No Brasil, pessoas negras LGBTQIA não só sofrem com a LGBTfobia, com o racismo e outras violências, mas também com a invisibilidade. É o que aponta o dossiê Qual é a cor do invisível? – A situação de direitos humanos da população LGBTI negra no Brasil, uma iniciativa do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos (International Institute on Race, Equality and Human Rights – IREHR).
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Por que o mês do Orgulho LGBTQIA+ é em Junho?Por que lideranças não devem chamar a atenção na frente de toda a empresa? O racismo é perpetuado em atitudes sutis do cotidianoOs afroempreendedores enfrentam mais dificuldade para obter empréstimoUm convite para quem tem o poder de assinar no final A comunidade LGBTQIA e a fomeMês do orgulho: não basta um post nas redes sociais ou uma propagandaO estudo também apontou uma falha do Estado brasileiro na falta de produção de dados específicos sobre a população LGBTI negra no país. E segundo o levantamento, essa constatação autoriza o Estado a não se comprometer com os direitos dessa população, agravando as desvantagens vivenciadas pela comunidade e intensificando hierarquias sociorraciais.
Outro ponto importante que o dossiê apresenta é que as “pessoas LGBTQIA em territórios de favelas estão condicionadas a violações específicas, múltiplas e agravadas de direitos humanos dado o caráter instituído de política de segurança pública, as dinâmicas de pobreza desses territórios e o acesso a serviços como educação, saúde e lazer: sofrem por serem negras, LGBTQIA e faveladas.”
Ainda de acordo com o levantamento: “é comum ouvir de ativistas LGBTQIA negras da periferia que, enquanto homens cis gays brancos e de classe média estão preocupados com o seu direito ao casamento e à adoção homoparental, travestis e mulheres transexuais negras ainda estão reivindicando o direito mais básico: a vida.
Infelizmente, na prática, boa parte do movimento LGBTQIA escolhe ignorar nossa luta por sobrevivência e não leva em consideração nossas experiências. Quer mais exemplos?
- Qual é o tamanho da representatividade e visibilidade que pessoas negras têm em palestras, rodas de conversa, webinars e workshops sobre a temática LGBTQIA? Essas pessoas têm protagonismo nesses eventos?
- Quantas pessoas negras LGBTQIA estão à frente de empresas que têm como foco promover diversidade e inclusão?
- Faça um teste rápido: abra o Google e busque por “homem gay” em imagens. Vai aparecer pouquíssimas fotos de homens negros.
- Seja por meio de “piadas”, “brincadeiras”, apelidos, desdém, falas ofensivas, desprezo, humilhação e estereótipos. Já perdi as contas de vezes que sofri racismo de pessoas que integram a comunidade LGBTQIA , sobretudo de homens brancos gays. E tenho certeza que tudo isso não acontece só comigo.
- O racismo estrutural se manifesta dentro da comunidade LGBTQIA também por meio da negação do afeto. Nós, pessoas negras, muitas vezes enfrentamos, não por escolha, a solidão afetiva por não nos encaixarmos em um “padrão de beleza”. Para muitos que integram essa comunidade, a pessoa negra sempre é vista como uma colega, uma amiga, mas nunca a pessoa amada.
Ou seja, as pessoas negras ainda são invisibilizadas de diferentes formas pela sociedade, inclusive dentro da própria comunidade LGBTQIA.
Quando as pessoas negras serão abraçadas, incluídas, amadas, valorizadas e respeitadas dentro da comunidade LGBTQIA ? De forma efetiva, a comunidade LGBTQIA precisa ser uma Ilha de Acolhimento.