Programas de trainee voltados para as diversidades, grupos de afinidade, palestras, mentorias e treinamentos para todas as lideranças e equipes. Essas são algumas das ações adotadas por grandes corporações no Brasil para promover e fortalecer a diversidade e inclusão (D&I).
Boa parte dessas empresas já entenderam que isso não é apenas uma estratégia que impacta positivamente a reputação da instituição, mas também é uma estratégia de negócios.
Ou seja, grandes empresas sabem que, além de gerar justiça social ao oferecer oportunidade para talentos diversos, um ambiente mais plural e inclusivo também gera mais engajamentos, reduz conflitos e turnover na empresa, aumenta o sentimento de pertencimento nas equipes e também aumenta a criatividade, inovação, produtividade e lucros.
Mas como empreendedoras e empreendedores de pequeno porte lidam com a D&I?
Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas (MPEs), representam mais de 90% do total dos negócios no Brasil. Além disso, MPEs já respondem por 30% do valor adicionado ao PIB do país e a força delas é principalmente ligada às atividades de Comércio e Serviços.
Ou seja, estão presentes em todos os bairros, de todos os municípios brasileiros e têm um contato direto com públicos que possuem diferentes vivências, histórias, crenças, etnias e raças e gêneros e por aí vai.
Quando uma micro ou pequena empresa resolve investir efetivamente em D&I, isso acaba gerando uma transformação social: essa ação acaba gerando oportunidade de trabalho para pessoas diversas/minorias, a clientela percebe que a empresa se preocupa com representatividade, o que também reflete no atendimento e experiência dos consumidores, sem falar nos benefícios que tudo isso pode gerar para própria empresa, como já citei a suma.
Mas quais são os principais entraves para promover diversidade e inclusão nas MPEs?
O preconceito e os vieses inconscientes são alguns dos motivos. Uma “piada” machista ou racista, uma “brincadeira” transfobia e gordofobia, a falta de equidade salarial, tudo isso e muito mais, são encarados com muita naturalidade em muitas empresas.
A falta de informação também está na lista. Não só a falta de informação que as MPEs possuem sobre o que é o racismo estrutural, capacitismo, machismo, homofobia, entre outros, mas também a falta de informação sobre os benefícios de um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo.
Outro entrave é a forma como alguns donos de MPEs lidam com o negócio. Alguns levam em consideração apenas suas convicções de mundo e sempre recorrem à famosa frase: “o negócio é meu, então vou fazer o que me der na telha”, como se a empresa fosse uma extensão dele.
Além disso, diferente das grandes, as micro e pequenas empresas possuem um ambiente menos estruturado e também têm sofrido para manter suas portas abertas diante da atual crise econômica e sanitária da Covid-19. E, por ter essa estrutura mais enxuta, muitas delas argumentam que não podem investir em D&I no momento. Mas isso não justifica, até porque a própria diversidade e inclusão pode ser uma dos recursos para melhorar seus desempenhos e lucros. Além disso, existem iniciativas de D&I que podem caber no bolso das MPEs.
Listei algumas dessas ações que podem ser o ponta pé para essas empresas investiram em uma ambiente mais plural e inclusivo:
Diagnóstico na empresa: Quantas pessoas trabalham na sua empresa? Quantas dessas pessoas são pessoas diversas? Quais são as funções ou cargos dessas pessoas? Quais são os salários delas? Tire um tempo para fazer e responder a essas e outras perguntas.
Mentorias: Caso a MPE possa contratar o serviço de um(a) especialista em D&I, inicialmente, seria interessante que, pelo menos a cada seis meses, as donas e donos passassem por uma mentoria sobre diversidade e inclusão. Essa ação iria trazer muito avanço na forma como as MPEs lidam com D&I.
Buscar informações: É essencial buscar informações para saber abraçar e acolher todas as pessoas que trabalham na empresa e também respeitar e acolher toda a clientela. Por exemplo: quais são as demandas dos funcionários que são diversos? Qual é a forma mais adequada e acolhedora de atender uma pessoa que tem deficiência visual, por exemplo? A dona ou dono de uma micro ou pequena empresa precisa investir nessa busca por informações sobre D&I e levar esse conhecimento para dentro do seu negócio.
Conscientização para toda a empresa: Promover de forma contínua debates abertos e rodas de conversa entre os colaboradores e colaboradoras sobre temas que envolvem D&I. E, se a empresa não tem grana para contratar ainda que pelo menos 2 vezes ao ano palestras sobre o assunto, é possível transmitir gratuitamente palestras sobre D&I que estão em plataformas com o Youtube.
Deixar nítido qual é a postura da empresa diante de preconceitos: Explicar de cara quais são os comportamentos e atitudes que a empresa não admite é muito importante.