“Não estou atacando ninguém, nenhuma instituição. Algumas poucas pessoas estão turvando as águas do Brasil. Quero paz, quero tranquilidade.” Quem começou assim foi o presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Só que ele voltou a atacar os magistrados e disse que a instabilidade política causa a elevação de preços no país.
O presidente, por outro lado, ressaltou: “Converso com o senhor Alexandre de Moraes, se quiser conversar comigo. Converso com o senhor Barroso, se ele quiser conversar comigo. Converso com o Salomão, se ele quiser conversar comigo. E vamos chegar num acordo”.
Será mesmo? Afinal, teve mais de Bolsonaro: “Não se pode abrir um processo contra o presidente da República sem ouvir o Ministério Público. Isso é ditadura”. Ele esteve acompanhado do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e do presidente da Funai, Marcio Xavier. E entregou 42 tratores em várias aldeias da região.
Já que o próprio Bolsonaro citou, vale o registro. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID aprovou, ontem, a quebra de sigilo fiscal do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que é o líder do governo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, e de Frederick Wassef, o advogado que atende toda a família bolsonarista. Agora chega mesmo.
Nem tanto, já que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), encaminhou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a recondução do procurador-geral da República, Augusto Aras. Pelo andar da carruagem, não será tão fácil assim. A insatisfação contra ele é crescente em Brasília.
Na prática, essa será a primeira vez em que o principal responsável por investigar os poderes se tornará alvo de uma série de apurações. Nesta semana, a Procuradoria-Geral, que ele lidera, foi responsável por uma decisão considerada negacionista.
Augusto Aras, como não poderia deixar de ser, claro que agradeceu: “Honrado com a recondução para o cargo de procurador-geral da República, reafirmo meu compromisso de bem e fielmente cumprir a Constituição e as leis do país”.
Basta né, melhor buscar o cenário econômico. Só que também ele não traz boas notícias, muito antes pelo contrário. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional do Brasil, a briga entre poderes”, faz questão de deixar claro o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
E ele próprio finalizou: “Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume. Se tem algo que impacta o crescimento sustentável em médio e longo prazos é a inflação”.
“Não quero dinheiro de tragédia”
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), afirmou em entrevista à rádio BandNews que sua relação com governo de Romeu Zema “está ótima”, mas que gostaria de mais projetos com ganho financeiro para a capital. E alfinetou: não quer “dinheiro de tragédia”. Foi direto ao ponto: “O que quero do governo é dinheiro. Se ele não tem para me dar, não tem muito institucionalmente, porque o governo só tem atenção sobre os prefeitos porque tem o dinheiro. Eu não quero dinheiro de tragédia, quero convênios, quero trincheiras”. A afirmação ocorre três semanas depois de Zema sancionar o acordo da mineradora Vale pela tragédia de Brumadinho, que distribui recursos para todos os municípios mineiros como forma de compensação pelos danos.
Campanha na hora certa
“Eu quero sair, se sair, na hora certa, e para fazer não campanha extemporânea, quero fazer campanha no momento certo, do jeito certo, com a cabeça erguida.” Foi o que disse o prefeito de BH, Alexandre Kalil, na entrevista à rádio BandNews, sobre sua eventual candidatura ao governo de Minas. Sobre o empenho do senador Antonio Anastasia (PSD) sobre a sua candidatura pelo partido, o prefeito disse: “O professor Anastasia está mais por dentro de Brasília do que eu. Não fui eleito para só pensar em eleição. Tocamos em problemas de Mineirão, pandemia, escola, ônibus, temos muitos problemas para resolver em Belo Horizonte. Então, é tudo ao seu tempo, e agora, sinceramente, não vejo clima. A gente não pode governar e na hora da reeleição só pensar nisso, isso é um erro, e a população não aceita”.
Energia limpa
A Câmara dos Deputados aprovou o marco legal da geração distribuída a partir de fontes renováveis. A proposta, que segue agora para o Senado, prevê que Minas Gerais lidera a micro e a minigeração distribuída solar fotovoltaica, que gera 18% do total. Desde 2012, essa energia limpa e sustentável atraiu cerca de R$ 5 bilhões em investimentos e gerou mais de 30 mil empregos no Norte de Minas. O placar da última quarta-feira foi de 476 a 3 votos. A proposta agora segue para análise no Senado Federal.
O fato é que...
A Câmara Federal aprovou quase por unanimidade, quarta-feira, o projeto de lei que define o marco legal da geração distribuída a partir de fontes renováveis. A proposta aprovada em plenário foi o substitutivo do relator, deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG). Até 2045, os micro e minigeradores já existentes pagarão os componentes da tarifa somente sobre a diferença, se positiva, entre o consumido e o gerado. Para Andrada, é urgente criar o marco regulatório da minigeração e da microgeração distribuída no Brasil.
Fake news
Líder de integridade do Facebook e do Instagram, Mônica Guise apresentou números para mostrar que essa estratégia já está em curso nas duas redes sociais. O Facebook, que tem 2,7 bilhões de usuários, passou a contar com 80 verificadores de fatos para reforçar o filtro de notícias falsas. Só em relação à pandemia da COVID-19, 18 milhões de desinformações foram removidas. É resultado de pesquisadores das redes sociais, imprensa e no combate às notícias falsas. O presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Marcelo Rech, alerta que a solução ainda é tímida.
PINGA FOGO
- Em tempo, teve até petista apoiando Andrada: o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) destacou o esforço de negociação em torno do texto. “A ampliação da energia solar é importante para melhorar a matriz energética” e ressaltou que é energia limpa. “A geração do projeto é fundamental para isso.”
- E tem ainda mais um sobre as fake news: “Estou convencido de que, para combater a desinformação, devemos ter informação. Para desestimular a mentira, temos que estimular o senso crítico”. Desta vez quem diz é o relator do grupo de trabalho, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
- Antes de encerrar, um último registro sobre o procurador Augusto Aras: caso seja aprovado na CCJ, ele deve ser submetido ao plenário do Senado, onde precisa ser aprovado por maioria simples (41 senadores), em votação secreta.
- Se confirmado para um novo mandato, ele ficará no cargo até 2023. Já que é secreta, tem a velha máxima da vontade danada de trair. Sendo assim… FIM!