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Estado de Minas Coluna

Estou sendo difamada

Muitas pessoas não percebem o estrago que fazem na vida de outrem quando são maledicentes e outras sabem disso e o fazem exatamente por isso


13/12/2020 04:00 - atualizado 11/12/2020 11:37




“Uma pessoa amiga inventou um boato a respeito de minha conduta. Estou sofrendo muito com isso. Gostaria de compreender o que leva as pessoas a falar mal de outras.”


Rosana, de Sete Lagoas


Vivemos em uma sociedade extremamente competitiva e existem duas formas cruéis de destruirmos uns aos outros. Ou matamos a pessoa (destruição do corpo) ou matamos a sua imagem. Numa sociedade onde a imagem tem um alto valor, falar mal de alguém é uma tentativa de aniquilação do outro perante a sociedade.

Toda vez que se faz algum comentário desabonador sobre o comportamento alheio ou, em casos mais graves, quando se inventa algo sobre o outro, está havendo luta e hostilidade à pessoa objeto da maledicência.

Esse comportamento é fruto da competição e da inveja. O prazer de falar mal de alguém existe porque equilibra o mal-estar do invejoso diante da alegria, sucesso ou competência do outro.

O maledicente sofre de profunda inferioridade e sofre com o brilho das outras pessoas. O maledicente é semelhante ao planeta que, não tendo luz própria, só consegue brilhar roubando a luz do outro.

Se temos necessidade de espalhar o lado negativo de alguém, ainda que seja verdade, estamos sendo inimigos dessa pessoa e queremos sua destruição para nos sentir superiores a ela. Muitas pessoas não percebem o estrago que fazem na vida de outrem quando são maledicentes e outras sabem disso e o fazem exatamente por isso.

O que temos a fazer é aprender a conviver com esse fenômeno. Se crescermos, se tivermos sucesso, inevitavelmente seremos objetos da inveja alheia e da maledicência. Muita gente sofre profundamente quando é alvo de alguma fofoca. Chora, se sente injustiçada, e isso tem a ver com a vaidade humana.

Temos de aprender primeiramente a não falar mal das outras pessoas e, de preferência, desenvolver a competência de falar bem.

Em segundo lugar, não devemos sofrer tanto em vista da consciência da competição e inveja de quem fala mal de nós e de que definitivamente não vale a pena dar tanta importância a isso, embora devamos cortar qualquer relacionamento com pessoas destrutivas.

Uma das maiores virtudes do homem é a capacidade de admirar, de olhar o lado claro e bom que existe nas outras pessoas. A começar de nós mesmos. Uma pessoa que se admira, que se vê preferencialmente nos aspectos positivos, que se ama, que se perdoa pela própria imperfeição, perdoa a imperfeição do outro e não sente prazer em falar mal e destruir um ser humano.

O amor só existe em pessoas com competência para admirar. A hostilidade, o desamor começam com a maledicência. Todo cuidado é pouco com o ser humano. Cultivar o respeito à natureza humana é o primeiro passo para relacionamentos sadios.

Os maledicentes são pessoas complicadas para o relacionamento e trazem muitos problemas para os grupos a que pertencem, seja na família, no trabalho, no lazer, na sociedade. A palavra, o falar é um grande dom e estrutura as relações – a língua estabelece o diálogo, o afeto, o elogio e o amor.

Quando nossa língua está conectada com o coração, em sintonia com o sentimento, ela fala aquilo de que está cheio o coração.

Se nele há bondade, afeto, ternura, amor, a língua é instrumento de construtividade, de beleza, de admiração. É bom falar bem das pessoas, realçar seu valor perante outros, admirar seus dons e seus talentos. Isso cria um clima de paz e harmonia.

Quando, porém, meu coração está cheio de inveja, ressentimento, ciúme, a língua é instrumento de destruição, é ferina, faz estragos na vida de outros e na própria.

A boca fala o que há no coração. Conhecemos as pessoas pelas suas falas, porque aí conhecemos o seu coração. Pessoas amorosas têm palavras amorosas. Pessoas invejosas têm palavras venenosas.

Uma forma saudável de convivermos com a calúnia e a difamação é aumentar a nossa autoestima através da observação de nossos pontos fortes, nosso potencial e do perdão às nossas fragilidades.

A melhor resposta aos que falam mal de nós é continuarmos, com humildade, a caminhada para novas conquistas, novos horizontes, para a alegria e para a felicidade.

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