O programa de humor político começa a coluna hoje. “Os tanques não estavam soltando fumaça daquele jeito porque são velhos ou têm motor de Voyage 81, mas, sim, porque foi um desfile em conjunto com o Ministério da Saúde promovendo fumacê contra a dengue!”. Quem disse foi o humorista Antonio Tabet: a fumaça não era porque os tanques são antigos e, sim, porque era um desfile em conjunto com o Ministério da Saúde.
E teve mais humor: “Agora foi revelado o verdadeiro objetivo do desfile militar na Esplanada dos Ministérios: o presidente Jair Messias Bolsonaro lançou o novo veículo de combate à dengue. O Fumacê 2021. Desta vez é humorista José Simão.
Já a paródia da humorista Adriana Nunes, integrante do grupo “Os Melhores do Mundo”, que claro, viralizou nas redes sociais também aparece dançando enquanto os tanques de guerra da Marinha participaram do desfile militar em frente ao Palácio da Alvorada.
Já quem dançou, em outro sentido, foi o presidente Bolsonaro. Seu, antes aliado com fé, mostrou que prefere ser mais objetivo: “eu não vou mudar um minuto do que eu venho falando nos últimos dois ou três meses. Todos os deputados que estão aqui foram eleitos pelo sistema de urna eletrônica. Eu venho dizendo que eu já participei de oito eleições, seis delas no sistema eletrônico”.
A declaração partiu foi do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP–AL). E teve mais: “eu não posso, nem devo, nem tenho prova para dizer que o sistema não é correto, mas eu disse também que não custa nada nós chegarmos a um acordo pacífico entre os Poderes para se aumentar a auditagem das urnas”. E fez um pedido: “que não haja vencidos e vencedores”.
Melhor então trazer o presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM–MG). Ele afirmou ontem que “essa manifestação de hoje, o desfile de tanques das Forças Armadas, e que muitos senadores apontaram como algo que seria indevido, inoportuno, um tanto aleatório”. Só que teve mais.
“Eu devo dizer para aqueles que assim interpretaram que está reafirmado o nosso compromisso com a democracia e, absolutamente, nada, nem ninguém, haverá de intimidar as prerrogativas do Parlamento”. É ainda do mineiro e comandante do Senado, Rodrigo Pacheco.
E foi ele, em relação à revogação da Lei de Segurança Nacional, que deixou bem claro: “é um projeto que, de fato, modifica, para não dizer enterra, o entulho autoritário”. Nada mais é necessário por hoje.
Virou piada!
“Oh, Formosa! Nunca uma simples manobra militar mexeu tanto com meu patriotismo”, escreveu o deputado Otoni de Paula (PSC–RJ). Se uma postagem nas redes sociais vale muito mais que mil palavras, vamos a ela. O fato é que a postagem no Twitter era uma foto de 2019 e homenageava o aniversário dos 70 anos do comunismo na China. Os internautas adoraram e o deputado bolsonarista passou recibo: “fiquem tranquilos, a foto é somente ilustrativa e para mostrar para os esquerdistas que em qualquer país, até na China, tem manobra militar. Fiquem calmos”.
O fato é que...
… o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, acompanhou o evento da rampa do Palácio do Planalto. O ato gerou reações por ocorrer no dia da votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Voto Impresso. O Comando da Marinha destaca que a “entrega simbólica foi planejada antes da agenda para a votação da PEC 135/2019 no Plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”. Já para parlamentares, o evento foi para intimidar.
Grave a crise
O deputado Patrus Ananias (PT–MG) teme que o estudo para unificar todos os programas sociais, já antecipado pelo governo federal, no âmbito do Ministério da Economia, poderá levar à destruição do Bolsa-Família. Ele ressalta que a pandemia da COVID–19 exige do poder público a manutenção de políticas especiais para atender as famílias carentes, as pessoas desempregadas, as comunidades mais pobres, os agricultores familiares e os micro e pequenos empresários, que perderam renda por conta da paralisação econômica provocada pelo coronavírus.
Temor e tanques
“Canhões e tanques na Praça dos Três Poderes me constrange e me aterroriza. Talvez porque eu tenha sido de uma geração cuja adolescência foi gritar e clamar pela liberdade”. Quem diz é o senador Tasso Jereissati (PSDB–CE). Ele se referia ao desfile de tanques do Exército: “voltar àqueles tempos, retroceder àqueles tempos, tanques rodeando o Supremo Tribunal Federal é absolutamente um terror. É como se fosse um filme de terror. Isso se agrava porque não é um fato isolado. Ela vem de uma série de ameaças à democracia”.
Adiantou nada
Amparado por habeas corpus concedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), a mineira Cármen Lúcia, que permite que Hélcio Bruno de Almeida não responda a perguntas que possam incriminá–lo, ele se negou a responder vários pontos levantados por parlamentares. Basta um exemplo: “questionado sobre a natureza das atribuições do Instituto Força Brasil”. E não respondeu ainda sobre a sua relação com o ex–ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o general de divisão do Exército Brasileiro já bastante conhecido.
Pingafogo
.Em tempo, sobre a Nota Grave a crise: Patrus Ananias alerta que a medida poderá restringir os direitos de outras ações, como o Benefício de Prestação Continuada, e teme que atinja também o efeito que hoje o Bolsa- -Família representa.
.Mais um Em tempo: Os senadores aprovaram pedido de licença–saúde do senador José Serra (PSDB–SP), por 122 dias, ou seja, até 10 de dezembro. O primeiro suplente, também tucano, é José Aníbal (PSDB–SP) (foto), que vai assumir a vaga.
.“Não houve nenhuma intenção de fazer um desfile como provocação, nada disso”. Quem diz é o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno. Ele esteve no Senado para depor, em segredo, na Comissão Mista de Controle de Atividade de Inteligência.
.Questionado pelo Correio Brazilense, dos Diários Associados, se o desfile mostra que a política está dentro dos quartéis, o general negou. “De jeito nenhum. Isso é uma bobagem”. Questionado sobre Bolsonaro, o general foi sucinto: “ele é que tem de dizer, mas acredito que sim”.
.Já que é desse jeito, melhor dar um não ao general Pazuello e encerrar por hoje. Afinal, a CPI da COVID–19 ainda está em ação. FIM!