Em depoimento à CPI da COVID-19, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten fez questão de deixar claro, ontem, que não confirma qualquer tipo de aconselhamento paralelo vindo do Ministério da Saúde para tratar com o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, qualquer assunto que tratasse do combate à pandemia do coronavírus.
Ele alegou ter sido surpreendido com a declaração do ex-ministro da Saúde e médico Luiz Henrique Mandetta sobre a existência deste grupo paralelo. A pedido de Wajngarten, a comissão de inquérito paralisou por cinco minutos os trabalhos. O trabalho da comissão é retomado após rápida parada. Ninguém registrou, mas vale deixar claro. Ele foi ao banheiro.
Depois de outros registros, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) insistiu e Fábio Wajngarten disse que a campanha “O Brasil não pode parar” estava, em palavras dele, para que fique claro, em “fase de teste” na Secretaria de Comunicação e que a sua veiculação foi autorizada pelo então ministro da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, que atualmente é o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), não perdeu tempo e destacou o que chamou de “espetáculo de mentiras” e ameaçou pedir a prisão de Wajngarten depois da negativa sobre a autorização oficial para campanha “Brasil não pode parar”. Renan, então, optou por mostrar a postagem da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) com a campanha.
E teve mais: “Este depoente tinha que sair daqui preso, faltou com a verdade em flagrante”. Desta vez, foi o senador Fabiano Contarato (Rede-ES). Para ele, Fabio Wajngarten mentiu à CPI durante o depoimento. Só que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) avisou que, se depender dele, não vai pedir prisão em flagrante de Fábio Wajngarten. “Aqui não é um tribunal de julgamento”, alegou.
Mudando um pouco de assunto, os integrantes da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados questionaram, ontem, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, sobre as compras de carnes nobres e bebidas alcoólicas em licitações das Forças Armadas.
“Com relação à bebida, fizemos uma recomendação para que isso fosse evitado. Já foi evitado isso aí. Não vou comentar situações que ocorreram no passado. Agora tem confraternizações, o pessoal vai para uma atividade estressante, quando eles voltavam era feita uma confraternização. Hoje em dia isso é feito com a contribuição de cada um”. Do jeito mineiro de ser, Braga Netto optou por não polemizar.
Rubens Menin compra a Itatiaia
Fundador da MRV e controlador da CNN Brasil, empresário mineiro adquiriu a rádio mais tradicional das coberturas esportivas de Minas Gerais
O empresário mineiro Rubens Menin comprou a Rádio Itatiaia, a maior emissora de Minas Gerais. Uma fonte próxima confirma a transação. Os detalhes da negociação da emissora, que passa a ser controlada pelo fundador da MRV Engenharia e controlador da CNN Brasil, devem ser divulgados hoje. Fundada em 1952, a Itatiaia é uma das emissoras de rádio mais tradicionais do país. Especializada em cobertura esportiva e jornalismo, é composta pela Rádio Itatiaia AM/FM e mais quatro emissoras em Minas Gerais, localizadas em Juiz de Fora, Montes Claros, Ouro Preto e Varginha, como informa o site do grupo, presidido por Emanuel Carneiro.
Comunica mal
Vocês estão acompanhando a CPI? Renan Calheiros ameaçando, ao vivo, o ex-ministro da Comunicação Fábio Wajngarten. Não estão conseguindo as respostas que atendem as suas narrativas e ameaçam o depoente de prisão! A CPI tenta, de forma ilegal, extrair informações pessoais do presidente Bolsonaro, com quebra de sigilo de comunicação. Ao arrepio da Lei! “Quem comanda as contas Jair Bolsonaro no Twitter?” Olha o nível de perguntas na CPI da COVID!
A gritaria
“Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros”. Começou assim o ataque do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Foi pouco tempo depois de ele entrar na sala da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19. Ele reclamou ainda que a CPI “virou palanque” e chamou, aos gritos, o relator de “vagabundo”. Claro que o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) devolveu o ataque: “Vagabundo é você que roubou dinheiro do seu pessoal, do seu gabinete”.
Fica claro
Cada vez mais a preocupação do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. “Deixo bem claro, só Deus me tira daqui. Não queremos desafiar ninguém, respeito os demais, mas vão nos respeitar”. Eu, hein! Mas teve mais: “Somos um país livre e os direitos fundamentais são para ser respeitados”. Ele participou da abertura do evento “Adote um Parque” do governo federal. De volta ao que interessa, Bolsonaro ressaltou, em tom elevado, que acredita nas instituições e não teme “absolutamente nada”. Os recados se multiplicam cada vez mais, né?
Pênalti
“Um mal que nos isola diplomaticamente, um mal que atormenta insidiosamente a Amazônia e persegue quem a protege. Um mal que permite a mineração em reservas indígenas, e prefere toras serradas a toras vivas... Um mal castrador das liberdades, que ameaça a democracia e reaviva a censura odiosa, promove a intolerância, a homofobia, o machismo, a violência. Ao aprisionar nossa razão e nosso bom senso, ele nos destrói”. Ex-jogador de futebol Raí (foto), aquele que participou das partidas eliminatórias, mas não foi à Copa de 1994.
Nem precisa
Traduzir, dá direitinho para entender: “World Health Organization, Brazil today: 25,200 new cases, 15,209,990 confirmed cases, 423,229 deaths, 45,902,068 vaccine doses administered”. Números oficiais. Para que fique claro, um novo sistema global transparente deveria ser criado para apurar surtos de doenças, de forma a poder habilitar a Organização Mundial da Saúde (OMS) para enviar pesquisadores, mesmo com pouca antecedência e revelar suas descobertas. Os registros são da comissão de estudo da COVID-19. Ministros da Saúde debaterão as conclusões na abertura da assembleia anual da OMS, em 24 de maio.
PINGA FOGO
- Sobre a nota Comunica mal: tudo isso partiu de Marcos Rogério. Disso o senador entende. Para lembrar, ele foi o relator do processo de cassação do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar em 3 de novembro de 2015.
- Em tempo, sobre a nota A gritaria: a sessão de depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten precisou ser suspensa após troca de ofensas entre o relator, Renan Calheiros e o senador Flávio Bolsonaro. Só não teve mais porque a sessão de votações no Senado iniciou. É o regimento.
- Mais um, sobre o jogador Raí no Le Monde, um jornal francês assumidamente de centro-esquerda: “Il nous faut résister à cette peste brésilienne qui porte un costume sombre”. Ou seja: “Precisamos resistir a essa praga brasileira que usa terno escuro”.
- Tudo agora é virtual. Se ninguém implicar, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, de forma terminativa, a proposta que permite que as assembleias de condomínio e deliberações de órgãos associativos sejam feitas virtualmente.
- Basta garantir o direito de voz a todos os participantes, óbvio, né? O projeto pode seguir diretamente ao Senado, a não ser que haja recurso para a análise pelo plenário. Será que vai aparecer um síndico bem chato?