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Estado de Minas COLUNA

Por que me criticam tanto?

Somos imperfeitos, temos nossos defeitos, mas isso não invalida nossa riqueza enquanto seres em desenvolvimento


06/02/2022 04:00 - atualizado 03/02/2022 12:39

Ilustração
Só o fato de existir e estar onde estamos já é suficiente para nos provar o nosso valor (foto: Ilustração)


“Sou muito criticada pela família e me sinto rejeitada em casa. Tenho a sensação de estar sempre errada e sem valor, e fico deprimida. Como agir?”
Antônia, de Belo Horizonte
 
O autoamor é importante para o equilíbrio psicológico. Atrás da infelicidade e dos vários distúrbios emocionais existe uma autodesvalorização, uma baixa autoestima. A consciência do valor de cada um de nós como pessoa humana é a base da construtividade, da produtividade e do crescimento.

Por outro lado, vivemos numa sociedade que se caracteriza pela competição e hostilidade nas relações. E o instrumento fundamental do exercício competitivo é a crítica.

Somos criticados constantemente e também criticamos as outras pessoas. Em nome da ajuda, temos um certo prazer em apontar os pontos fracos das outras pessoas e permitimos que os outros façam o mesmo. Julgamos excessivamente e somos julgados em todos os lugares onde nos encontramos.

Existem dois tipos de crítica: a construtiva e a destrutiva. Diferentemente, porém, do que pensa a maioria, a construtividade ou a destrutividade do julgamento depende de quem recebe a crítica, e não do julgador.

Se, ao ser criticados, refletimos o que foi dito, aprendemos e crescemos e a ação hostil dos que nos puxam para baixo transforma-se em aliada e ganhamos com isso. Se, ao contrário, recebemos as palavras malevolentes reativamente, se duvidamos do nosso valor humano apenas pelo fato de sermos apontados em erros, então a crítica se tornou destrutiva.
 
Certa vez, um mestre foi procurado por um jovem que se sentia como a leitora acima: fraco, inseguro, sem valor, e que lhe perguntou o que poderia fazer para ser mais valorizado pelas outras pessoas.

“Só poderei ajudá-lo – disse o mestre – depois que você me ajudar a resolver um problema.” O Mestre tirou do dedo um anel que usava e pediu ao jovem que fosse ao mercado e tentasse vender o anel para que ele pudesse pagar uma dívida. “Procure obter o máximo por este anel, mas não aceite menos que uma moeda de ouro.” O jovem partiu com o anel.
 
Chegando ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Todos riam ao ouvir o que o rapaz desejava pelo anel. Um velhinho que assistia à tentativa do jovem de vender o anel tentou ajudá-lo, explicando-lhe que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar o anel. Desanimado, o rapaz retornou ao mestre e lhe disse ser impossível vender a joia pelo preço pretendido.
 
– Precisamos, primeiramente, saber o valor real do anel, respondeu o mestre. Vá a um joalheiro e peça-lhe uma avaliação. Diga-lhe que você quer vender o anel e pergunte quanto ele lhe dá por ele. Qualquer que seja, porém, o que lhe ofereça, não o venda. Volte com o anel.

O moço foi ao joalheiro, que, após examinar o anel com uma lupa, disse:

– Diga ao seu mestre que não posso oferecer mais que 80 moedas de ouro.
 
O jovem ficou estupefato e saiu correndo emocionado para contar ao mestre o que ocorreu.

– Você é como este anel, disse o mestre, valioso e único. Você só deve aceitar uma avaliação de quem entende de pessoa humana. Vivemos por todos os mercados do mundo pretendendo que pessoas ignorantes nos valorizem.
 
Infelizmente, permitimos e até pedimos que as pessoas nos julguem e assim nós nos distanciamos do nosso verdadeiro valor. Nossa autoestima vai diminuindo à medida que as críticas diretas ou indiretas nos atingem. Somos imperfeitos, temos nossos defeitos, mas isso não invalida nossa riqueza enquanto seres em desenvolvimento.

Da próxima vez que alguém tentar nos jogar para baixo, deixemos essa informação temporariamente de lado e pensemos em algum fato ou algum momento em que fomos positivos. Só o fato de existir e estar onde estamos já é suficiente para nos provar o nosso valor.
 
Como dizia Santo Agostinho: “Não somos maiores quando nos elogiam e nem menores quando nos criticam”. 

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