A insistência que é contestada mundo afora mais uma vez veio do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Poderia até parecer que poderia ter sido um pedido do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma ação de lealdade. Mas não parece ter sido, diante da declaração dele de ontem.
“Epidemias têm um perfil de 12 a 14 semanas, não dá para pensar que é razoável a gente ficar mais 60 ou 90 dias com o Brasil parado. Ao contrário, na minha visão, isso é uma insanidade”, declarou Onyx Lorenzoni. Sendo assim, primeiro registrar a insanidade do ministro Onyx Dornelles Lorenzoni, que tem cinco mandatos de deputado federal pelo Rio Grande do Sul e, óbvio, está licenciado.
Seu perfil oficial na Câmara dos Deputados informa: empresário; médico-veterinário. Isso mesmo, começa com empresário. Melhor reportar as atividades profissionais e cargos públicos: “Médico-veterinário, Hospital Veterinário Lorenzoni, Porto Alegre, RS, 1973; Empresário, Organização de Serviços Veterinários LTDA, Guaíba, RS, 1985”.
Transcrição literal do site da Câmara. Bastaria o resumo, mas vale acrescentar ainda, no seu perfil oficial da Câmara: Onix Lorenzoni presidiu o Sindicato dos Médicos-Veterinários, Porto Alegre, RS, 1984-1990, e fez parte do Conselho do Sport Club Internacional, Porto Alegre.
E o ministro repetiu em outro trecho o já batido mantra de Bolsonaro: “As pessoas precisam fazer equilíbrio. Se nós, por ações de gestores, ao impedir atividade econômica a gente destruir atividade econômica, a fome, a miséria vão matar mais que a COVID-19”. Diante de tudo isso, é melhor trazer um registro de sensatez, que anda em falta em setores do governo federal.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, expressou ontem, na abertura da primeira sessão plenária do tribunal realizada por meio de videoconferência, a solidariedade do Poder Judiciário brasileiro aos familiares e amigos das vítimas de morte do novo coronavírus.
Ele agradeceu aos profissionais das diversas áreas de atuação que trabalham incansavelmente na prestação de serviços essenciais à sociedade durante a pandemia e na busca de soluções científicas para enfrentar o vírus. “A todos esses profissionais, o nosso muito obrigado por nos fazerem compreender que a saída para esta crise está na solidariedade e na fraternidade humana”.
Diante disso, melhor deixar o próprio Toffoli encerrar por hoje, já que no Supremo ela não foi encerrada: “Os esforços da Justiça estão concentrados na suavização dos efeitos da pandemia para garantir os direitos mais básicos da população”.
Parla italiano?
O presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, pelo jeito, fala. Ou melhor, ouviu. Melhor entoar a ópera que foi cantada por Antonio Decaro, prefeito de Bari e comandante da frente de prefeitos como a brasileira. E ele alerta com um aviso importante, que os brasileiros devem seguir: “Os cidadãos perceberam a necessidade desse isolamento, mas só quando começaram a ver amigos mortos e perceber as pessoas doentes”.
72 mil euros
Também presente, o prefeito de Bérgamo, Giorgio Gori, acrescentou: “Foram os falecimentos das pessoas da família que fizeram as pessoas se dar conta da gravidade do vírus”. São 21.067 mortes e 162.488 casos confirmados da COVID-19. Diante disso, o jeito é punir quem desobedecer às regras (viu Bolsonaro?). No total, foram indiciadas 61 pessoas e outras 157 foram punidas financeiramente com multas que totalizam mais de 72 mil euros.
Voto solidário
Comissão Diretora do Senado Federal determinou, por cinco votos favoráveis a um voto contrário, a perda de mandato da senadora Juíza Selma (Podemos-MT), decidida pelo TSE, por caixa 2 e abuso do poder econômico. O único voto favorável à Juíza Selma veio do 2º vice-presidente da Casa, Lasier Martins (Podemos-RS). Já que é colega de partido dela, não custa ser solidário. Em tempo: a cassação só terá efeito hoje, já que é necessária a devida publicação no Diário Oficial, na parte legislativa do Senado. Depois disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), fará a leitura da decisão na sessão de hoje.
ACM ataca
“Como gestor público, tudo isso que está acontecendo é muito surreal. Se a gente estivesse em uma condição de normalidade, ver o presidente da República desautorizando o ministro já seria algo inaceitável, imagine no enfrentamento à crise”, começou assim o prefeito de Salvador, ACM Neto (foto) (DEM), em defesa de Luiz Henrique Mandetta. Já bastaria, mas ele acrescentou ainda: “Era fundamental que todos estivessem trabalhando juntos, em sintonia, e que desde o início desse processo o presidente estivesse exercendo um papel de liderança que efetivamente não vem fazendo”.
O que fazer?
O Ministério da Economia informa: a calculadora não funciona. É isso mesmo, diante da pandemia de COVID-19, os efeitos do isolamento social impedem cálculos mais precisos sobre o desempenho da atividade econômica e, portanto, da arrecadação. O que fazer, então? Para o governo, não é possível avaliar agora os eventuais rumos da economia brasileira ou do resto do mundo. Os economistas do governo ressaltam que, diferentemente do que ocorreu no passado, a meta fiscal pela primeira vez terá de ser ancorada principalmente em despesas fixadas.
Rapidinhas
• Em tempo: vem ainda do prefeito ACM Neto (DEM). Ele acrescentou que o clima continua “ruim” entre o Mandetta e Bolsonaro. “Mas o ministro está tranquilo, consciente de que vem cumprindo o seu papel”.
• O deputado Alencar da Silveira Jr. (foto) protocolou projeto de lei (PL) na Assembleia Legislativa (ALMG) que suspende a apreensão de veículos por falta de pagamento de impostos durante a pandemia do coronavírus. E defende evitar aglomerações no Detran.
• A proposta proíbe o recolhimento por 120 dias por débitos com IPVA, taxas de licenciamento e seguro obrigatório. “Com queda de renda da população por causa do coronavírus, muitas pessoas não conseguem pagar impostos e manter a documentação dos carros em dia”, ressalta.
• Por fim, vale registrar mais uma vez. O presidente da CPI Mista das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), quer que o novo prazo de vigência do colegiado só comece a ser contado após o retorno das sessões presenciais no Congresso.
• Para clarear, o Coronel alega que as atividades da CPI Mista seriam encerradas na segunda, mas foram prorrogadas por 180 dias. O novo prazo, pelo menos por enquanto, começou a contar a partir de terça-feira. Basta por hoje.