Tirem as crianças da sala porque o presidente da República vai falar: “O interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore. É no minério”. Se não ouviram, impeçam ainda aquelas que já sabem ler. Na mesma declaração, Jair Bolsonaro (PSL) acrescentou: “E o Raoni fala pela aldeia dele, fala como cidadão, não fala pelos índios, não. É outro que vive tomando champanhe e em outros países por aí”.
E tem mais: ele repetiu três vezes em um único parágrafo: "Se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá. Se tiver amparo legal. Não vou prometer para vocês o que não posso fazer. Se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá, a gente resolve esse problema aí”.
Jair Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto garimpeiros de Serra Pelada e foram eles que ouviram o discurso na guarita do palácio presidencial. E ele ainda trouxe de volta o general João Baptista de Figueiredo dizendo que eles eram “mais felizes” na época da ditadura militar. Figueiredo foi o último militar antes da redemocratização.
Para dizer a verdade, até que foi bom o presidente Bolsonaro aparecer. Pelo menos, ele concorre um pouco com o monopólio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cria um fato atrás de outro para aparecer na mídia, embora, com certidão e tudo.
A Polícia Federal (PF) registra que Lula “tem bom comportamento” e que não há, ou havia até esta semana, “anotações de falta disciplinar atribuída ao preso”. Quem diz é o delegado Luciano Flores de Lima, nada menos que o superintendente regional da PF no Paraná.
Paulo Teixeira (PT-SP) foi o autor do requerimento para a sessão solene em memória de José Gerardo Grossi e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas
Já que tratamos de direita e esquerda, uma homenagem caiu como uma luva no dia de ontem. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não estava presente, terceirizou o seu discurso para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que foi o autor do requerimento para a sessão solene de homenagem em memória de José Gerardo Grossi e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, ambos advogados.
E foi pluripartidária. Um dos oradores foi o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes: “É oportuno rememorar a história desses dois homens que travaram o bom combate pelo restabelecimento da democracia no Brasil”. E coube, por meio de seus advogados, ao ex-presidente Lula enviar uma carta: “A generosidade e a coragem andavam juntas com esses dois amigos que nos deixaram. Desde a juventude lutaram pela liberdade, para si e para o povo brasileiro”.
Tinha mais, mas já é o suficiente por hoje. Afinal, a sessão solene foi de manhã, mas muita gente acordou cedo para participar.
Ramo de arruda
O ator Paulo Betti, de passagem por Itabira, no fim de semana, para apresentar a peça Autobiografia autorizada, incluiu um “caco” no espetáculo. É que tem uma parte da peça em que ele coloca um ramo de arruda atrás da orelha. E foi nesse momento que ele se virou e viu uma bandeira do Brasil hasteada na outra ponta do palco do teatro da Fundação Carlos Drummond de Andrade. Ao pousar os olhos na bandeira, ele disse: “Vou colocar esse ramo de arruda para o Brasil, o Brasil está de mau-olhado, gente, o Brasil está de mau-olhado”. A plateia, é claro, caiu na gargalhada.
Nada cultural
Melhor começar com o requerimento do deputado Alexandre Frota (PSDB-SP): “Tendo em vista, também, a situação orçamentária extremamente grave dos últimos anos, esperamos construir a correta compreensão dos nobres deputados sobre a importância da área para o futuro da nação”. Pelo jeito, é grave mesmo. A reunião, que seria realizada às 16h no plenário 10, não aconteceu. Vale o registro oficial: “Foi cancelado o debate que a Comissão de Cultura realizaria na quarta-feira (hoje) sobre o planejamento e as ações da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania com o secretário especial da Cultura, Ricardo Braga. Assim mesmo, sem maiores explicações.
Desaparecidas
O Projeto de Lei 4.307/19 cria, nas cidades com mais de 100 mil habitantes, delegacias especializadas na localização de pessoas desaparecidas. “Não existem campanhas esclarecedoras que ensinem os pais como agir no momento em que o seu filho desaparece. A falta de conhecimento prejudica a recuperação da criança em um tempo hábil.” O deputado Zé Vitor (PL-MG) reapresentou, já que é idêntico ao PL 10.191/18, da ex-deputada Tia Eron, que não se reelegeu. Afinal, passava o tempo todo ocupando secretarias na Prefeitura de Salvador (BA).
A má ideia
As malas de dinheiro não foram uma boa ideia, já que por causa de R$ 51 milhões encontrados no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), ele e o irmão, o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), foram presos. A notícia nova é que, relator do caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin já deu o primeiro voto pela condenação dos dois. É tão emblemático, que será difícil escapar.
Kubitschek
“No dia 2 de outubro de 2019, às 10h, está prevista a participação do Excelentíssimo Senhor presidente da República, Jair Bolsonaro, na cerimônia de posse do signatário no cargo de procurador-geral da República, no Auditório Juscelino Kubitscheck, da Procuradoria-Geral da República (SAF Sul, quadra 4, conjunto C), Brasília/DF.” Caso não seja credenciado, clicar em “Cadastre-se”. Preencher os dados solicitados e aguardar o e-mail com link para a validação do cadastro, de preferência sem erro. Não checkaram direitinho como se escreve?
Pinga-fogo
Agora é fato. Foi lançada ontem na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa (ALMG) a Frente Parlamentar da Indústria e do Comércio de Minas Gerais. A iniciativa é do deputado Dalmo Ribeiro (PSDB).
“Estamos preocupados com a carga tributária, muitas empresas deixando o estado. Precisamos retomar o crescimento”, justificou Dalmo Ribeiro em defesa da criação de “um eixo de desenvolvimento no estado”.
Em tempo: é sobre a Autobiografia autorizada de Paulo Betti. Ele conta ainda a história de sua vida em uma família de imigrantes italianos e de como foi ser filho de uma empregada doméstica e um assistente de pedreiro.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) comunica o falecimento do ex-deputado José Maria Pinto, que nasceu em Oliveira, e era delegado de Polícia Civil em Minas Gerais. E era ainda advogado e tinha mestrado em ciências penais.
O detalhe é que José Maria Pinto participou da Constituinte pelo PTB. Ocupou ainda o cargo de 3º secretário da Assembleia entre 1987 e 1988. Com laços em Oliveira, o melhor a fazer é encerrar por hoje, com os devidos cumprimentos à família.