O que mais dizer sobre a semana passada em que a reforma da Previdência praticamente monopolizou as notícias políticas? Horas a fio, mais horas, acrescente ainda outras mais em sessões inacabáveis. O acabamento, no entanto, e com o perdão do trocadilho, acabou desidratado em R$ 900 bilhões do R$ 1,2 trilhão previstos pelo governo.
Ainda falta o segundo turno da votação, que ficou para depois do recesso parlamentar do meio de ano. Será em 6 de agosto. Como era de madrugada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), optou pelo adiamento para não correr riscos com o plenário esvaziando. Afinal, é dele a paternidade de fato pela votação histórica. O governo Bolsonaro apenas finge que estava tudo combinado. Já passou, melhor deixar pra lá.
Como hoje tem corrida de Fórmula 1 ao vivo e em cores, em Silverstone, na Inglaterra, Maia deve ter optado para não derrapar. Ainda mais que no treino final foram apenas seis milésimos de segundos a mais de Valtteri Bottas contra Lewis Hamilton, ambos da Mercedes. Ressalte-se que foram seis milésimos de segundos, não o dia 6 de agosto, da volta ao trabalho na Câmara dos Deputados.
“Meu timing era amanhã (leia-se ontem), mas não era o tempo de todos. Não posso correr o risco de derrapar. Você não pode errar a velocidade como em um autódromo. Se quebra o carro, perde-se tudo o que se ganhou até agora.” Melhor, então, esperar a disputa entre Bottas e Hamilton. Será que haverá alguma derrapagem?
“Olha, vai, evidentemente, depender de os membros do Copom se sentirem confortáveis de que de fato, com a aprovação da reforma, o custo Brasil vai ficar baixo e a taxa de juros não subirá mais.” Quem responde, sem derrapar, é o ex-ministro pluripartidário e ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles.
E Meirelles acrescentou em tom otimista: “Acredito sim que vai consolidar uma expectativa de crescimento como resultado do equilíbrio fiscal”. Para registro, ele é o atual secretário da Fazenda do governo de João Doria (PSDB) em São Paulo.
Por fim, melhor deixar a Inglaterra da Fórmula 1 pra lá e inclua ainda o estado de São Paulo, mas é necessário não excluir a questão envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), diante da embaixada brasileira nos Estados Unidos.
Eduardo embaixador lá e o filho Eric Trump do presidente americano acabou foi virando novela. Qual será o próximo capítulo?
Ah! Poupe-me!
O ex-presidenciável do PDT na eleição do ano passado, Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar, deve estar ressentido do resultado até hoje. Tanto que implicou com o voto da deputada Tabata Amaral (PDT-SP) na reforma da Previdência: “Erro indesculpável”. Assim Ciro tratou da bela e novinha deputada pedetista, que tem apenas 26 anos. Em defesa dela, quem saiu foi o colega e amigo de Ciro deputado Mário Heringer (PDT-MG), relatando que mora em uma invasão em São Paulo e mesmo assim conseguiu bolsa para se matricular em Harvard.
Em tempo
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) disse, ontem à tarde, que a pessoa que mais está sofrendo com a questão da deputada Tabata Amaral é ele próprio. E fez questão de ressaltar ainda que teria incentivado a parlamentar paulista a entrar para a política. Para lembrar, como tudo passa por Minas na política nacional, foi em Belo Horizonte que Ciro defendeu a expulsão, embora tenha tratado como saída, da colega deputada do partido. Faz sentido o ex-presidenciável ter se mostrado agora estar arrependido.
No cafezinho
E o campeão de votos naquela sessão que entrou madrugada adentro e tratou da reforma da Previdência foi… o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG). Famoso por promover jantares em Brasília, desta vez, a galinhada foi servida no chamado Cafezinho da Câmara dos Deputados. Como a sessão durou um tempão, é claro que deu a maior fila. Fabinho Liderança, como é conhecido, voltou à ribalta de seus jantares, que andavam menos frequentes. E, óbvio, fez o maior sucesso. Até quem não come fora do horário, como relatou outro deputado, não conseguiu resistir.
Nota de pesar
Mãe da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), dona Dilma Jane da Silva (foto) morreu ontem, aos 95 anos, na sua casa na Pampulha, em Belo Horizonte. Nascida em Nova Friburgo (RJ), Dilma Jane foi criada em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e foi lá que conheceu o engenheiro imigrante búlgaro Pedro Rousseff, com quem se casou. Depois da mudança para Belo Horizonte, o casal teve três filhos: Igor, Dilma Vana e a caçula Zana Lúcia, que morreu muito jovem. A ex-presidente está em viagem na Inglaterra e chega ao Brasil na manhã de hoje para acompanhar o velório na capita mineira. Em nota, o PT de Minas manifestou o seu pesar pelo falecimento, com sinceros sentimentos.
“Pagou, levou”
“Acho possível que o Moro acabe saindo do governo, a crise é muito grande”, disse Rui Costa Pimenta. Uai, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), que se formou diante de uma dissidência do PT, agora tucanou? Acha só ser possível que o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Operação Lava-Jato está encrencado? Nem usou o verbo torcer uma única vez? Deixa pra lá; afinal, Rui Pimenta depois voltou ao seu velho estilo para tratar da votação da reforma da Previdência. “No Congresso é assim: pagou, levou.”
PINGAFOGO
O assunto é o Judiciário. Na sexta-feira, mais de 100 pessoas que circularam pelo Fórum Lafayette tiveram oportunidade de aliviar a tensão. As sessões de quick massage gratuitas integram as atividades práticas do curso de massoterapia, oferecido há três anos pelos alunos do Instituto São Rafael.
O Instituto São Rafael é referência em atendimento a deficientes visuais. Mas não deficientes também podem se matricular no curso de massoterapia. Muito legal, né?
No finzinho da sessão que aprovou a reforma da Previdência, o deputado Aécio Neves (PSDB) discursou e ressaltou que “ela gere oportunidades e, sobretudo, a esperança na alma e no coração de cada brasileiro”.
Como andava recolhido, o ex-governador e ex-senador Aécio voltou aos tempos em que era líder do PSDB na Câmara para lembrar que o plenário rejeitou por um voto o estabelecimento da idade mínima para a Previdência.
Depois dos últimos dias na política, o jeito é descansar no domingão e esperar que a situação, tanto política quanto econômica, do país melhore. Siga a orientação do Fórum Lafayette e alivie as tensões.