O Mês do Orgulho chegou ao fim e uma das "desculpas" que mais escutei de algumas empresas durante esse período, sendo um especialista e palestrante de diversidade e inclusão, foi: "Não queremos ofender nossos colaboradores e clientes, por isso não vamos investir em ações de diversidade no Mês do Orgulho... e nem depois”. Sim, é uma postura absurda, mas ainda muito frequente no universo corporativo.
Essa postura demonstra a total falta de compromisso com a diversidade e inclusão, demonstra que no Brasil o universo corporativo ainda precisa avançar muito na luta contra a LGBTQIA+fobia!
E te garanto mais, muitas empresas que tem esse perfil que citei acima, quando descobrem que uma pessoa que compõe a equipe é LGBTQIAPN , mais que depressa, iniciam o processo de demissão. “Arthur, você está exagerando!”. Infelizmente, não estou! Nos últimos meses venho acompanhando de perto 3 casos de pessoas trans que estão carregando uma espécie de “aviso prévio” por serem quem são. Uma dessas pessoas até escutou pelos corredores da empresa: “Não sabemos lidar com colaboradores trans, é melhor demitir”.
Ou seja, no lugar de investir em um programa de diversidade e inclusão e iniciar o processo para transformar o ambiente de trabalho em uma Ilha de Acolhimento para diferentes grupos minorizados, incluindo a comunidade LGBTQIAPN , muitas empresas preferem manter uma postura transfobia, preferem não investir em um ambiente inclusivo.
Às vezes, a empresa não demite diretamente, mas naturalizada “piadas”, “brincadeiras” e posturas LGBTQIA fobicas. Diante disso, a saúde mental das pessoas que fazem parte da comunidade é reduzida a pó. Quando empresas mantêm essa postura, até mesmo situações simples são negadas, exemplo: no ambiente de trabalho é impossível não compartilhar alguma intimidade durante um cafezinho. “Meu marido está de férias”, “minha namorada se formou nessa faculdade”.
Esses momentos são naturais e ajudam a manter o clima mais leve. Mas, para vários integrantes da comunidade LGBTQIAPN , essa conversa é evitada ao máximo, por medo de julgamentos e perseguições dentro da empresa. Só para você ter uma ideia, segundo pesquisa da consultoria PwC, apenas 38% das mulheres atraídas pelo mesmo sexo se assumem no ambiente profissional.
Ou seja, muitas pessoas não se sentem à vontade para falar sobre sua orientação sexual e/ou sua identidade de gênero e isso acaba contribuindo diretamente no sentimento de não pertencimento.
“Se essa pessoa não está satisfeita com o ambiente de trabalho, basta pedir demissão”. Não é simples assim. Vamos lá. Você tem noção de como é difícil para uma pessoa LGBTQIAPN conquistar uma vaga de trabalho? Muitas vezes a pessoa que passa por LGBTQIA fobias no mundo corporativo, deseja sair desse ambiente, mas as contas não param de chegar e por não ter a certeza de um outro trabalho, acaba permanecendo nesses ambientes hostis e preconceituosos.
Deixo aqui essa pergunta: Você é dona, dono, presidente de uma empresa? Na prática, o que você tem feito para respeitar, valorizar e acolher a comunidade LGBTQIAPN na sua empresa?
De acordo com o artigo 23° da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH):
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
Busque orientação sobre seus direitos! Procure a Defensoria Pública:
Presencialmente: na Unidade I da DPMG em Belo Horizonte (Rua dos Guajajaras 1707, 6° andar, sala 602), de segunda a sexta-feira, de 13 às 17 horas.
Online: pelo Whatsapp, conversar com o defensor público Vladimir de Souza Rodrigues, que atua na Defensoria de Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais, no número (31) 9 9288-0353, de segunda a sexta-feira, de 13 às 17 horas.