"Arthur, amigo preciso de ajuda, estou há três dias sem ter o que comer". "Ontem, não tive nem o que comer e, hoje, mesmo fraco vou de porta em porta sabendo que serei humilhado". Com frequência, recebo mensagens semelhantes a essas de pessoas transexuais e travestis, sobretudo negras, que não tem nada para comer em casa ou que não sabem o que vão comer nos próximos dias.
Já o relatório "Diagnóstico LGBT na pandemia 2021", realizado pela plataforma #VoteLGBT com a Box1824, 41,53% da população LGBTQIA está em situação de insegurança alimentar. Em relação às pessoas trans, o percentual sobe para 56,82%.
Infelizmente essa situação absurda é resultado de uma soma muito perversa e preconceituosa. E o desemprego e a redução da renda tem destaque nessa matemática.
Ainda de acordo com a pesquisa "Diagnóstico LGBT na pandemia 2021", seis em cada 10 pessoas LGBTQIA tiveram diminuição de renda ou perderam o emprego por conta da pandemia da COVID-19. A taxa de desemprego na comunidade é de 17,15%, e o percentual sobe para 20,47% quando analisadas apenas as pessoas trans.
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Outro fator que piora ainda mais a situação de vulnerabilidade de pessoas LGBTQIA , sobretudo de pessoas trans e travestis, é a falta de suporte familiar. Muitas pessoas que integram a comunidade são expulsas de casa e, diante desse abandono familiar, somada à falta de oportunidade no mercado de trabalho ou diminuição da renda, a insegurança alimentar ganha força entre essas pessoas.
Diante desses dados alarmantes, o que o poder público tem feito? Quais as políticas públicas já foram criadas para combater o desemprego e as outras diversas expulsões sociais? O que tem feito para combater a LGBTfobia que está impregnada nas estruturas do país? Não é possível falar em enfrentamento à insegurança alimentar na comunidade LGBTQIA sem ações bem elaboradas e efetivas.
E além de ações de médio e longo prazo, qual é o compromisso que o poder público e nós, sociedade civil, temos hoje na luta contra a insegurança alimentar dessa população?
"Quem tem fome, tem pressa", Herbert de Souza, o Betinho.