Em outubro, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, pesquisa do Datafolha revelou disparidades alarmantes na prevenção e diagnóstico precoce da doença no Brasil. Enquanto 89% das mulheres das classes A/B realizaram consultas preventivas, apenas 59% das pertencentes às classes D/E passaram por atendimento médico no último ano.
Leia Mais
Jeanswear transcende tendências passageiras ao aliar conforto e elegânciaConheça os sintomas e os tratamentos da endometrioseMedicalização da obesidade pode ajudar, mas pede orientação de especialistaQuer volumizar, levantar e rejuvenescer os lábios de forma duradoura?Cuidado contra o HPV pode começar aos 9 anosOs números evidenciam a desigualdade significativa em termos de informações disponíveis e acesso facilitado a exames preventivos para ambos os grupos. "É fundamental garantir que todas elas, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico ou raça, tenham igualdade de oportunidades no acesso à assistência médica. O estudo revela claramente como as barreiras ao acesso ao conhecimento sobre câncer afetam de maneira desproporcional diferentes comunidades, em especial as dos estados Norte e Centro-Oeste, pobres, com baixa escolaridade e negras. É necessário um compromisso sólido em disseminar essas informações de forma inclusiva e acessível a todas as comunidades, com o objetivo de salvar mais vidas e preservar a saúde de todos", destaca Flávia Andreghetto, diretora da Oncologia na Gilead Sciences.
A falta de equidade na informação sobre o câncer de mama se traduz em preocupantes disparidades na qualidade de vida das mulheres. Categorias que demonstram enfrentar desafios na obtenção de informações adequadas são pessoas das classes D/E (42%) e negras (35%). Mamografias, exames clínicos e autoexames são realizados por cerca de dois terços das entrevistadas quando incentivadas, entretanto, a distribuição revela desigualdade.
A mamografia, por exemplo, é mais comum entre as mulheres com idades entre 40 e 59 anos, bem como às pertencentes às classes A/B e com níveis mais elevados de escolaridade. "É importante disseminar conhecimento de maneiras diferentes e envolventes, promovendo conversas abertas sobre o tema com pessoas de diferentes origens. A realidade preocupante da detecção do câncer em estágios mais avançados pode ser minimizada por meio de estratégias assertivas que incentivem a busca por mamografias e outros exames clínicos", enfatiza Flávia.
Segundo a pesquisa, apenas 49% das mulheres fazem a mamografia regularmente. Essa taxa varia significativamente de acordo com a divisão socioeconômica, com 60% das mulheres das classes A/B submetendo-se ao exame, em contraste com apenas 37% das classes D/E. Além disso, a disparidade educacional é evidente, com 62% das mulheres com nível superior realizando o exame regularmente, enquanto apenas 44% daquelas com ensino fundamental o fazem.
Quando se trata de conhecimento sobre os diferentes tipos de tratamento, observa-se que apenas 38% das pessoas pertencentes à classe D/E com ensino fundamental apresentam conhecimento, sendo que somente 25% estão cientes da radioterapia e 44% estão desinformadas quanto a essa opção. No contexto das mulheres de origem afrodescendente, constatou-se que 40% delas têm conhecimento sobre a quimioterapia, enquanto apenas 29% estão informadas sobre a radioterapia, e 39% ainda carecem de informações a esse respeito.
A pesquisa foi realizada com um grupo de mulheres com idades entre 25 e 65 anos, apresentando média de idade de 43 anos. O estudo envolveu entrevistadas de diversas classes sociais de todas as regiões brasileiras.