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Estado de Minas INSEGURANÇA ALIMENTAR

A comunidade LGBTQIA e a fome

No Mês do Orgulho, é essencial ampliar o debate sobre a insegurança alimentar que impacta principalmente trans e travestis


24/06/2022 09:39 - atualizado 24/06/2022 11:00

A foto tem o fundo brando e mostra a mão de uma pessoa negra segurando um garfo e um prato de cerâmica bege onde está escrito 'fome' em vermelho
População LGBTQIA, em especial pessoas trans e travestis, sofrem com insegurança alimentar no Brasil (foto: Arthur Bugre)

"Arthur, amigo preciso de ajuda, estou há três dias sem ter o que comer". "Ontem, não tive nem o que comer e, hoje, mesmo fraco vou de porta em porta sabendo que serei humilhado". Com frequência, recebo mensagens semelhantes a essas de pessoas transexuais e travestis, sobretudo negras, que não tem nada para comer em casa ou que não sabem o que vão comer nos próximos dias. 

Só para você ter uma ideia, segundo dados preliminares coletados no estudo piloto "Insegurança Alimentar na comunidade transgênero brasileira", liderado pelo Sávio Gomes, mestre e doutorando em saúde coletiva e pesquisador do LabNutrir/UFRN (Laboratório Horta Comunitária Nutrir da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), com apoio da Aliança Nacional LGBTI+, foi encontrada uma frequência de insegurança alimentar de 68,8% entre 112 pessoas transgênero, recrutadas em todas as regiões brasileiras. Dessas pessoas, 20,2% estavam em situação de insegurança alimentar grave.  

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Já o relatório "Diagnóstico LGBT na pandemia 2021", realizado pela plataforma #VoteLGBT com a Box1824, 41,53% da população LGBTQIA está em situação de insegurança alimentar. Em relação às pessoas trans, o percentual sobe para 56,82%.

Infelizmente essa situação absurda é resultado de uma soma muito perversa e preconceituosa. E o desemprego e a redução da renda tem destaque nessa matemática.

Ainda de acordo com a pesquisa "Diagnóstico LGBT na pandemia 2021", seis em cada 10 pessoas LGBTQIA tiveram diminuição de renda ou perderam o emprego por conta da pandemia da COVID-19. A taxa de desemprego na comunidade é de 17,15%, e o percentual sobe para 20,47% quando analisadas apenas as pessoas trans. 

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Outro fator que piora ainda mais a situação de vulnerabilidade de pessoas LGBTQIA , sobretudo de pessoas trans e travestis, é a falta de suporte familiar.  Muitas pessoas que integram a comunidade são expulsas de casa e, diante desse abandono familiar, somada à falta de oportunidade no mercado de trabalho ou diminuição da renda, a insegurança alimentar ganha força entre essas pessoas.  

Diante desses dados alarmantes, o que o poder público tem feito? Quais as políticas públicas já foram criadas para combater o desemprego e as outras diversas expulsões sociais? O que tem feito para combater a LGBTfobia que está impregnada nas estruturas do país?  Não é possível falar em enfrentamento à insegurança alimentar na comunidade LGBTQIA sem ações bem elaboradas e efetivas. 
 
E além de ações de médio e longo prazo, qual é o compromisso que o poder público e nós, sociedade civil, temos hoje na luta contra a insegurança alimentar dessa população? 

"Quem tem fome, tem pressa", Herbert de Souza, o Betinho.

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