Falo isso sem medo de errar: se você faz parte de algum grupo minoritário, com certeza já passou por algumas situações constrangedoras e preconceituosas no ambiente de trabalho, não é mesmo?
Nesses casos, frases pejorativas, ofensivas, “brincadeiras” e “piadas” são recorrentes. Mas o que muitas pessoas não percebem é que essas situações se manifestam de maneiras diferentes, até em formas mais “sutis”, mas igualmente dolorosas.
Quer exemplos? Muitas vezes as vozes de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA, e de outros grupos minoritários são anuladas durante reuniões de trabalho. Suas opiniões e sugestões não são consideradas, mal essas pessoas conseguem abrir a boca e já são interrompidas sem cerimônia.
Muitas vezes as vozes de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA, e de outros grupos minoritários são anuladas durante reuniões de trabalho.
E, de forma acumulada, com o passar do tempo, essas pessoas passam a se sentir inseguras, com medo e constrangidas no ambiente de trabalho por serem quem são. E, como esse silenciamento foi feito de forma “sutil”, essas pessoas sentem frustradas por não conseguirem expor a situação aos colegas de trabalho ou lideranças. Só para você ter ideia, segundo uma pesquisa da consultoria Catalyst, 45% das líderes mulheres afirmam ter dificuldade em falar em encontros virtuais.
Em outros casos, de forma abusiva e desrespeitosa, o trabalho desenvolvido por grupos minoritários na empresa é colocado em xeque e questionado à exaustão a cada minuto. Tudo que essas pessoas realizam dentro do ambiente de trabalho é desvalorizado.
Em alguns casos, mulheres, pessoas negras ou LGBTQIA , entre outros, chegam a escutar frases como essas: “eu te dei uma chance, agora você vai ter que fazer por merecer, até porque se não fosse por minha bondade e benevolência, você não estaria aqui, não teria emprego.”
Quer dizer que, todo o talento, inteligência, responsabilidade, criatividade e dedicação dessa pessoa diversa não vale nada e ela só tem um trabalho porque alguém na empresa teve dó? Isso não faz sentido, mas, infelizmente, acontece de forma corriqueira nas empresas.
Tanto que tenho certeza que você conhece alguém que já passou por isso. No meu caso já senti tudo isso na pele e também já vi outras pessoas diversas passarem por isso no ambiente de trabalho. Uma situação que me marcou muito foi o relato de uma pessoa durante o 1° Congresso Nacional Coletivo Lena Santos de jornalistas negras e negros em 2021.
Ela falou que já ocupou cargos de liderança no jornalismo e por ser negra já viu seu trabalho ser desmerecido, além das cobranças que extrapolavam todos os limites. Ela explicou que existem diferentes formas de expulsar profissionais negras e negros de cargos de liderança dentro das empresas de comunicacão.
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Ou seja, às vezes essa expulsão não vem de forma direita. Ou seja, as pessoas não escutam que “você é uma pessoa negra e não queremos você aqui”. Mas pode vir por meio de um silenciamento, pela desvalorização do trabalho realizado, pelas perseguições, pelas humilhações e por atitudes que demonstram que colegas de trabalho e lideranças duvidam da inteligência, talento e criatividade de quem compõe grupos minoritários.
Essas situações são vistas como “sutis” por muitos, mas são extremamente perigosas e acabam gerando um sentimento de não pertencimento para essas pessoas diversas. Segundo pesquisa realizada pela plataforma de empregos Indeed, em parceria com o Instituto Guetto, 47,8% dos profissionais negros não têm a sensação de pertencimento nas empresas em que trabalham. A pressão é tanta que às vezes pedem as contas na empresa porque a saúde mental foi terrivelmente impactada.
Deixo aqui a pergunta: Como grupos minoritários são tratados dentro do ambiente de trabalho na sua empresa?