“Não tem nada a ver com o caso desse Green-não-sei-o-quê aí. Nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa nessa portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, pra evitar um problema desse, né, casa-se com outro malandro ou não se casa, ou adota criança no Brasil”.
A frase é do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em defesa da portaria que permite a deportação de estrangeiros que forem considerados perigosos de forma sumária, aquela que foi baixada pelo ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, alvo dos arquivos do “Green-não-sei-o-quê”.
Em pleno sábado, Bolsonaro garantiu o monopólio de notícias, no sentido de atrair para si todas as notícias políticas. E não foi pouco ontem, já que até voltou no tempo para defender o uso de helicóptero oficial para levar, em maio, os seus parentes ao casamento de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL–SP), no Rio de Janeiro.
Na verdade, o fato que envolve Eduardo Bolsonaro é o fato de ele ter sido indicado para embaixador nos Estados Unidos. Com o presidente norte-americano Donald Trump, problema algum. Já no Senado, a oposição dará trabalho. A volta da notícia velha do helicóptero dá munição para uma boa briga no plenário com os senadores de esquerda. É provável que no fim Eduardo Bolsonaro seja aprovado, mas a oposição dará trabalho.
Quem deve estar de olho nesta confusão toda são os ambientalistas, já que Bolsonaro deu outra declaração bastante melindrosa: “O Brasil é nosso, a Amazônia é nossa, a Presidência é do povo brasileiro, povo esse ao qual eu devo lealdade absoluta. Pela primeira vez na história do Brasil temos um presidente que está honrando e cumprindo o que prometeu durante a campanha”.
Essas são frases preocupantes, já que a promessa de campanha de Bolsonaro foi feita aos integrantes da bancada ruralista, que estão cobrando a conta do apoio que deram à sua eleição, porque a única ideologia dela é se locupletar, pelo jeito que for, por bem ou por mal. E com Trump ou sem Trump, o mundo civilizado pode querer internacionalizar a floresta amazônica. Vai encarar?
“Recebi essa propaganda, que enaltece o Brasil e espanta o mau humor. Chega de sandália de couro e sunga de crochet… daqui para a frente, só de Chevrolet …. kkk” , tuitou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. E postou vídeo: “Sempre vão ter aqueles que vão reclamar, mas no que depender da gente, do campo, vão reclamar de boca cheia”. Basta esse trecho.
Tecnologia
“Retomar a implantação do polo tecnológico é um compromisso da nossa gestão com o empresariado, o empreendedor e toda a população. A proposta de governo vai viabilizar o primeiro loteamento empresarial público da cidade, com a meta de nos ajudar na expansão das empresas daqui e a atrair mais investimentos para Uberlândia, gerando, consequentemente, emprego e renda.” O registro é do prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP) (foto), em ato no Centro Administrativo Municipal. As empresas interessadas têm até agosto para apresentar as propostas.
Guerra aérea
E em pleno céu brasileiro. É que o Rio de Janeiro vai reduzir de 12% para 7% a alíquota de ICMS sobre o querosene de aviação (QAV), medida que favorece a atração de novos voos. A medida corre atrás de São Paulo, que, em fevereiro, já tinha diminuído de 25% para 12%. Estava dando empate, mas o Rio resolveu entrar na briga, com redução ainda maior. Ministro do Turismo interino, Daniel Nepomuceno terceirizou a responsabilidade: “O ministro Marcelo Álvaro Antônio tem atuado fortemente por melhorias nesse setor, como na defesa da abertura ao capital estrangeiro”.
Tinha mais, mas basta.
Começa hoje
E vai até quarta-feira. É a campanha batizada de “Julho amarelo”, uma iniciativa para prevenir as hepatites virais. É lei, sabia? Foi iniciativa do deputado Ricardo Barros (PP-PR) na Câmara Federal e de Jayme Campos (DEM-MT) pelo Senado. Vale o registro oficial com um trecho da sanção: “Artigo 1º: Esta lei institui o Julho amarelo, a ser realizado a cada ano, em todo o território nacional, no mês de julho, quando serão efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais, nos termos deste regulamento”.
Teve troco
E veio do “Green-não-sei-o-quê”, que pegou pesado, muito pesado. “Sugerir que alguém adotaria – e cuidaria de – dois filhos para manipular a lei é nojenta. O Brasil tem 47.000 crianças em abrigos. A adoção é linda e deve ser encorajada, não zombada”. Para que fique claro, é o jornalista norte- americano Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept Brasil. Tudo por causa das ameaças, meio sem muita convicção, feitas por Bolsonaro ao dizer que ele poderia ser preso. “O 'Green' pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, declarou o presidente quase em tom de brincadeira.
Por último ...
… Em um fim de semana tomado pelas notícias políticas e todas elas monopolizadas e voltadas ao presidente Jair Bolsonaro, vale o registro do velho ditado ou expressão popular de que quem fala demais dá bom dia a cavalo, com o significado sobre uma pessoa que fala muito, que não escuta os outros, que passa do limite na hora de falar e vai acabar sendo não correspondida e acaba voltando a ser atual na política nacional.
pingafogo
. Detalhe, sobre a nota “Começa hoje”: vale ressaltar ainda no projeto do senador Jayme Campos (foto) (DEM-MT) que o período da campanha coincide com o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, 28 de julho, criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2010.
. Isso mesmo, completa uma década ano que vem. Vale registrar ainda que o Ministério da Saúde estima que há 1,7 milhão de brasileiros portadores do vírus da hepatite C e 756 mil portadores do vírus da hepatite B.
. O PT classificou de “farsa” a citação do partido no caso dos hackers que envolveram o seu nome nesta confusão política toda. Prometeu tomar “as medidas judiciais cabíveis contra os agentes e os responsáveis por mais esta farsa”.
. E claro que não perdeu a caminhada, como não poderia deixar de ser. Acrescentou ainda na nota oficial que “quem deve explicações ao país e à Justiça é Sérgio Moro, não quem denuncia seus crimes”.
. Diante de tudo isso, em dia de monopólio no noticiário, o jeito é ficar por aqui e esperar os próximos passos da novela das 21h, que corre sério risco de perder ibope nesta confusão toda. Um bom domingo a todos. Sem hackers de preferência.