Jornal Estado de Minas

LEVANTAMENTO

Qual o lugar reservado para pessoas trans na sociedade?


 
Oitenta e três porcento das pessoas trans e travestis cariocas já sofreram algum tipo de violência dentro da escola. Desses, dois em cada três já sofreram violência por serem trans. Esses dados são resultado de entrevistas realizadas com 526 pessoas trans e travestis cadastradas na primeira etapa do projeto Garupa, conduzidas entre julho e outubro de 2021 pela Prefeitura do Rio.




 
O levantamento incluiu perguntas sobre a realidade socioeconômica, a escolaridade e o acesso ao mercado formal de trabalho da população trans e travesti carioca. 
 
Outro dado alarmante que o levantamento apontou é que um a cada três entrevistados faz apenas uma refeição por dia ou menos, e que 72% dos participantes deixaram de estudar devido a dificuldades financeiras ou à falta de dinheiro. 
 
Além disso, a pesquisa apontou outros dados: 
60% das pessoas entrevistadas têm renda mensal incerta ou insuficiente;
  • 71% já sofreram preconceito durante entrevista de emprego;
  • 27% nunca tiveram vínculo de trabalho;
  • 37% acreditam que não há vagas formais de trabalho para pessoas LGBTQIA.




Infelizmente, os dados apresentados pela pesquisa da prefeitura do Rio se repetem país afora. O cotidiano da comunidade trans no Brasil ainda é atravessado por insegurança alimentar, desemprego, evasão escolar, falta de acesso à saúde, à educação, além de violência física e psicológica. 
 
Já entrevistei muitas mulheres trans e travestis, que nunca tiveram a chance de participar de uma entrevista de emprego, que abandonaram a escola porque já não aguentavam serem alvos de “piadas”, “brincadeiras” e ofensas nesse ambiente. 
 
  • E diante dessa realidade, o que o poder público tem feito?
  • Onde estão as pesquisas e levantamentos oficiais dos estados e governo federal sobre a população trans e travesti?
  • Quais são as políticas públicas exclusivas para ampliar o acesso à educação e saúde para essa comunidade? 
  • Qual é a principal ação federal para reduzir o desemprego entre as pessoas trans e travestis? 
Nas eleições que se aproximam, espero que a comunidade trans não seja esquecida ou silenciada e que nossas demandas sejam atendidas de fato.