a 5% a 10% dos casos.
 
“Não existe um perfil de paciente mais comum. Sabemos que a maior parte das pacientes com câncer de mama está acima dos 50 anos. Porém, o estudo brasileiro Amazona III, com 2.950 mulheres de 22 centros de saúde em nove estados, mostrou que 43% das pacientes tinham menos de 50 anos no momento do diagnóstico. Entre as que tinham menos de 40 anos de idade, 36,9% apresentavam estágio localmente avançado”, alerta.
 
Com cinco estágios (de 0 a 4), a principal manifestação da doença é o nódulo, fixo e geralmente indolor, presente em cerca de 90% dos casos em que o câncer é percebido pela própria mulher. Outros sinais e sintomas são pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo, como retração ou ulceração; pequenos nódulos nas axilas; e saída de líquido anormal das mamas, geralmente sanguinolenta. Esses sinais e sintomas devem sempre ser investigados, pois podem estar relacionados a doenças malignas.




 
O tratamento do câncer de mama depende do estágio da doença, do tipo molecular do tumor e das condições clínicas da paciente. As modalidades de tratamento se dividem em terapias locais (cirurgia e radioterapia) e sistêmicas (quimioterapia, hormonoterapia, terapias alvo e imunoterapia).
 
Nas fases iniciais, principalmente no caso de tumores inferiores a 2cm, o habitual é iniciar com a realização de cirurgia, que pode ser conservadora, com a retirada apenas do tumor (quadrantectomia), ou mais complexa, com a retirada da mama (mastectomia) seguida ou não de reconstrução mamária, fator que deve ser considerado para reduzir os impactos negativos do tratamento.
 
“Em alguns casos, como tumores em estágio 3, superiores a 5cm, ou tumores maiores que 2cm com subtipos moleculares mais agressivos, iniciamos o tratamento com terapias sistêmicas, como a quimioterapia, por exemplo. Após essa fase, será realizada a cirurgia e a radioterapia. Portanto, atualmente, o tratamento do câncer de mama é individualizado, proposto de acordo com a idade da paciente, o estágio da doença e o subtipo molecular, entre outros fatores”, explica.




 
Os métodos apresentaram avanço exponencial nos últimos anos. O descalonamento e a melhora na qualidade estética das cirurgias, diminuição nas doses e o melhor direcionamento da radioterapia se destacam, assim como a utilização de terapias sistêmicas mais específicas para as células tumorais e imunoterapias que auxiliam o próprio sistema de defesa da paciente a combater o tumor.
 
A detecção precoce é o método mais eficaz de combate à doença. Segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e do Colégio Brasileiro de Radiologia, a mamografia deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos, além da adoção de hábitos de vida saudáveis, que podem prevenir cerca de 30% dos casos de câncer de mama.
 
“Sempre recomendamos praticar atividades físicas regularmente, manter alimentação saudável, peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, evitar o uso de hormônios sintéticos, como terapias de reposição hormonal, incentivar a amamentação e não fumar. Pequenas mudanças de hábitos podem fazer grande diferença na qualidade de vida da paciente”, conclui o mastologista.