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Estado de Minas VIOLAÇÕES SISTEMÁTICAS

Como é ser uma pessoa negra e LGBTQIA no Brasil?

Além do racismo e da LGBTfobia, essas pessoas também sofrem com a invisibilidade


10/06/2022 06:00 - atualizado 10/06/2022 12:39

Homem negro com jaqueta preta e blusa laranja com bandeira LGBTQA ao fundo
(foto: Pexels)

 
No Brasil, pessoas negras LGBTQIA não só sofrem com a LGBTfobia, com o racismo e outras violências, mas também com a invisibilidade. É o que aponta o dossiê  Qual é a cor do invisível? – A situação de direitos humanos da população LGBTI negra no Brasil, uma iniciativa do Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos (International Institute on Race, Equality and Human Rights – IREHR). 
 
A pesquisa explica que existe um padrão de violações sistemáticas, que exclui as pessoas LGBTQIA negras do acesso à educação, à saúde e ao mercado formal de trabalho. Além disso, a intensa violência policial no país evidencia que, para essa população, o Estado não atua como um garantidor de direitos, mas sim como o principal perpetuador de violências.
 
O estudo também apontou uma falha do Estado brasileiro na falta de produção de dados específicos sobre a população LGBTI negra no país. E segundo o levantamento, essa constatação autoriza o Estado a não se comprometer com os direitos dessa população, agravando as desvantagens vivenciadas pela comunidade e intensificando hierarquias sociorraciais.
 
Outro ponto importante que o dossiê apresenta é que as “pessoas LGBTQIA em territórios de favelas estão condicionadas a violações específicas, múltiplas e agravadas de direitos humanos dado o caráter instituído de política de segurança pública, as dinâmicas de pobreza desses territórios e o acesso a serviços como educação, saúde e lazer: sofrem por serem negras, LGBTQIA e faveladas.”
 
Ainda de acordo com o levantamento: “é comum ouvir de ativistas LGBTQIA negras da periferia que, enquanto homens cis gays brancos e de classe média estão preocupados com o seu direito ao casamento e à adoção homoparental, travestis e mulheres transexuais negras ainda estão reivindicando o direito mais básico: a vida. 
 
Infelizmente, na prática, boa parte do movimento LGBTQIA escolhe ignorar nossa luta por sobrevivência e não leva em consideração nossas experiências.  Quer mais exemplos? 
  • Qual é o tamanho da representatividade e visibilidade que pessoas negras têm em palestras, rodas de conversa, webinars e workshops sobre a temática LGBTQIA? Essas pessoas têm protagonismo nesses eventos? 
  • Quantas pessoas negras LGBTQIA estão à frente de empresas que têm como foco promover diversidade e inclusão?  
  • Faça um teste rápido: abra o Google e busque por “homem gay” em imagens. Vai aparecer pouquíssimas fotos de homens negros. 
  • Seja por meio de “piadas”, “brincadeiras”, apelidos, desdém, falas ofensivas,  desprezo, humilhação e estereótipos. Já perdi as contas de vezes que sofri racismo de pessoas que integram a comunidade LGBTQIA , sobretudo de homens brancos gays. E tenho certeza que tudo isso não acontece só comigo. 
  • O racismo estrutural se manifesta dentro da comunidade LGBTQIA também por meio da negação do afeto. Nós, pessoas negras,  muitas vezes enfrentamos, não por escolha, a solidão afetiva por não nos encaixarmos em um “padrão de beleza”. Para muitos que integram essa comunidade, a pessoa negra sempre é vista como uma colega, uma amiga, mas nunca a pessoa amada. 
Ou seja, as pessoas negras  ainda são invisibilizadas de diferentes formas pela sociedade, inclusive dentro da própria comunidade LGBTQIA. 
 
Quando as pessoas negras serão abraçadas, incluídas, amadas, valorizadas e respeitadas  dentro da comunidade LGBTQIA ?  De forma efetiva, a comunidade LGBTQIA precisa ser uma Ilha de Acolhimento. 

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