Discurso na ONU, melhor deixar para lá. Nada mais é preciso acrescentar, teve de tudo e mais um pouco nas redes sociais, na internet, nos telejornais e por aí vai. Basta um registro e ele veio do próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) na tribuna da Organização das Nações Unidas, onde sempre cabe ao Brasil o primeiro discurso.
Fica, portanto, uma única frase: “Com humildade e confiante no poder de libertar a verdade, estejam certos que poderão contar com este novo Brasil”. Ou melhor, mais uma: “A ONU foi criada para promover a paz mundial”. Assunto encerrado. Ou melhor, ainda não.
Afinal, basta uma frase: “Rejeito veementemente as calúnias de Bolsonaro sobre Cuba e a cooperação médica internacional. Delira e tem saudade dos tempos da ditadura militar. Deveria se ocupar da corrupção em seu sistema de Justiça, governo e família. Ele lidera o aumento da desigualdade no Brasil”.
A frase é do cubano e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez. Uai, Cuba agora é uma democracia? Resposta rápida: o único partido é o comunista. O único, vale repetir, desde 1965. São apenas 54 anos, meio século e mais quatro anos.
Melhor mudar de assunto, já que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está com uma fila de 80 processos totalmente parados. Isso mesmo, paralisia total. Para deixar claro, o Cade é uma autarquia responsável por orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos do poder econômico e, em especial, reprimi-los.
Só que agora ele poderá, finalmente, retomar os trabalhos. Já houve a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Falta apenas a votação em plenário, que não deve demorar, já que os senadores, os cabeças brancas do Congresso sabem que manter o Cade na ativa é primordial na estratégia do combate à corrupção e à lavagem de dinheiro dela gerada.
Falar nisso, vale o registro do “Barômetro Global da Corrupção” que indica serem os brasileiros aqueles que mais acreditam na necessidade de denunciar corrupção para conseguir impedi-la. Nem era precisa perguntar, já que, em outras pesquisas, a defesa da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) tem sempre dados favoráveis na repressão à corrupção.
O que mais dizer então? Que tal uma declaração? “Vocês têm que fazer avaliação. Acho que foi um discurso bem objetivo, contundente...” Tinha mais na frase incompleta, ou no cardápio, mas é suficiente. Afinal, o presidente Bolsonaro deveria estar faminto. Ele estava indo almoçar.
Piada pronta
E tinha que passar por Minas Gerais. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) estava discursando na ONU, praticamente no mesmo horário teve uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados ao vivo: Homenagem ao Dia Mundial do Turismo, que começou com o orador, Herculano Passos (MDB-SP). Acompanhe, sugeria o site oficial. Como era a sua praia, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio também discursou, assim como fez também o deputado Newton Cardoso Jr. (MDB-MG).
Uma grana boa
Dinheiro para Minas Gerais, em tempos bicudos, é sempre bom. Já foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Os prefeitos de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS) (foto), e de Contagem, Alex de Freitas, que está sem partido, vão adorar. Afinal, a capital mineira terá US$ 56 milhões para aplicar na área da saúde. Já em Contagem, os recursos, de US$ 42 milhões, se destinam a um sistema de mobilidade. Tudo em dólar, que está acima dos R$ 4. Em BH, em conta arredondada, serão R$ 224 milhões. Em Contagem, R$ 168 milhões. Em tempos bicudos na economia pode vir a ser um refresco danado.
A expertise
Fechando o cerco, em especial aos corruptos. A promessa é do o procurador-geral do Banco Central (BC), Cristiano Cozer. Ele participou de audiência pública interativa no Senado para tratar da medida provisória (MP) que transfere o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o BC. E destacou que o BC já mantém longa “expertise” em lidar com “dados sensíveis” e serve como aprimoramento institucional da unidade de inteligência financeira. E fechou com chave de ouro: “O BC tem quadros técnicos altamente especializados e uma cultura organizacional caracterizada pelo apreço e autonomia.”
Verdadeira aula
“Esta questão de velha política e da nova política não existe. O que precisa predominar é a política séria e ética”. A aula quem deu foi o prefeito de Montes Claros, Humberto Souto (PPS), ao receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Ele é mesmo um grande professor. Na política então, nem se fala. Do alto de seus 85 anos de vida, tem no currículo nada menos que oito mandatos de deputado federal e foi ainda ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Trump na berlinda
Está explicado porque o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ignorou Bolsonaro e ainda os demais chefes de estado presentes, todos eles, na Assembleia Geral das Nações Unidas. No meio do caminho, está o fato que trata da abertura de seu processo de impeachment, anunciado pela democrata Nancy Pelosi e divulgado na imprensa norte-americana esta tarde. E ela deixou claro: “O presidente precisa ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei”. Melhor aguardar os próximos capítulos.
Pinga-fogo
Speak english? Parlé français? Hablas español? Em bom português, o fato é que o Brasil virou notícia no mundo inteiro, os jornais estrangeiros deram destaque ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU.
E pode colocar aí, em apenas alguns exemplos, o The New York Times para começar. E inclua ainda o francês Le Figaro, além do espanhol El Pais, aquele que se intitula el periódico global. Teve mais, mas já bastam estes para dar uma ideia da repercussão. Já que tem Amazônia…
O senador Lasier Martins (Podemos-RS) anunciou que parlamentares integrantes do grupo Muda Brasil vão às ruas hoje, a partir de 14h, para participar de manifestação que reivindicará um Brasil mais limpo, mais transparente e mais honesto. Quem dera, hein!
Horas depois do discurso de Bolsonaro na ONU, o apresentador Luciano Huck postou uma foto do cacique Raoni em suas redes sociais pedindo respeito ao líder indígena. Raoni foi acusado pelo presidente de mentir sobre a situação ambiental amazônica em visitas a outros países.
“A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peças de manobra”, disse o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
.