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Estado de Minas ECONOMIA

Os afroempreendedores enfrentam mais dificuldade para obter empréstimo

No mundo dos negócios, a população negra foi a mais afetada durante a atual crise de COVID-19


15/07/2022 11:57 - atualizado 15/07/2022 17:04

Mulher negra com cabelos longos e trançados, usando blusa branca, está sentada em uma mesa trabalhando no notebook
Pesquisa mostra que 35% das pessoas negras têm dívidas e empréstimos atrasados (foto: PNW Production/Divulgação)

Como é a vivência das pessoas negras que são empreendedores no Brasil? Mesmo em um país que tem 56% da população negra, infelizmente o racismo estrutural ainda é a base e alicerce de toda a nossa sociedade. E com isso já é possível imaginar as barreiras, dificuldades e expulsos sociais que impactam a população negra de ter acesso e oportunidades para se estruturar e se estabelecer no mundo dos negócios. E com a chegada da pandemia de COVID-19 tudo ficou ainda pior. 

Os empreendedores negros e negras foram os mais afetados durante a atual crise sanitária mundial. É o que aponta a 14ª edição da pesquisa sobre o impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo o estudo, houve queda de 62% no faturamento para esse grupo, em relação ao período pré-pandemia e empreendedores brancos (56%). Só para você ter uma ideia, na comparação com abril de 2021, a queda foi de 43% para os negros e de 37% para os brancos. 

A pesquisa também mostrou que 35% das pessoas negras tinham dívidas e empréstimos atrasados. Já entre os brancos esse percentual era de 27%. Além disso, para 64% dos negros altamente endividados, o pagamento da dívida ultrapassou 30% dos custos mensais, enquanto para os brancos, esse compromisso caiu para 54%.

Outro dado relevante que a pesquisa apresentou é que desde o inicio da pandemia, 51% dos empreendedores negros buscaram empréstimo, algo proximo ao dos brancos, que chegou a 49%. Mas, enquanto 34% dos brancos tiveram o pedido recusado, o número de recusas entre os investidores negrros chegou a 47%. 

Ou seja, entre os microempreendedores individuais ou donos de micro e pequenas em  todo o Brasil, as pessoas negras são as que mais sofrem com queda no faturamento, com o número elevado de dívidas, com a dificuldade de se recuperar e com a recusa em acessar crédito. Sem falar nas barreiras para conseguir apoio na administração dos negócios.

É necessário criar políticas públicas e também outras ações para apoiar, estruturar e acelerar o afroempreendedorismo no Brasil. E um desses caminhos é intensificar a concessão de crédito para essa parcela da população. 

Atualmente está em análise no Senado um projeto de lei que tem o objetivo de combater o racismo no acesso ao crédito (PL 4.529/2021). A proposta exige também que ao negar um empréstimo a instituição terá de divulgar os motivos de sua decisão.

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