Jornal Estado de Minas

EMPREENDEDORISMO PRETO

Mercado de startups ainda possui pouco espaço para empreendedores negros

 
Mesmo diante da pandemia de COVID-19, o universo das startups no Brasil cresceu em 2021. São 14.065 startups distribuídas em 78 comunidades e 710 cidades brasileiras. E só para você ter uma ideia, entre 2015 até 2019, o número saltou de uma média de 4.100 para 12.700 startups criadas, representando um aumento de 207%. Os dados são da Associação Brasileira de Startups.




 
Diante desses números, qual imagem vem a sua mente quando escuta a palavra startup? No meu caso, vem a imagem de homens brancos, muito semelhantes, em capas de revistas sobre negócios, inovação e tecnologia. 
 
Essa falta de representatividade da comunidade negra no ecossistema das startups no Brasil é comprovada pelo primeiro levantamento sobre o assunto, o BlackOut – Mapa das Startups 2021. O estudo escutou  2.571 lideranças, em todo o país. Dessas pessoas, apenas uma a cada quatro se declarou preta ou parda. 

Agora me responda, como pode uma população com mais de 56% de pessoas negras ter tão poucos integrantes dessa comunidade no mercado de startups? 
 
Essa realidade é um dos frutos do racismo estrutural. Empreendedoras e empreendedores negros no Brasil enfretam muitas barreiras, desigualdades e discriminação, o que acaba fechando portas no ecossistema das startups. Quer exemplos? Afroempreendedores infelizmente ainda enfrentam: 
 
  • dificuldade em acessar e receber investimentos-anjo ou conseguir crédito;
  • mais dificuldades para manter o seu negócio;
  • dificuldade em acessar ferramentas de capacitação;
  • dificuldades de ampliar networking;
  • menor faturamento.




 
O que fazer para mudar essa realidade? São necessárias ações e investimentos que promovam, na prática, a inclusão e que também ofereçam suporte para consolidar startups lideradas por pessoas negras. 
 
Uma ação que demonstra isso bem foi anunciada no  dia 17 de fevereiro deste ano. O Google for Startups Brasil informou que vai destinar R$8,5 milhões para o Black Founders Fund Brazil, programa de fomento a startups lideradas por pessoas negras,  sem qualquer participação societária. Além do investimento financeiro, o Google também apoia os afroempreendedores com mentoria e créditos em produtos da Big Tech.
 
Você pode acessar mais informações aqui sobre o Black Founders Fund.
 
É muito importante ressaltar que toda a sociedade ganha quando o ecossistema da inovação e tecnologia é mais  diverso e inclusivo. É possível combater preconceitos e discriminações e também colher os frutos da diversidade cognitiva, ou seja,  aumento da criatividade, produtividade e competitividade, o que acaba impactando positivamente a economia nacional. 
 
Espero muito ver com frequência mais e mais afroempreendedores nas capas de revistas sobre inovação e tecnologia.