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Racismo institucional nas empresas: não basta uma nota de repúdio

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Depois da morte de George Floyd nos Estados Unidos, que gerou uma onda de protestos no mundo e debates sobre o racismo na sociedade, algumas empresas, principalmente as grandes, passaram a intensificar algumas ações para promover a diversidade étnico-racial. Mas essas ações em muitas empresas ainda são tímidas. Em outras, nem existem.





Aliás, infelizmente muitas dessas empresas “lidam” com diversidade étnico-racial apenas quando é necessário publicar uma nota de repúdio. Quer um exemplo? Quando um ato de racismo é praticado em uma empresa e acaba ganhando notoriedade em diferentes mídias, mesmo não investindo em programas de Diversidade e Inclusão (D&I) e em ações de equidade, notas de repúdio são feitas e frases como essas são ditas: "Nossa empresa tem comprometimento com a diversidade e inclusão, não compactuamos com atos racistas”, “não tivemos a intenção de ofender ninguém”, “a empresa não endossa esse tipo de comportamento", “vamos desligar a pessoa que cometeu o ato racista", e por aí vai.

É bom ressaltar que, quando necessária, a nota de repúdio faz parte das medidas de retratação, mas não deve ser encarada como única ou principal ação que confirma o comprometimento da empresa ou instituição em relação à promoção de diversidade étnico-racial.

Na prática, o que as empresas têm feito para reduzir as situações que desencadeiam numa nota de repúdio? Com essa pergunta fica a provocação: Diversidade racial realmente faz parte das prioritárias dessas empresas? Ao longo da história, muitas empresas no Brasil nunca foram além do que uma nota de repúdio em casos de racismo. Como falei no início deste artigo, foi apenas depois de 2020 que o racismo institucional passou a ser discutido mais abertamente entre equipes e lideranças de algumas empresas (ainda que poucas).





Mas, afinal, o que é o racismo institucional? São manifestações racistas que ocorrem em instituições públicas e privadas, como órgãos governamentais, empresas privadas e universidades. De acordo com o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações.

Além disso, o racismo institucional se manifesta também de outras formas no universo corporativo. Por diversas vezes fui alvo de “piadas” e “brincadeiras” racistas, recebi apelidos carregados de racismo estrutural e minha inteligência e capacidade foram subestimadas por diversas vezes, até mesmo por lideranças. E, muitas vezes, quando pessoas negras abrem a boca para questionar essas situações racistas no ambiente de trabalho, são taxadas de mimizentas.

Este Mês da Consciência Negra pode ser uma boa oportunidade para você refletir: quais ações concretas sua empresa tem adotado nas últimas décadas para combater o racismo no ambiente de trabalho? Ou ela só lida com o assunto quando precisa redigir uma nota de repúdio?


audima