Com certeza existem muitos desafios durante a busca do primeiro emprego, não é mesmo? Mas, por conta do racismo estrutural e institucional, essa caminhada é ainda mais complicada para jovens negros e negras. Aliás, infelizmente pesquisas apontam que o desemprego continua crescendo entre essa população. Só para você ter uma ideia, jovens pretos e pardos representavam 78% dos desempregados no Brasil em 2020.
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Não basta realizar uma palestra sobre diversidade, equidade e inclusão Qual o lugar reservado para pessoas trans na sociedade?Investir em diversidade e inclusão não é caridadePor que lideranças não devem chamar a atenção na frente de toda a empresa? O racismo é perpetuado em atitudes sutis do cotidianoComo as heranças da escravidão impactam nas relações de emprego atualmenteSegundo a pesquisa, 42% dos jovens negros e 35% dos jovens brancos, acreditam que sua cor interfere diretamente nas chances de receber aprovação.
Ainda segundo o estudo, um dos fatos que parece distanciar jovens talentos negros de cargos ou responsabilidades mais desafiadoras nas empresas é o escopo de trabalho deles. Mais de 37% dos entrevistados dizem ocupar seu tempo com tarefas exclusivamente operacionais.
Quando se trata de liderança, o estudo aponta que existe um vácuo entre a expectativa desses jovens e a realidade no mercado de trabalho: 75% dos estudantes não têm um líder/chefe preto.
Além disso, o estagiário sonha seguir carreira dentro da empresa, mas precisa lidar com bloqueios pessoais e estruturais:
- 33% dos estudantes negros acreditam que não serão efetivados após o estágio;
- 30% dos esturantes negros não se sentem confiantes pra liderar projetos ou tomar decisões dentro do escopo de trabalho.
Segundo o levantamento, as três principais metas que os estudantes buscam alcançar no estágio são:
- Ganhar experiência;
- Criar plano de carreira;
- Ser efetivado.
Mas, para eles, trilhar esse caminho pode ser desafiador. Desde o processo seletivo até a rotina diária do estágio, os jovens encontram algumas barreiras, como pedidos por experiência na área e a exigência de um segundo idioma.
De acordo com a pesquisa, esses pré-requisitos imprimem "a sensação de não estar preparado para a vaga". Não à toa, o estudo traz os seguintes dados:
- 20% dos estadantes negros desepregados NÃO se sentem preparados para conseguir a vaga de estágio que estão buscando;
- 32% dos estudantes negros desempregados DISCORDAM da sentença: “a minha universidade me preparou para o mercado de trabalho”.
Além disso:
- 39% dos estágiarios negros confirmaram que não receberam suporte ou apoio do RH das suas empresas;
- 49% dos estudantes negros DISCORDARAM que “meu chefe me dá suporte em questões emocionais relacionadas ao trabalho”
De acordo com a pesquisa, mapear e ouvir as diversas realidades e vivencias de novos profissionais negros no mercado é fundamental para descobrir como organizações, indivíduos e sociedades estão derrubando barreiras e paradigmas que impedem o avanço da carreira negra.
Quanto mais atenção e voz os talentos empregados tiverem, mais eles se desenvolvem com responsabilidade e segurança pessoal. Para isso, o estudo explica que é necessário que os jovens negros tenham mais proximidade com supervisores de estágio e com o RH. Isso é fundamental para se sentirem amparados quando tiverem alguma dificuldade — isso gera pertencimento.
Dentre todos os entrevistados, foram encontrados 4 principais desejos em comum:
- Representatividade em entrevistadores da mesma cor ou raça;
- Mais vagas com ideias desenvolvidas especificamente para negros;
- Desenvolvimento de carreiras;
- Aprimoramento para ocupar cargos de destaque.
Da mesma forma que jovens brancos desejam crescer e alcançar cargos de destaque, esse sentimento também está presente nos jovens negros. É necessário criar ações práticas que ofereçam essas oportunidades e também ações que ofereçam acolhimento, escuta atenta e também o respeito para esses jovens negros.