Toque de recolher: “Até quando nós vamos resistir a isso daí? Aqui no DF, toma-se medida por decreto de estado de sítio. Das 22h às 5h ninguém pode andar. Só eu poderia tomar medida dessa e, assim mesmo, ouvindo o Congresso Nacional”. Começou assim o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. Mas teve mais.
“Então, na verdade, medida extrema dessa só o presidente da República e o Congresso Nacional poderiam tomá-la. E nós vamos deixando isso acontecer?”. Resposta rápida, ele estava com parlamentares da Frente da Micro e Pequena Empresa.
Ah! Está explicado, é a economia estúpido, como dizia James Carville. O fato é que o presidente partiu para cima foi do governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB). Basta uma declaração dele nesta semana: “Se continuarmos dessa maneira, vai chegar ao ponto em que vou ter que decretar o lockdown total e abrir só farmácias e hospitais”.
Bastaria, mas teve mais do comandante de Brasília, isso mesmo, a capital do país. “Não pretendo chegar a esse ponto, mas a população não entende ainda a necessidade do isolamento social”. E deu números: “A taxa de isolamento subiu apenas cinco pontos percentuais, de 31% para 36%”.
Nem tudo, para ser justo, o presidente Bolsonaro ficou apenas atacando. Pelo contrário, fez questão de ressaltar que “lamenta todas as mortes que ocorrem, todas as mortes”. Bastaria, mas vale acrescentar, pelo menos, mais um trecho de sua fala de ontem: “O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela”. Fazer o quê, né? Jeitão dele mesmo.
Já na Câmara dos Deputados, para mudar de assunto, teve um placar de 10 a 1, além de uma abstenção. Melhor dar o fato de uma vez: o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar arquivou ontem o processo em que estava envolvido o deputado Filipe Barros (PSL-PR).
O relator, como não poderia deixar, subiu no muro. O deputado Luiz Carlos (PSDB-AP) ressaltou que “as penalidades previstas no Código de Ética e Decoro Parlamentar só devem ocorrer quando for estritamente necessário, objetivando o resguardo da dignidade dos membros dessa Casa Legislativa, o que não se verifica no presente caso.”
Para deixar claro, o deputado Filipe Barros era acusado de ofender colegas de partido em postagens nas redes sociais durante a disputa pela liderança da legenda, no fim do ano passado. O fato é que ele teve o que pretendia. Seu caso foi devidamente arquivado.
“Velhas ideias”
“É o Lula de sempre, né? Maniqueísta, velho. Velho não na idade, mas velho de velhas ideias. Lula é analógico, nós somos digitais.” Começou assim o general Hamilton Mourão (PRTB), em relação ao ex-presidente petista. E acrescentou: “Ele não vence uma eleição por quê? Porque ele é um político velho, tem que mudar e mudar muito, e acho difícil nessa altura da vida”. Estava inspirado o vice-presidente da República Mourão.
O professor
“Cidadãs e cidadãos brasileiros, relembro que o nosso tempo é hoje. O nosso país precisa, mais do que nunca, de diálogo e de união entre os três poderes, entre os agentes políticos de todos os níveis federativos e de todas as ideologias, dos setores público e privado, enfim, de todos os cidadãos.” A declaração é do presidente Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na cerimônia de lançamento da plataforma digital do Judiciário e assinatura do acordo de cooperação técnica do programa Justiça 4.0 – Inovação e efetividade na Justiça para todos, no TJ do Rio de Janeiro.
As máscaras
Bastaria, mas o vice-presidente Hamilton Mourão fez questão de finalizar destacando que já “está sobejamente comprovado, em três instâncias, que ele se envolveu em atos de corrupção, lavagem de dinheiro, etc. e tal, isso não será apagado, o resto é conversa mole”. Já sobre o uso de máscaras, o general Mourão se limitou a comentar que sempre usou a proteção: “Essa é minha visão, cada um tem a sua”. É claro que se tratou ainda do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a sua soltura.
Inusitado
É no mínimo inusitado. Vereadores de Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, pediram que o governador Romeu Zema (Novo) pare de ir à cidade “passear e namorar” e vá solucionar a falta de leitos para tratamento contra a COVID-19. A queixa vem em meio às críticas da paralisação das obras do hospital regional, que completa 10 anos. O hospital de campanha está com 50% de ocupação, restando apenas quatro vagas. Já no Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), 90% dos leitos de CTI adultos estão ocupados e 80% dos clínicos.
Política e...
… futebol, nem precisa discutir. Quem garante é o senador Eduardo Girão (Podemos-CE): “Tem muita expertise, tem muita dedicação, muita responsabilidade com o bem-estar do brasileiro, responsabilidade com algo que a gente exporta para o mundo, que é uma paixão nacional, que é o futebol. Quer dizer, ele tem de continuar, os governos têm de persistir, porque é uma desumanidade, não tem lógica parar”. E ressaltou o parlamentar cearense: “A ciência está ao lado do esporte controlado, é um ambiente controlado, todo mundo testado e eu quero dar os parabéns a todos”.
Pinga-fogo
Mais sobre o Conselho de Ética: o presidente do colegiado, Juscelino Filho (DEM-MA), informou sobre o andamento de outro processo, desta vez contra o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP). O deputado é acusado de falta de decoro por destruir uma charge que denunciava violência policial contra jovens negros.
A propósito do pedido dos vereadores de Divinópolis, Ademir Silva (MDB) foi direto no recado ao lembrar que “93 mil votos que esse senhor teve em Divinópolis (...) e só vem aqui uma vez ou duas, para passear ou namorar. É uma vergonha, senhor governador”.
E tem mais do futebol: é uma medida que contribui para manter as pessoas em casa, acompanhando a transmissão das partidas, e que, ao mesmo tempo, afasta os efeitos negativos do isolamento social, porque leva aos torcedores uma forma de entretenimento e alegria. Ainda o senador Eduardo Girão.
Agora ele é réu. Coisa antiga, mas vamos lá. A Justiça Eleitoral de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público envolvendo o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). Os crimes são de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, caixa 2 e por aí vai.
Em nota de seus advogados, o ex–prefeito Kassab avisou que “vai demonstrar, com farta documentação processual e de forma cabal e inequívoca”, que os valores recebidos foram de forma lícita. Sendo assim, melhor encerrar. FIM!