Como deixar de interceptar as notícias depois de elas terem sido monopolizadas pela reforma da Previdência, mais especificamente na comissão especial que aprovou o texto relatado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) com placar de 36 votos a favor e 13 contra o relatório? Só trazendo o ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública. Foi ele quem interceptou a eventual comemoração do governo. Ah! E mesmo faltando os destaques das regras para as aposentadorias.
A resposta à pergunta do início mistura política e futebol, aquelas que não deveriam ser discutidas. Mas não é o que pretende Jair Bolsonaro (PSL) fazer. Muito antes pelo contrário, quer colocar o termômetro em Moro para medir que decisão deve tomar. “Pretendo domingo (amanhã) não só ir assistir à final do Brasil com o Peru, bem como, se for possível, se a segurança me permitir, irei com o Sérgio Moro junto ao gramado. E o povo vai dizer se nós estamos certos ou não”.
A questão é, o presidente Bolsonaro vai terceirizar de novo, a exemplo que fez no jogo do Brasil contra a Argentina? Lembram-se? “Houve vaia quando a seleção da Argentina entrou. E aí jogaram a câmera para cima de mim, queriam o quê? Acham que de imediato, eu, com paletó e gravata, no Mineirão enorme, uma vaia estrondosa de repente para mim? Não tem cabimento isso”. A frase é literal. Já basta.
Bem, quase. Enquanto o ministro Moro diz que o trâmite de seu pacote anticrime deve ser rápido, quem tem pressa é o presidente Jair Bolsonaro. Ele encarregou o seu ministro da Segurança Pública de acompanhar de perto as investigações da Polícia Federal (PF) da tentativa de assassinato que sofreu em setembro do ano passado, quando era candidato à Presidência da República. E fez suspense: “Tem muita coisa acontecendo, tenho conhecimento, mas não posso falar”.
Chega de Moro. Afinal, se a melhor defesa é o ataque, ele optou por acusar a imprensa de “extremo sensacionalismo”, de “erro de procedimento”, de “deturpação do conteúdo”. Faltou alguma coisa? Pior que faltou. Acrescentou ainda “possibilidade de alteração” das mensagens a ele atribuídas.
Melhor mudar de assunto. Afinal, a reforma da Previdência ainda está a caminho. E claro que o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, Paulo Paim (PT-RS), não perdeu tempo. Marcou para depois de amanhã uma audiência pública para debater sobre desemprego e Previdência. Claro que com uma coleção de integrantes de centrais sindicais. Em plena segunda-feira.
Lamborghini
O lote colocado à venda incluía veículos, embarcações e imóveis e outros bens alienados de réus da Operação Lava-Jato. Os chiques do dia eram o megaempresário Eike Batista e o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Fez sucesso não. Apenas um jet-ski e uma jet boat foram arrematados. Até aquela famosa Lamborghini, que tinha sido avaliada em R$ 2,2 milhões, não foi vendida. Ela será oferecida mais uma vez por R$ 1,7 milhão no próximo leilão, este mês ainda. Só foram vendidos o jet-ski Spirit of Brazil por R$ 43,5 mil, com direito a parcelamento, e o jet boat movida a jatos de água por R$ 47 mil. Só que foi à vista.
Livro de Heróis
Ana Cristina Siqueira Valle nunca foi casada com Bolsonaro. Do namoro ao término de uma união estável, contudo, foram 16 anos juntos. Por que tudo isso? É que Nelson de Souza Carneiro (1910-1986) é, desde ontem, um herói da Pátria. Foi publicada no Diário Oficial da União a sanção da Lei 13.852 que determinou a inscrição, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, do nome do político, autor da Lei do Divórcio. E a situação registra oficialmente: não consta revogação expressa. Chefe de Governo: Jair Messias Bolsonaro.
Nenhum sinal
Os três mais bem colocados na votação interna foram o subprocurador-geral Mário Luiz Bonsaglia (478 votos), a subprocuradora-geral Luiza Cristina Frischeisen (423 votos) e Blal Dalloul (422 votos), que foi secretário-geral na gestão do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Falta combinar com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Até agora, nenhum sinal de que vai indicar um nome da lista tríplice, rompendo a tradição mantida pelos três últimos presidentes da República. Se até a recondução da procuradora Raquel Dodge entra na lista de especulações, só há um jeito, esperar para ler no Diário Oficial da União (DOU).
Minas bem na fita
A estreia tinha de passar por Minas Gerais. O protagonista foi o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe. Isso mesmo, foi dele a primeira audiência concedida pelo novo ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Baptista Ramos Pereira. Flávio Roscoe, claro, elogiou: “Tive a melhor impressão possível do general Ramos, que me pareceu a pessoa ideal para a interlocução com o Legislativo em momento fundamental para o Brasil”.
PINGAFOGO
“O Maracanã vaia até minuto de silêncio. Vou ficar em Brasília trabalhando a reforma da Previdência”, disse o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM). Como ele é eleito pelo Rio de Janeiro, óbvio que fala com o devido conhecimento de causa.
O projeto que proíbe o uso de canudinhos de plástico em BH foi retirado de pauta temporariamente. O vereador Elvis Côrtes (PHS), autor da proposta, estava de licença médica e o colega Wesley Autoescola (PRP) pediu a retirada da pauta para dar chance a ele de se contrapor às críticas à proposta.
Ainda na sessão plenária de ontem na Câmara Municipal de BH, parlamentares limparam a pauta de votações, que promete esquentar na semana que vem com a discussão envolvendo a regulamentação dos aplicativos de transporte, como Uber e Cabify.
A decisão vai orientar as bancadas socialistas tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. Foi por convocação que o presidente do PSB, Carlos Siqueira, fará reunião do diretório nacional, em Brasília, para deliberar sobre a posição do partido sobre a reforma da Previdência.
Se Bolsonaro participou da solenidade de comemoração do 196º aniversário da criação do Batalhão do Imperador e o 59º de sua eransferência para a capital federal, melhor ficar por aqui, sem correr riscos. Afinal, o evento foi realizado no Batalhão da Guarda Presidencial.