Jornal Estado de Minas

COMPORTAMENTO

O casal e os filhos

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“Sou casada há 30 anos e tivemos três filhos. Agora que o mais novo se casou, há um ano, eu e o meu marido, estamos sentindo um grande vazio. A casa não é a mesma e parece que nós também não somos os mesmos.”
  • Maria Alice, de Nova Lima


O desejo de ter filhos permeia a maioria dos encontros amorosos. Já no namoro, o casal fala em filhos, atestando o amor de um para com outro e garantindo a permanência futura da relação. Querer ter um filho com alguém é visto como prova de amor e desejo de união. Depois que se casam e vem a gravidez e gestação, mesmo que ardorosamente desejada, há um impacto na relação do casal.





A maioria não tem consciência da mudança que ocorrerá no relacionamento. Voltados quase que exclusivamente um para o outro, agora terão de acolher um terceiro. E um terceiro que vai exigir muita atenção e cuidado principalmente por parte da mulher. Já na gravidez a mulher passa por inúmeras transformações não só do ponto de vista físico, mas sobretudo, emocionais.

A natural dependência do bebê com a mãe vai exigir dela total dedicação. Nesse momento, a relação do casal pode estremecer. O marido entra em um profundo ciúme, sente-se relegado a segundo plano, percebe o distanciamento da mulher, inclusive na sexualidade, e é tentado a dar o troco, tornando-se indiferente e pouco cooperativo no trato do bebê. Esse quadro se agrava pelo fato de que poucos maridos têm consciência de que estão com ciúme e não expressam nem dialogam com a mulher sobre isso.

E a mulher, de seu lado, embevecida pela importância adquirida com a maternidade, se descuida do equilíbrio entre ser mãe e continuar sendo esposa. Esse momento exige do casal muita compreensão e consciência. Do marido espera-se o entendimento que a criança exige muito tempo e envolvimento emocional da mãe e que isso não significa desprezo nem algo pessoal com a relação a ele. Da esposa é importante haver um esforço no sentido de administrar o seu tempo, procurar ajuda de outras pessoas, para que possa se dedicar à relação com o marido.





Embora a função materna seja prioritária neste momento, ela não é exclusiva. A função paterna é importante e o marido deverá se incluir e ser incluído no cuidado com o bebê. Partilhar tarefas e cuidados com o bebê pode ser uma das formas de o casal estar junto. Outro momento de mudança na relação conjugal é quando, uma vez criados, os filhos saem de casa. Outra vez a estrutura familiar é alterada. Os pais que, durante anos, conseguiram se adaptar à presença dos filhos, em suas várias etapas de crescimento, agora se encontram SÓS e não sabem o que fazer. Vários sentimentos aparecem nesse contexto. De um lado, a alegria de terem criado os filhos e de dever cumprido e de outro lado, uma sensação de vazio.

O casal que, durante a vida, não foi exclusivamente pais, mas manteve tempo e dedicação ao relacionamento conjugal, terá mais facilidade de se adaptar à nova situação. Voltará a se dedicar a desejos e objetivos que foram adiados por causa da missão paterna e materna. Encontrará alegria em viajar, namorar, inventar novas atividades em conjunto.

A mulher, em geral, é mais atingida pela ausência dos filhos. Como para muitas eles representavam o núcleo central da sua vida, a sua ausência pode desencadear uma sensação depressiva de inutilidade. E quanto mais protetora e ciumenta for a mãe mais sofrimento terá ao se sentir dispensável. Além de uma sensação de perda do filho para uma outra pessoa, a nora.

A ênfase jocosa da cultura sobre a figura da sogra, tem um certo sentido a partir de tudo isso. É a mãe tentando lutar contra uma nova realidade, a qual ela não se adaptou. Continua tratando o filho como se lhe pertencesse e disputando-o com a figura que o “roubou”.

Todo casal deve cuidar da sua relação e mantê-la acesa, desde o início, apesar dos filhos, como prevenção para os momentos críticos, quando os filhos chegam e quando se vão.