“O processo está em segredo de Justiça? Te respondo: está, né? Quem é que julga, é o MP ou o juiz? Os caras vazam e julgam? Paciência, pô. Qual é a intenção? Estardalhaço enorme. Será porque falta materialidade para ele e equivale ao desgaste agora?” É óbvio que se trata do presidente Jair Bolsonaro em conversa ontem com um grupo de jornalistas.
Uma parte dela. Em outra declaração, o presidente acrescentou: “Quem está feliz por essa exposição absurda na mídia? Alguém está feliz. Agora, se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro”. Um termo que parecia perdido no tempo, ainda mais na política, mas que significa ficar maluco, endoidecer, ou se tornar inquieto e agitado.
Duas horas durou o encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República. E é claro que foi questionado, já que não dá para brigar com as notícias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (RJ), atualmente sem partido, desde que deixou o PSL diante do racha já devidamente conhecido por lá e hoje comandado pelo deputado pernambucano Luciano Bivar.
Só que isso já ficou no passado, a encrenca atual é com o Judiciário, na questão das rachadinhas de seus assessores, obrigados a repassar parte de seus vencimentos ao senador por meio de Fabrício Queiroz. Nos últimos registros, fala-se em mais de R$ 2 milhões divididos em 483 depósitos feitos por 13 assessores. É número do PT. Deve ter dado azar. Melhor mudar de assunto.
Afinal, bem na fita quem está com o presidente é o ministro da Economia, Paulo Guedes. E começou enchendo o tanque de elogios a ele: “Eu vou na linha do Posto Ipiranga. Ele falou que vai apresentar sugestões em forma de emendas. É um interesse da sociedade a reforma tributária como era a Previdência”.
Vindo da Escola de Chicago, é claro que o presidente gosta. Tanto que acrescentou: “Não vejo tanta dificuldade. O que tenho falado com o Paulo Guedes é usar mais a palavra simplificação. Se no passado todas as outras tentativas não deram certo, se tivesse simplificado um pouquinho, hoje, talvez, não precisasse de uma reforma tributária”.
Diante de tudo isso, o fato é que Guedes pode ser elogiado, mas a CPMF ele pode esquecer. Bolsonaro, mais uma vez, deixou claro que ela não voltará. Afinal, o próprio nome indica: é a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.
Então, já que era provisória, deixe ela longe dos contribuintes mesmo.
De bermudão
Antes tarde do que nunca, vale o registro. O ritmo de férias parece ter contaminado uns mais do que outros na Assembleia Legislativa (ALMG). O deputado estadual Bartô, do Novo, causou surpresa e provocou até alguns risos ao aparecer na solenidade oficial de promulgação de três emendas à Constituição do estado no Salão Nobre de bermuda e camisa esportiva. O parlamentar, que vem ganhando holofotes por contestar propostas do correligionário governador, também não se animou a ficar muito tempo no evento, que aconteceu na manhã de quarta-feira passada.
Comparações
Os dois começaram o mandato com uma taxa de satisfação pouco inferior a 50%, mas essa logo diminuiu. As pesquisas evidenciaram quedas incisivas perto dos quatro meses de gestão: um recuo de 12 pontos porcentuais no caso de Collor e de 14 no caso de Bolsonaro. Trata-se da última pesquisa Ibope/CNI. E registra ainda que depois dos desmoronamentos, não vieram recuperações sólidas, mas, sim, tropeços e soluços. A pesquisa mostra ainda que 41% confiam em Bolsonaro, e 56% não confiam. E olha que, no caso de Fernando Collor teve o confisco de poupança.
O protesto
Líder do Podemos na Câmara Federal, o deputado federal José Nelto (GO) reagiu à proposta de criação de um novo tributo sobre transações digitais no país. Para Nelto, a medida defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, é “perversa”. Melhor o parlamentar explicar: “A proposta do Paulo Guedes é mil vezes mais perversa que a CPMF. Ela vai cobrar qualquer pagamento de boleto via internet, qualquer transação nacional ou internacional”. Bastaria, mas ele nem fez as contas, mas alertou: “O governo vai arrecadar uma montanha de dinheiro. A proposta vai pegar todo cidadão que fizer qualquer transação de R$ 1 pela internet”.
A nota sete
O presidente da República, Jair Bolsonaro, fez uma avaliação ponderada de seu primeiro ano de gestão e deu nota 7 ao próprio governo. “Eu vou ser modesto. Eu acho que sete. Se não fizemos mais é porque faltou, talvez, uma melhor articulação nossa com algum setor da sociedade.” É um trecho da entrevista, já que o presidente acrescentou ainda, com humildade, ter havido “inexperiência de alguns ministros”. A entrevista no programa Poder em foco vai ar hoje no SBT. Ou melhor, amanhã, já que ele começa, de acordo com a programação, à meia-noite.
Por fim…
Em praticamente um monopólio do presidente Jair Bolsonaro nas notícias, vale um último registro da entrevista dele no Palácio da Alvorada de ontem. Ele anunciou que o exame do material coletado em sua orelha esquerda deu negativo e que foi devidamente descartada a suspeita investigada nas últimas semanas. Para deixar claro, trata-se da suspeita de câncer de pele. E o exame do material coletado da orelha esquerda deu negativo. E resumiu: “Fiz a biópsia e deu em nada. Se fosse câncer, qual é o problema? Eu falaria. Querem cortar a orelha? Então tira”.
Pinga-fogo
Gustavo Elias Santos, aquele já quase velho conhecido como DJ Guto, obteve o pedido de liberdade concedido após a homologação de delação premiada feita pelo juiz titular da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.
É aquela história da invasão dos celulares do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, do procurador da República, Deltan Dallagnol, e de uma coleção de outros integrantes da esfera política e do poder público.
Política e futebol não se discutem, mas vale o registro de que o Flamengo não conseguiu vencer o Liverpool na disputa pelo título de Mundial de Clubes da Fifa. Foi no Estádio Khalifa International, em Doha, no Catar.
Desta vez não teve o Zico em campo, e para piorar quem fez o único gol da partida, já na prorrogação, foi o brasileiro Firmino. O que levou o Liverpool a conquistar pela primeira vez o título.
E Firmino comemorou no time inglês até tirando a camisa. Sendo assim, melhor deixar pra lá. A a esperança de repetir a história de 1981 não deu certo. Ficamos assim. Um bom domingo a todos.